Em meio à queda de receitas e despesas em alta, estatal anuncia plano de recuperação, tenta financiamento externo e enfrenta forte pressão política.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) registrou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025. O valor mais do que triplicou em comparação com 2024, quando o resultado havia sido negativo em R$ 1,3 bilhão.
O principal problema está na queda de receitas. Entre janeiro e junho, o faturamento líquido caiu de R$ 9,283 bilhões no ano passado para R$ 8,185 bilhões neste ano. Ao mesmo tempo, as despesas cresceram, subindo de R$ 1,959 bilhão para R$ 3,414 bilhões no mesmo período.
A estatal afirmou que as dificuldades são reflexo de fatores externos, sobretudo no segmento internacional.
Alterações regulatórias nas compras de produtos importados reduziram o volume de postagens, aumentando a concorrência e diminuindo a arrecadação.
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Gestão sob pressão
O advogado Fabiano Silva, presidente da companhia, entregou em julho uma carta de renúncia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar disso, ele continua no comando da estatal.
Antes desse movimento, o União Brasil já reivindicava mais espaço dentro dos Correios. A pressão política se soma às críticas sobre a lentidão da atual gestão em adotar ajustes estruturais.
Mesmo com medidas em andamento, como venda de imóveis, programa de demissões voluntárias e lançamento de marketplace em parceria com a Infracommerce, as iniciativas ainda são consideradas insuficientes para reverter o quadro.
Estratégias para equilibrar as contas
Nas demonstrações contábeis, os Correios afirmam ter implementado um plano de recuperação. A estratégia inclui a criação de um Comitê Executivo de Contingência, formado pelo corpo diretivo, para monitorar e coordenar medidas emergenciais.
Segundo a estatal, o objetivo é restabelecer a liquidez imediata e conduzir um programa de reequilíbrio econômico. A prioridade é aumentar receitas com a diversificação de serviços e expansão comercial, além de reduzir custos operacionais.
O comunicado também destaca que, mesmo em crise, a empresa busca preservar a universalização dos serviços, ao mesmo tempo em que tenta assegurar ganhos de produtividade e sustentabilidade financeira.
Empréstimo internacional como saída
Além das medidas internas, os Correios tentam viabilizar um financiamento de R$ 4 bilhões junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também conhecido como Banco dos Brics.
O pedido já recebeu aval da Comissão de Financiamento Externo (Cofiex). O contrato prevê 240 meses de prazo, sendo 60 meses de carência.
Segundo a estatal, os recursos seriam usados em projetos de descarbonização, modernização logística, automação de processos e construção de novos centros operacionais.
Também estão previstos investimentos em transformação digital, inteligência artificial e capacitação institucional.
Portanto, a expectativa é que esse crédito externo dê fôlego à companhia, criando condições para enfrentar a retração do setor e buscar o equilíbrio financeiro.
Futuro incerto
Apesar das ações anunciadas, o cenário segue desafiador. O déficit acumulado cresce, enquanto as receitas caem em ritmo acelerado. Além disso, as disputas políticas e a pressão de partidos por espaço na estatal aumentam a instabilidade.
Os próximos meses serão decisivos para definir se as medidas conseguirão conter as perdas ou se a crise continuará a se aprofundar.