Serviços digitais disparam no Brasil e aumentam déficit em propriedade intelectual e telecomunicações
OO consumo de streaming e inteligência artificial cresce de forma acelerada no Brasil em 2025, segundo dados do Banco Central divulgados em julho pelo jornal O Globo. Além disso, esse avanço já impacta fortemente o saldo das contas externas.
Déficit bilionário e dependência das big techs
As remessas ao exterior para pagar serviços digitais subiram 24% no primeiro semestre de 2025 e, consequentemente, o déficit em propriedade intelectual e telecomunicações atingiu US$ 9,94 bilhões, contra US$ 8,02 bilhões no mesmo período de 2024.
Esse aumento confirma a dependência brasileira de plataformas estrangeiras como Google, Apple, Microsoft, Netflix, Meta, OpenAI, Amazon e IBM. Conforme destacou Felipe Kotinda, economista do Santander, em julho de 2025, trata-se de “um fluxo estrutural, presente em várias camadas sociais, que vai se manter nos próximos anos”.
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Mudança de hábitos e crescimento nas assinaturas digitais
O cenário mostra que os serviços digitais deixaram de ser apenas opções de filmes e softwares corporativos. Por isso, eles passaram a integrar a rotina doméstica com streaming, armazenamento em nuvem e inteligência artificial.
Segundo relatório da PwC divulgado em maio de 2025, o Brasil deve gastar US$ 39,4 bilhões em assinaturas digitais este ano. Além disso, esse número representa alta de 4,6% sobre 2024, superando a média global de crescimento, prevista em 3,9%.
Casos reais ilustram o consumo
A fotógrafa Beatriz Kalil Othero afirmou, em junho de 2025, que sua família assina seis serviços de música e filmes, gastando cerca de R$ 150 por mês. Já o editor de vídeos Manuel Victor declarou, em julho de 2025, que optou por um pacote de jogos digitais.
Para ele, “vale mais a pena pagar a assinatura, que me dá mais opções por um preço único”, pois isso evita compras isoladas e reduz custos.
Investimento corporativo e saída de dólares
No setor empresarial, o uso de inteligência artificial e computação em nuvem cresce de forma acelerada. A Gerdau destina 5% de sua receita líquida à transformação digital, segundo balanço de março de 2025.
De forma semelhante, a Febraban projetou, em abril de 2025, que bancos investirão R$ 47,8 bilhões em tecnologia este ano. Entretanto, essa modernização amplia a saída de dólares, pois a maioria dos serviços e equipamentos vem do exterior.
Risco econômico e vulnerabilidade cambial
Esse déficit crescente nos serviços digitais ocorre em um período delicado para as contas externas brasileiras. O saldo em transações correntes subiu de 1,1% do PIB em maio de 2024 para 3,4% em junho de 2025, conforme o Banco Central.
A Capital Economics alertou, em julho de 2025, que o índice pode chegar a 4% até o fim do ano. Sem investimentos externos de longo prazo, o país fica mais vulnerável à volatilidade cambial, o que pode pressionar ainda mais o real e encarecer importações.
Principais impactos do avanço digital
- Déficit com serviços digitais aumentou 24% no primeiro semestre de 2025.
- Remessas às big techs somaram US$ 9,94 bilhões no período.
- Gastos em assinaturas digitais devem chegar a US$ 39,4 bilhões este ano.
- Crescimento no Brasil supera a média global.
- Investimentos empresariais em tecnologia ampliam saída de dólares.
- Projeção de déficit de até 4% do PIB em 2025.
O que você acha que o Brasil deve priorizar: investir mais em serviços nacionais para reduzir a saída de dólares ou ampliar o acesso às tecnologias estrangeiras mesmo com o impacto nas contas externas?