Enquanto 95 países já regulamentaram os dispositivos que aquecem tabaco e movimentam bilhões em impostos, o Brasil mantém a proibição desde 2009, abrindo espaço para o contrabando e perdendo receitas relevantes, segundo o Correio 24 Horas.
O chamado tabaco do futuro já está presente em quase cem mercados globais e tem levado milhões de fumantes a abandonar o cigarro tradicional. A tecnologia, baseada em dispositivos que aquecem o tabaco em vez de queimá-lo, gera menos resíduos e desperta interesse de consumidores que buscam alternativas ao fumo convencional.
Ainda assim, o Brasil segue proibindo os aparelhos desde 2009, decisão reafirmada pela Anvisa em 2024. O impasse criou um paradoxo: enquanto o mundo avança, o país abre espaço para o mercado ilegal e perde bilhões em arrecadação tributária.
O que é o tabaco do futuro e por que ele divide opiniões
O tabaco do futuro consiste em dispositivos eletrônicos que aquecem pequenos sticks de tabaco, liberando nicotina sem combustão.
-
Queda da inflação abre espaço para possível corte da Selic e pode antecipar retomada do crescimento no Brasil em 2026
-
Conta de luz dispara em 2025 e sobe quase o dobro da inflação: tarifas acumulam alta de 177% desde 2010, muito acima do custo de vida
-
Dois insumos estratégicos do Brasil expõem a dependência norte-americana e fazem os EUA suspenderem tarifas
-
Sem vale-alimentação! Supermercados rejeitam cartão do Bk Bank, banco investigado por ligação com o PCC
Estudos apontam que a redução da queima diminui a emissão de substâncias tóxicas, o que atraiu 32,2 milhões de usuários em países como Japão e Itália. Destes, 72% abandonaram o cigarro tradicional.
Empresas como a Philip Morris International (PMI) lideram a inovação.
Desde 2008, a multinacional investiu US$ 12,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento e inaugurou, em 2021, o Centro de Excelência Industrial em Crespellano, na Itália, dedicado à produção em escala global.
A postura do Brasil e o avanço do contrabando
Apesar do movimento internacional, o Brasil mantém posição restritiva.
A Anvisa reafirmou a proibição em 2024, mesmo diante de evidências científicas e do avanço regulatório em países desenvolvidos.
Essa escolha, porém, teve efeitos práticos: estima-se que 4 milhões de brasileiros já utilizem dispositivos de forma clandestina, movimentando o contrabando.
Segundo estudo da Escola de Segurança Multidimensional da USP, R$ 7,7 bilhões em impostos deixaram de ser arrecadados em 2025 devido ao mercado ilegal.
O número revela que a ausência de regulamentação não eliminou o consumo, mas apenas empurrou a demanda para canais não fiscalizados.
O debate científico e a visão internacional
Nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration) aprovou cinco modelos do dispositivo Iqos entre 2019 e 2022, reconhecendo que liberam menos substâncias nocivas.
Ao todo, mais de 700 estudos independentes já foram publicados sobre tabaco aquecido.
Para cientistas como Gizelle Baker, da PMI, regular com monitoramento é mais eficaz do que proibir, já que permite acompanhar impactos de longo prazo.
Em 2025, o CEO da PMI, Jacek Olczak, afirmou que Japão e Suécia devem ser os primeiros países a abolir totalmente o cigarro comum, substituindo-o por alternativas sem fumaça.
Ele classificou a continuidade do cigarro tradicional como “estupidez”, reforçando a defesa de opções para consumidores.
Impactos para a economia brasileira
O Brasil é um dos maiores produtores de fumo do mundo.
Em 2025, foram colhidas 787 toneladas de tabaco, com destaque para Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia e Alagoas.
Parte dessa produção é exportada para fábricas da PMI na Itália, mas o país está impedido de participar do mercado global de tabaco aquecido devido à proibição.
Isso limita a competitividade brasileira e reduz potenciais ganhos na cadeia produtiva.
Outro ponto crítico é o aumento recente do tabagismo: a taxa de fumantes adultos subiu de 9,3% em 2007 para 11,6% em 2025.
Para especialistas como a professora Luciana Florêncio, da ESPM, essa tendência reforça a necessidade de oferecer alternativas sustentáveis, especialmente para jovens que buscam produtos com apelo de saúde e tecnologia.
A política oficial do Ministério da Saúde
Mesmo com a pressão internacional, o governo brasileiro mantém o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, que distribui adesivos, gomas e medicamentos pelo SUS.
A posição oficial é que essas medidas são mais seguras e eficazes do que adotar dispositivos eletrônicos.
Para o Ministério da Saúde, liberar os aparelhos poderia normalizar o uso da nicotina e criar novos riscos de dependência.
O avanço do tabaco do futuro expõe um dilema para o Brasil: seguir proibindo e perder arrecadação bilionária ou regulamentar e alinhar-se ao movimento internacional de redução de danos.
O impasse envolve saúde pública, economia agrícola e combate ao contrabando, colocando o país no centro de um debate cada vez mais urgente.
Você acha que o Brasil deveria manter a proibição ou regulamentar o tabaco do futuro para reduzir o mercado ilegal e aumentar a arrecadação? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua visão sobre esse tema polêmico.