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Construção de megacidade visa mudar para sempre o país, mas há um problema: obra já matou mais de 21 mil trabalhadores

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 08/11/2024 às 02:07
Mais de 21 mil trabalhadores morreram na construção da megacidade NEOM, na Arábia Saudita. Saiba mais sobre o custo humano deste projeto bilionário.
Mais de 21 mil trabalhadores morreram na construção da megacidade NEOM, na Arábia Saudita. Saiba mais sobre o custo humano deste projeto bilionário.

Projeto de construção da NEOM, na Arábia Saudita, já matou mais de 21 mil trabalhadores e deslocou milhares de famílias locais. Condições desumanas, trabalho forçado e repressão marcam um projeto que pretende transformar o futuro da Arábia Saudita.

Mais de 21 mil trabalhadores perderam a vida em um dos maiores projetos de construção do mundo, na Arábia Saudita.

Esse projeto, parte do visionário plano de desenvolvimento “Visão 2030” do país, está sendo construído para transformar a região em uma megacidade futurista, mas o custo humano pode ser devastador.

E o pior: muitos desses operários eram imigrantes de países do sul da Ásia, vivendo em condições que beiram a escravidão.

O que está por trás de tudo isso? O que as autoridades da Arábia Saudita têm a dizer sobre essa tragédia?

A tragédia das megacidades: 21 mil mortos e mais de meio milhão de pessoas afetadas

O projeto de construção da cidade NEOM, que inclui o famoso arranha-céu The Line, com impressionantes 170 quilômetros de extensão, está sendo alvo de um documentário impactante produzido pelo Channel 3 do Reino Unido.

Em um trabalho de reportagem corajoso, os produtores expõem as condições de trabalho extremas e os relatos de abusos e mortes que marcaram a história desse projeto.

Ao todo, mais de 21 mil trabalhadores estrangeiros, principalmente de Bangladesh, Índia e Nepal, morreram durante a construção da cidade.

Esses imigrantes são descritos por sobreviventes como sendo tratados como “mendigos” e sendo forçados a trabalhar 16 horas por dia, sem descanso adequado.

Segundo o documentário, muitas dessas vítimas estavam encarregadas de tarefas extremamente pesadas, como a construção de trincheiras e túneis para ferrovias.

Trabalhadores relataram exaustão extrema, ansiedade constante e uma rotina insustentável.

Sem descanso por dias a fio, eles viam suas condições de vida e de trabalho se deteriorarem dia após dia.

“Ficamos cansados, sofremos de ansiedade dia e noite”, declarou um dos trabalhadores.

O lado sombrio do desenvolvimento: acusações de abusos e mortes

Esse projeto ambicioso, idealizado para posicionar a Arábia Saudita como líder em inovação urbana, tem gerado uma série de críticas devido ao tratamento cruel dado aos trabalhadores.

Enquanto as autoridades sauditas reafirmam que o projeto está comprometido com altos padrões éticos e legais, a realidade nos canteiros de obras parece contradizer essas alegações.

Representantes da NEOM, em resposta a essas denúncias, afirmaram que estão “avaliando as alegações” feitas no documentário e que tomariam medidas apropriadas, caso necessário.

Entretanto, uma série de outras questões também surgiram, com relatos de abusos sofridos por populações locais.

Indígenas da região, como membros da tribo Huwaitat, foram despejados de suas terras para dar lugar à construção da megacidade.

Em algumas situações, a repressão foi violenta, e informações de autoridades indicam que as forças de segurança receberam ordens para eliminar qualquer um que tentasse resistir.

O documentário, além de expor as condições de trabalho, também aborda o impacto devastador que o projeto tem causado às populações locais.

O futuro sombrio da Copa do Mundo de 2034 e os impactos ambientais

Mas as críticas não param por aí.

A Arábia Saudita, que foi escolhida para sediar a Copa do Mundo de 2034, está planejando um estádio de futebol que se destacará não apenas pela grandiosidade, mas também pelo fato de estar situado a 350 metros de altura, no topo de uma montanha.

Embora o projeto tenha ganhado notoriedade por suas ambições futuristas, o que muitos não sabem é que, por trás de grandes planos como esse, esconde-se um custo humano alarmante.

O relatório “The Dark Side of Neom”, publicado pela organização de direitos humanos ALQST, detalha os impactos humanos desses megaprojetos.

De acordo com o documento, os despejos forçados, demolições e deslocamentos em larga escala afetaram mais de meio milhão de pessoas.

A busca por desenvolvimento e inovação está, portanto, gerando um alto custo social e humano, com os menos favorecidos pagando o preço por um futuro que ainda parece distante para muitos.

A resposta das autoridades sauditas: promessas de mudanças ou medidas simbólicas?

De acordo com representantes da NEOM, as acusações de abusos estão sendo analisadas.

A empresa afirmou que as autoridades estão comprometidas em garantir o cumprimento do código de conduta da cidade, que deveria ser alinhado com as leis da Arábia Saudita.

Contudo, até o momento, nenhuma medida efetiva foi tomada para corrigir as condições de trabalho ou remediar os danos causados aos trabalhadores.

Essa questão levanta um questionamento crucial: como é possível justificar o custo humano por trás de um projeto de desenvolvimento tão grandioso?

As autoridades sauditas podem, de fato, criar uma megacidade do futuro sem continuar a pagar o preço de vidas humanas em nome da inovação?

O impacto do projeto no futuro da Arábia Saudita e do mundo

A construção da NEOM, com suas promessas de modernidade e inovação, pode estar criando um futuro revolucionário para a Arábia Saudita.

No entanto, a que custo? Com milhares de vidas perdidas, denúncias de abuso e repressão, e um grande número de pessoas deslocadas de suas terras, o projeto levanta uma questão ética fundamental sobre até onde deve ir o desenvolvimento humano e tecnológico.

Será que o progresso vale realmente a dor e o sofrimento de tantos?

Como você vê a construção de megaestruturas e seus custos humanos? O que é mais importante: o desenvolvimento ou a dignidade humana?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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