Com dólar a 1.400 pesos, Argentina enfrenta crise cambial e governo Milei anuncia intervenção no câmbio para conter desvalorização intensa da moeda.
Quando o dólar alcança 1.400 pesos argentinos, não se trata apenas de mais um número de câmbio — é um alerta vermelho. A moeda local está em queda acelerada, refletindo inflação descontrolada, fuga de capitais e perda de confiança dos mercados. A população vê seus salários evaporarem, enquanto produtos importados se tornam inacessíveis. É nesse cenário que o governo de Javier Milei abandonou sua promessa de não intervir no câmbio, anunciando medidas emergenciais na manhã do dia 2 de setembro de 2025 para tentar segurar a derretida do peso.
Promessa vs realidade: a não intervenção que durou pouco
No início de seu mandato, Milei prometeu liberalizar drasticamente a economia argentina, reduzir a interferência do Estado e deixar o câmbio livre — ou seja, sem intervenções diretas do governo ou do Banco Central.
O objetivo era recuperar credibilidade externa, incentivar investimentos e estabilizar a inflação via mercado.
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Mas a volatilidade do peso, somada à pressão política e ao impacto social da inflação, fez com que essa promessa fosse abandonada.
O governo agora reconhece que a não intervenção total está se tornando impraticável. A necessidade de atuar surge quase como um fracasso da política cambial purista que tinha sido propagada como marca registrada.
As medidas de intervenção anunciadas
O governo argentino anunciou recentemente uma série de medidas para tentar conter a desvalorização do peso e restaurar alguma estabilidade cambial. Entre elas:
- Operações de compra e venda de dólares pelo Estado, para segurar a oferta da moeda americana no mercado nacional.
- Medidas regulatórias e fiscais que influenciam o mercado de câmbio, inclusive limitações ou ajustes em barreiras para transações externas.
- Tentativas de conter a inflação de preços via controle de tarifas públicas e subsídios em setores sensíveis, para evitar que o câmbio alto seja repassado diretamente à população.
Impactos econômicos e sociais imediatos
A crise cambial e a desvalorização expressiva do peso argentino têm efeitos profundos:
A inflação sobe em ritmo mais acelerado — produtos importados, como combustíveis, remédios, alimentos industrializados, ficam muito mais caros.
O poder de compra da população diminui drasticamente, sobretudo para quem recebe em pesos fixos ou salários pouco ajustados.
Empresas que dependem de insumos internacionais enfrentam custos elevados, prejudicando produção, investimentos e capacidade de competir exportando ou importando.
O risco de instabilidade política aumenta: eleitores pressionam por medidas emergenciais, protestos podem surgir e a confiança do mercado externo sofre com incerteza cambial.
Limites da intervenção e riscos para Milei
Intervir não é tarefa simples, e os riscos são relevantes:
- Se o governo comprar muitos dólares com reservas limitadas, pode perder parte substancial do seu capital cambial, o que enfraquece ainda mais o Estado.
- Intervenções podem gerar ruído político: base eleitoral e investidores liberais, que apoiavam a promessa de abertura cambial, podem se sentir traídos.
- Sem reformas estruturais (controle da inflação, ajuste fiscal, confiança institucional), a intervenção pode ter efeito apenas temporário — segurar o peso por uns dias, mas sem evitar a próxima queda.
Especialistas avaliam: o ponto de virada cambial
Para economistas especializados, esse movimento marca um ponto de virada:
- Alcançar 1.400 pesos por dólar evidencia que a moeda argentina não responde mais apenas a fatores setoriais ou de percepção: é uma crise de confiança macroeconômica.
- Também é considerado um teste de credibilidade: se o governo intervir, será necessário combinar medidas cambiais com política monetária rígida, comunicação clara e controle da inflação.
- Medidas emergenciais não podem substituir uma política cambial sustentável — se o Estado não retomar controle inflacionário, os efeitos sociais se intensificam.
A intervenção como necessidade, não escolha
A Argentina vive um momento delicado: o peso derrete diante do dólar, e medidas de mercado livre não foram suficientes para conter a crise. A intervenção agora anunciada não é fruto de mudança de ideologia, mas de urgência.
O que está em jogo é muito mais do que câmbio — é a credibilidade institucional, a capacidade de proteger a população dos efeitos da inflação e de evitar um ciclo de deterioração econômica.
Quando o dólar atinge 1.400 pesos, a intervenção deixa de ser uma alternativa: torna-se, para o governo, uma questão de sobrevivência monetária e política.
Milei talvez aprenda – se tiver capacidade para isso – que mercados não se autorregulam.
O que ele precisa é seguir o exemplo da Inglaterra: conquistar militarmente ao menos uma dúzia de colônias para explorar economicamente. Ou então, lidar com a realidade, como muitos outros fazem, o Estado precisa intervir, e muito.
O problema da argentina é sempre o mesmo. Quando um é extremamente **** o outro é extremamente de direita. E não há equilíbrio! Nada adianta esse papo de liberalismo. É praticamente o mesmo que o comunismo só muda a direção. De um lado do liberalismo você tem acesso as coisas mas não consegue obter porque sua moeda não tem valor, do outro você tem poder de compra mas, não consegue obter porque não tem acesso a produtos. Dois pesos duas medidas. Por isso que o equilíbrio é a chave. Precisa do estado mas precisa ter liberdade para prosperar. Um não funciona sem o outro. Equilíbrio entre estado e liberdade é o que garante prosperidade de uma nação. Argentina precisa de equilíbrio e não de extremistas.
Mas o Milei não é a favor do livre mercado?
Poise
A Direita nao é a favor do livre mercado? Do estado mínimo?