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COP30 em Belém reacende debate sobre petróleo na foz do Amazonas após críticas de ambientalistas e povos tradicionais

Escrito por Rannyson Moura
Publicado em 11/11/2025 às 09:04
Durante evento paralelo da COP30 em Belém, especialistas e líderes indígenas criticaram a decisão do governo de autorizar a exploração de petróleo na foz do Amazonas. Ambientalistas alertam para riscos climáticos e sociais e pedem alternativas sustentáveis à matriz fóssil.
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Durante evento paralelo da COP30 em Belém, especialistas e líderes indígenas criticaram a decisão do governo de autorizar a exploração de petróleo na foz do Amazonas. Ambientalistas alertam para riscos climáticos e sociais e pedem alternativas sustentáveis à matriz fóssil.

Durante um evento paralelo à COP30, realizado na TED House, em Belém (PA), a recente autorização do governo federal para a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas foi alvo de duras críticas. Especialistas e representantes da sociedade civil destacaram os riscos ambientais e sociais da medida, ressaltando que o país deveria buscar soluções energéticas mais sustentáveis.

Entre os críticos, o diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), André Guimarães, foi enfático ao questionar o sentido da decisão em meio à conferência climática. “Se essa é a COP da verdade, como diz o presidente Lula, não faz sentido explorar petróleo na foz da Amazônia”, afirmou.

“Mais carbono na atmosfera significa mais risco”, alerta pesquisador

Guimarães lembrou que o aumento das emissões de carbono intensifica os impactos das mudanças climáticas, afetando a agricultura, os ecossistemas e a população brasileira. Segundo ele, o debate sobre o petróleo precisa ir além da economia e considerar alternativas reais.

“Essa mesma ciência que há 30 anos começou a colocar o Brasil como um dos maiores produtores do mundo de alimentos devia estar trabalhando para produzir caminhos alternativos. Será que, em áreas degradadas, não temos como compatibilizar a produção de alimentos com a produção de combustíveis alternativos? Nós precisamos ter essa resposta”, questionou.

Uma pesquisa citada durante o evento mostra que 61% dos brasileiros acreditam que o presidente Lula deveria proibir a abertura de novos poços de petróleo, o que reflete um sentimento crescente de preocupação ambiental na sociedade.

Licenciamento de bloco petrolífero é visto como “abertura de porteira”

A coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, também participou do debate e destacou o simbolismo da liberação do chamado bloco 59, o primeiro a receber licença para exploração de petróleo na região amazônica.

Segundo ela, a decisão pode abrir caminho para uma série de novos projetos na bacia sedimentar da Amazônia. “Essa licença funcionou como uma abertura de porteira, um marco da decisão governamental de tornar a bacia sedimentar da Amazônia uma área de exploração de petróleo”, explicou.

Atualmente, mais de 700 pedidos de licenças para exploração de petróleo e gás aguardam aprovação no país. Diante disso, organizações da sociedade civil entraram com uma ação judicial no Pará para tentar suspender o processo, alegando falhas na consulta pública e descumprimento de normas técnicas.

Povos indígenas alertam para impactos sociais e territoriais

O debate também contou com a participação de Luene Anica, líder do povo Karipuna, que relatou os impactos já sentidos pelas comunidades locais. Segundo ela, a simples perspectiva de exploração tem provocado grilagem de terras, especulação imobiliária e conflitos internos entre povos tradicionais.

“Estão falando que o Estado será a Dubai do futuro. Essa lógica de dividir para conquistar. Esse impacto é o mais grave porque atinge organizações históricas e começa a colocar um contra o outro com o discurso do progresso”, afirmou. Ela questionou ainda se compensações financeiras seriam capazes de reparar danos à relação ancestral das comunidades com o território.

O evento foi moderado por Tzeporah Berman, fundadora do Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, que defendeu uma postura mais ambiciosa do Brasil frente à crise climática.

Para ela, o país tem potencial para liderar uma transição energética justa, abandonando gradualmente o petróleo, assim como fez a Colômbia, que decidiu reduzir a exploração e investir em fontes renováveis.

O debate, realizado durante a COP30, reforça que o petróleo segue no centro da tensão entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental — uma questão que deve pautar as decisões climáticas do Brasil nos próximos anos.

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Rannyson Moura

Graduado em Publicidade e Propaganda pela UERN; mestre em Comunicação Social pela UFMG e doutorando em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG. Atua como redator freelancer desde 2019, com textos publicados em sites como Baixaki, MinhaSérie e Letras.mus.br. Academicamente, tem trabalhos publicados em livros e apresentados em eventos da área. Entre os temas de pesquisa, destaca-se o interesse pelo mercado editorial a partir de um olhar que considera diferentes marcadores sociais.

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