O Brasil enfrenta forte pressão nas tarifas de energia: chuvas abaixo da média e subsídios bilionários elevam a conta de luz, que já pesa no orçamento familiar neste segundo semestre
O bolso do consumidor brasileiro voltou a sentir o peso da energia elétrica neste mês de setembro.
As projeções indicam que, em 2025, a conta de luz terá alta de aproximadamente 7%, um aumento superior ao índice médio da inflação previsto para o mesmo período.
Os principais fatores por trás dessa escalada são os subsídios bilionários do setor e o baixo volume de chuvas, que comprometeu os reservatórios e a geração hidrelétrica.
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Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano em 4,85%.
Esse cenário confirma que a energia elétrica deve encarecer quase o dobro do custo de vida geral da população, tornando-se um dos vilões do orçamento familiar.
Bandeiras tarifárias mais caras pesam no orçamento
Desde maio, o consumidor brasileiro voltou a pagar mais caro devido ao sistema de bandeiras tarifárias, acionado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Primeiro, foi aplicada a bandeira amarela, que já representava um custo adicional.
Nos meses seguintes, o quadro se agravou: em junho e julho, entrou em vigor a bandeira vermelha patamar 1, e, a partir de agosto, passou-se para a bandeira vermelha patamar 2, a mais cara do sistema, que permanece ativa em setembro.
O impacto foi imediato no índice de inflação: dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a energia elétrica residencial subiu 10,2% até julho, e a previsão é de chegar a 16% de alta acumulada até setembro.
Alta histórica da tarifa de energia
Não se trata de um problema recente. De acordo com a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), o encarecimento das tarifas vem sendo observado há mais de uma década.
Entre 2010 e 2025, a conta de luz acumula alta de 177%, um crescimento cerca de 45% acima da inflação do período, que avançou 122%.
Esse descompasso reforça a sensação de injustiça para o consumidor, que paga cada vez mais caro por um serviço considerado essencial.
A combinação de custos elevados com o cenário econômico pressiona o orçamento doméstico e levanta debates sobre a necessidade de revisão da política energética brasileira.