Símbolo de proteção e boa sorte, o batimento de quilha atravessa séculos de história com cerimônias que unem superstição, tradição e tecnologia nos estaleiros modernos
A construção de um navio começa de forma simbólica. O chamado batimento de quilha é a cerimônia que marca o início da montagem da embarcação. O gesto principal é a fixação do primeiro rebite na estrutura base do navio: a quilha.
Considerada o coração da embarcação, a quilha é cercada de simbolismos e superstições. O ritual nasceu como forma de afastar os maus espíritos e garantir proteção durante a vida do navio.
Ao longo do tempo, surgiram diversas tradições ligadas a esse momento. Uma das mais conhecidas é a colocação de uma moeda recém-cunhada sob a quilha, prática que simboliza boa sorte para o navio, seus donos e sua tripulação.
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Em alguns casos, o aprendiz mais jovem é o responsável por colocar a moeda. Quando a construção termina, o bloco de madeira que sustentou a quilha é entregue como lembrança aos proprietários.
Essa tradição remonta à Antiguidade. Na Grécia e em Roma, colocava-se uma moeda debaixo do mastro dos navios para “pagar o barqueiro” que, segundo a crença, conduzia as almas dos mortos pelo rio Estige, caso o navio naufragasse.
Esse gesto simbólico, com raízes religiosas e culturais, atravessou séculos e chegou aos estaleiros dos dias atuais.
Com as mudanças tecnológicas e a adoção da construção modular, a cerimônia também evoluiu. Hoje, o batimento de quilha marca a colocação do primeiro bloco estrutural de um navio.
Apesar das inovações, a tradição da moeda continua. O ato é mantido em estaleiros de todo o mundo como símbolo de proteção e sucesso na jornada da embarcação.
No Brasil, a Marinha segue respeitando esse rito. Em outubro de 2023, durante a construção do Navio Polar “Almirante Saldanha”, uma moeda comemorativa foi colocada na estrutura no momento do batimento de quilha.
A cerimônia foi realizada no Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo, com a presença de autoridades civis e militares.
O ritual continua a ser uma ponte entre passado e presente, mostrando que, mesmo com a modernidade, há espaço para respeitar as raízes da construção naval.
Com informações de Wikipedea.