Estratégias de contribuição e códigos corretos podem garantir aposentadoria de R$ 5 mil mesmo para quem começou a pagar tarde, desde que o planejamento e as regras do INSS sejam seguidos com precisão.
Quem começou a contribuir tardiamente ainda pode mirar um benefício próximo de R$ 5 mil no INSS ao longo da aposentadoria.
Para isso, é necessário contribuir no teto previdenciário e observar as regras em vigor desde a reforma de 2019, que exigem idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens e alteraram o cálculo do valor a receber.
Em 2025, o teto está em R$ 8.157,41, parâmetro que baliza as simulações e a estratégia de recolhimento.
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O que significa “chegar a R$ 5 mil” na prática
Após a reforma, o benefício de aposentadoria é calculado sobre a média de 100% dos salários de contribuição desde julho de 1994.
Sobre essa média aplica-se um percentual de 60%, com acréscimo de 2 pontos percentuais por ano que exceder o tempo mínimo de contribuição exigido para cada sexo.
Na regra geral, mulheres precisam de 15 anos e homens, de 20.
Isso quer dizer que, mesmo contribuindo pelo teto, quem cumpre apenas o tempo mínimo não recebe 100% da média.
Se a média dos salários estiver no teto atual, 60% de R$ 8.157,41 resulta em algo em torno de R$ 4,9 mil por mês.
Para ultrapassar os R$ 5 mil, é preciso elevar o percentual aplicado à média: mulheres chegam a isso com 16 anos de contribuição (60% + 2%), enquanto homens atingem a marca a partir de 21 anos (60% + 2%).
Em todos os casos permanece obrigatória a idade mínima de 62 e 65 anos, respectivamente.
É possível começar depois dos 45 e alcançar esse valor
É viável montar um plano de contribuição mais intenso após os 45 anos se a pessoa tiver condições de recolher sobre o teto e cumprir a idade mínima.
Para mulheres, contribuir de forma contínua por 15 a 20 anos a partir dos 47 pode levar a um benefício na faixa de R$ 4,9 mil a R$ 6,5 mil, a depender da média efetiva e dos anos além do mínimo.
Homens que ingressaram no sistema após novembro de 2019 precisam de pelo menos 20 anos de contribuição; quem já era filiado antes da reforma pode ter regras de transição e, em alguns cenários, cumprir 15 anos, mas sempre sujeito às condições específicas de cada transição.
Quanto recolher por mês ao contribuir no teto
Contribuir “sobre o teto” significa recolher 20% do valor do teto todos os meses.
Com o teto de 2025, isso corresponde a aproximadamente R$ 1.631,48 por competência.
Trata-se do patamar máximo de contribuição no regime geral e o que, em tese, sustenta médias mais altas para o cálculo do benefício.
Código correto: autônomo não usa 1406
O código de pagamento varia conforme a categoria do segurado.
Para quem trabalha por conta própria com remuneração, a categoria é contribuinte individual, cujo código mensal do plano normal (20%) é 1007.
Já o 1406 é destinado ao segurado facultativo que não exerce atividade remunerada, também no plano normal de 20%.
Usar o código incorreto pode gerar questionamentos e necessidade de acertos futuros no CNIS.
Antes de recolher, vale conferir a situação cadastral e o enquadramento correto.
CLT e autônomos: como organizar as contribuições
Quem é CLT contribui via folha de pagamento, com base no salário.
Nesse caso, não é possível “pagar a mais” espontaneamente para elevar a base do mês; a contribuição segue a remuneração recebida.
A média previdenciária pode ser elevada com salários maiores, com acúmulo de vínculos ou com atividade autônoma adicional, desde que exista renda de contribuinte individual sujeita a recolhimento próprio.
A chamada complementação permitida após a reforma refere-se, em regra, a remunerações abaixo do salário mínimo para fins de cômputo da carência da competência, recolhida por DARF específico, e não a um “acréscimo livre” para alcançar o teto.
Para autônomos, a estratégia passa por manter regularidade mensal e, quando possível, recolher no plano normal (20%) para preservar uma média elevada.
Embora seja comum a dúvida, recolhimentos espaçados — por exemplo, apenas algumas competências no ano — não melhoram a média por si sós e podem comprometer a qualidade de segurado e o cumprimento do tempo mínimo.
A orientação técnica é planejar um calendário de contribuições contínuo, compatível com a renda.
Por que a média importa tanto
Antes de 2019, descartavam-se os 20% menores salários de contribuição; agora entram todos os salários do período básico de cálculo.
Quem teve longos intervalos com valores baixos tende a ver a média reduzida, mesmo que passe a recolher sobre o teto perto da aposentadoria.
Daí a importância de projetar o histórico completo e não apenas o valor dos últimos anos.
Riscos de mudanças e por que diversificar
A legislação previdenciária pode mudar; por isso, estratégias de longo prazo devem prever margem de segurança.
Ainda que a previdência pública conte com cobertura do Tesouro em caso de desequilíbrio, alterações futuras de regras podem afetar tempos mínimos, formas de cálculo e alíquotas.
Para reduzir exposição, especialistas recomendam diversificar com previdência complementar e investimentos de longo prazo que se ajustem ao perfil de risco e ao horizonte de aposentadoria.
Planos fechados vinculados a categorias profissionais costumam operar sem finalidade lucrativa e, em geral, apresentam taxas menores do que muitas alternativas abertas.
Essa pode ser uma via para compor renda adicional no futuro, mas a decisão deve considerar taxas, portabilidade, regime tributário e rentabilidade histórica.
Quando buscar apoio profissional
Casos com histórico contributivo irregular, períodos sem contribuição, vínculos concomitantes ou recolhimentos feitos com códigos inadequados exigem revisão técnica do CNIS e simulações detalhadas.
Advogados e consultores previdenciários podem calcular a média projetada, apontar lacunas e sugerir retificações.
Os honorários variam por estado e pela complexidade do caso, seguindo ou tomando por referência as tabelas da OAB; em alguns contratos, parte dos valores é condicionada ao êxito administrativo ou judicial.
Passo essencial para quem mira R$ 5 mil
Para quem contribuiu pouco até os 45, a rota para um benefício perto de R$ 5 mil combina três frentes: escolher o código correto de acordo com a categoria, recolher com disciplina no teto do INSS e verificar como a regra de cálculo impacta a média e o percentual aplicado.
Com números em mãos, torna-se possível decidir se será preciso estender o tempo de contribuição para cruzar a marca dos R$ 5 mil ou se a média alcançada já cumpre o objetivo.