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Conexão Brasil! Projeto de mais de R$ 10 bilhões, ferrovia norte-sul finalmente saiu do papel após quase 40 anos, marcando uma nova era para a logística brasileira apesar de atrasos e escândalos

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 01/09/2024 às 19:54
Conexão Brasil! Projeto de mais de R$ 10 bilhões, ferrovia norte-sul finalmente saiu do papel após quase 40 anos, marcando uma nova era para a logística brasileira apesar de atrasos e escândalos
Conexão Brasil! Projeto de mais de R$ 10 bilhões, ferrovia norte-sul finalmente saiu do papel após quase 40 anos, marcando uma nova era para a logística brasileira apesar de atrasos e escândalos

Após quase 40 anos de atrasos, escândalos e bilhões investidos, a Ferrovia Norte-Sul se torna realidade, prometendo revolucionar o transporte de cargas no Brasil. Mas será que essa longa espera realmente valeu a pena?

Durante décadas, a promessa de uma conexão ferroviária que unisse as regiões Norte e Sul do Brasil ficou apenas no papel, alimentando a desconfiança de milhões de brasileiros.

O projeto, que deveria impulsionar a economia nacional e reduzir a dependência das rodovias, acabou se tornando sinônimo de escândalos e corrupção.

Agora, após uma espera que atravessou gerações, a Ferrovia Norte-Sul finalmente está em operação. Mas o que isso realmente significa para o país?

No segundo semestre de 2024, a Ferrovia Norte-Sul, com seus 2,2 mil km de extensão, foi concluída e realizou sua primeira viagem completa, transportando uma carga que passou pelos trilhos que conectam os portos de Itaqui (MA) e Santos (SP).

Essa realização marca um capítulo importante na história da logística brasileira, pois a ferrovia, que custou mais de R$ 11 bilhões, deve movimentar cerca de 22,7 milhões de toneladas de carga até 2055, conforme as projeções da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Um projeto ambicioso e problemático

A construção da Ferrovia Norte-Sul começou em 1987, administrada pela Valec, uma empresa pública ligada ao Ministério da Infraestrutura.

Inicialmente planejada para ligar Açailândia (MA) a Anápolis (GO), o projeto foi ampliado para se estender até Estrela D’Oeste (SP). Ao longo dos anos, o andamento da obra foi marcado por escândalos e desvios milionários, como apontado pelo Ministério Público Federal (MPF).

Segundo o MPF, durante a construção, foram identificados desvios de dinheiro público que chegaram a R$ 630 milhões apenas no estado de Goiás, entre 2006 e 2011, durante a gestão de Juquinha das Neves na Valec.

Juquinha foi condenado por lavagem de dinheiro, mas sua defesa afirmou que a sentença foi cassada e ele absolvido em diversos processos. Esses episódios de corrupção atrasaram ainda mais a conclusão do projeto, elevando seus custos e aumentando a desconfiança da população.

Uma nova era para a logística brasileira

Com a conclusão do trecho goiano, a Ferrovia Norte-Sul agora conecta quatro regiões do país, passando por cinco estados, o que representa uma conquista significativa para a infraestrutura nacional.

O secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, destacou que 90% da obra foi construída com recursos públicos, mas houve concessões e subconcessões que permitiram a finalização da ferrovia.

Trem em trecho da Ferrovia Norte-Sul, em Goiás. (Imagem: Reprodução/TV Anhanguera)

No trecho norte, a operação é de responsabilidade da VLI, enquanto a empresa Rumo administra os tramos central e sul. Ribeiro ressaltou que, apesar dos custos elevados, a obra era essencial para promover a integração do Brasil e impulsionar o desenvolvimento regional.

A expectativa do Governo Federal é que a ferrovia não apenas favoreça a exportação da produção agrícola, mas também estimule o desenvolvimento econômico das cidades próximas à linha férrea, ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental e melhora a segurança nas rodovias.

Primeira viagem e os impactos no transporte

A primeira viagem oficial da ferrovia foi um marco simbólico para o país. Em entrevista ao portal g1, o maquinista Wodson Baltazar Silva, que nem havia nascido quando as obras começaram, teve a honra de conduzir o primeiro trem ao longo da ferrovia concluída.

A viagem, realizada em caráter de comissionamento, transportou 112 contêineres com defensivos agrícolas, algodão e peças automotivas, de Cubatão (SP) até Anápolis (GO).

Moradores de cidades ao longo da ferrovia, como Santa Helena de Goiás, celebraram a inauguração, impressionados com a passagem dos vagões, que há muito tempo era aguardada. Para Elvia Antunes, moradora de Santa Helena, também em entrevista ao portal citado, a chegada da ferrovia é uma “maravilha” para a cidade, que agora tem novas perspectivas de crescimento.

Desafios e promessas para o futuro da ferrovia

Embora a inauguração da Ferrovia Norte-Sul represente um avanço, muitos desafios ainda estão por vir. A administração da ferrovia, a eficiência no transporte de cargas e a sua manutenção serão essenciais para que os benefícios esperados se concretizem.

De acordo com Daniel Salcedo, diretor comercial da Brado, empresa de logística que opera no trecho, a ferrovia tem potencial para reduzir significativamente as emissões de CO2 e oferecer uma alternativa mais sustentável e econômica ao transporte rodoviário.

Nos próximos cinco anos, espera-se que a operação da ferrovia reduza em até 160 mil toneladas as emissões de CO2, algo fundamental em um cenário onde as empresas buscam soluções mais sustentáveis. Esse é um dos principais argumentos para o sucesso do projeto, que, apesar das dificuldades, promete transformar a logística no Brasil.

Mas, após décadas de espera e bilhões investidos, será que a Ferrovia Norte-Sul cumprirá todas as suas promessas e finalmente entregará ao Brasil a eficiência logística tão sonhada?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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