Exercícios militares em La Orchila mostram aviões Sukhoi equipados com mísseis russos, enquanto os EUA reforçam sua presença no Caribe com destróieres, caças e submarino. O movimento eleva tensões diplomáticas e militares na região.
A Venezuela exibiu imagens de Sukhoi Su-30 MK2 equipados com mísseis antinavio Kh-31 “Krypton” durante a operação “Caribe Soberano 200”, exercício militar realizado em La Orchila.
A divulgação ocorre em meio ao reforço da presença militar dos Estados Unidos no Caribe, com destróieres, aeronaves e apoio de um submarino de ataque, sob a justificativa de combater cartéis de drogas.
Imagens, armamento e recado estratégico
Nos vídeos e fotos publicados pela Aviação Militar Bolivariana, os caças do 13º Grupo Aéreo de Caça “Leones” aparecem configurados com mísseis Kh-31, arma russa de emprego ar-superfície com versão antinavio.
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A exibição do armamento sinaliza capacidade de engajar alvos navais em curto prazo e busca dissuadir aproximações de meios norte-americanos.
Exercício em La Orchila e números do desdobramento
As manobras se concentram na Ilha de La Orchila, zona militar das Dependências Federais, a cerca de 160 a 180 km da costa continental.
Autoridades venezuelanas mencionam três dias de exercícios com participação de 2,5 mil militares, 12 navios e 22 aeronaves, além de meios de milícia naval.
O governo apresenta a atividade como demonstração de prontidão para defesa aérea, guerra eletrônica e operações anfíbias.
O que disse o ministro da Defesa
Em coletiva em Caracas, o general Vladimir Padrino López afirmou que a campanha envolve “grupos de tarefas conjuntas aeroespaciais, forças especiais, de inteligência e de guerra eletrônica e terrestre”.
O foco, segundo ele, está em cenários marítimos próximos de La Orchila, em resposta ao aumento de tensões após incidentes recentes com meios dos EUA.
Choques no mar: abordagens e denúncias
A escalada ganhou novo capítulo quando Caracas acusou um destróier americano de interceptar e ocupar um barco pesqueiro venezuelano em sua zona econômica exclusiva.
Segundo o governo, militares dos EUA permaneceram horas a bordo da embarcação, episódio qualificado como “hostil”.
Washington não detalhou o caso, mas sustenta que suas ações integram operações contra o narcotráfico.
Caças venezuelanos e destróier dos EUA
No mesmo período, dois F-16 venezuelanos realizaram uma passagem baixa nas proximidades do USS Jason Dunham em águas internacionais, segundo o Pentágono.
A manobra foi classificada por autoridades americanas como “altamente provocativa”, levando a advertências públicas a Caracas.
Envio de F-35 a Porto Rico
Os Estados Unidos deslocaram caças F-35 para Porto Rico no contexto da operação antinarcóticos.
Imagens e relatos locais registraram a chegada das aeronaves, enquanto fontes citaram o envio de dez unidades para apoiar missões na região.
O Departamento de Defesa não detalhou mudanças permanentes de postura, mas confirmou a intensificação de voos.
“Departamento de Guerra” e sinal político
Em 5 de setembro de 2025, o presidente Donald Trump assinou ordem executiva que restaura simbolicamente a designação “Departamento de Guerra” para o órgão militar.
A medida não altera legalmente o nome oficial do Departamento de Defesa, mas foi lida como gesto político e comunicacional, acompanhado da ampliação de diretrizes operacionais contra cartéis.
Barcos destruídos e questionamentos jurídicos
A Casa Branca anunciou ataques contra embarcações supostamente ligadas ao tráfico na área de responsabilidade do Southcom.
Em 2 de setembro, 11 pessoas morreram após a destruição de um barco.
Em 15 de setembro, outro ataque deixou três mortos.
Relatos posteriores indicam pelo menos três embarcações destruídas no mês, em ações que envolveram também autoridades dominicanas.
Organizações e parlamentares em Washington contestam a legalidade do uso de força letal sem captura e sem autorização específica do Congresso.
Negativa de plano de mudança de regime
Apesar das demonstrações militares e do aumento da recompensa por informações que levem à captura de Nicolás Maduro para US$ 50 milhões, Trump declarou que não busca uma “mudança de regime” na Venezuela.
Caracas rejeita as acusações de envolvimento com o narcotráfico e aponta “agressões” dos EUA como fator de risco para a estabilidade regional.
Vozes oficiais em Caracas
Ao comentar o valor estratégico do Caribe para a Venezuela, Padrino López disse: “Temos que lembrar o que significa o Mar do Caribe para nós. Ao ameaçar a Venezuela, eles também ameaçam o Caribe e a América Latina”.
Em outra frente, o dirigente Diosdado Cabello afirmou que as movimentações dos EUA “não têm nada a ver com drogas”, mas com pressão para mudança de governo, sustentando que o país está “pronto para uma guerra prolongada”.
Por que La Orchila virou o epicentro
A escolha de La Orchila combina valor simbólico e posição geográfica.
A ilha abriga a Base Aeronaval Antonio Díaz e serve de plataforma de vigilância e de lançamento para aviação e meios navais.
A proximidade das rotas marítimas e aéreas do norte do Caribe, onde ocorreram as interdições, ajuda a explicar a ênfase do exercício em guerra eletrônica, defesa antiaérea e operações anfíbias.
Enquanto a troca de sinais entre Caracas e Washington se intensifica com vídeos de mísseis, sobrevoos e abordagens no mar, cresce o risco de erro de cálculo.
Se militares dos dois países se aproximarem novamente em velocidade e com armas prontas, qual incidente poderia funcionar como gatilho para uma escalada que ninguém declara querer?