Cientistas fazem descoberta marcante através de um estudo envolvendo camundongos sobre o cérebro humano e o processamento da memória
A memória humana é um dos aspectos mais fascinantes do cérebro, e há muito tempo cientistas tentam entender como conseguimos armazenar, processar e, às vezes, esquecer as informações. Recentemente, uma equipe de pesquisadores da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, fez uma descoberta através de um estudo envolvendo camundongos que pode trazer respostas a essas perguntas.
Usando camundongos como modelo, os cientistas descobriram um processo inovador que pode revolucionar nosso entendimento sobre o funcionamento da memória e suas implicações em condições como o Alzheimer.
O que é memória e como ela funciona?
A memória humana é um fenômeno complexo que envolve a capacidade do cérebro de armazenar informações e recordações.
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Quando esquecemos algo, há a possibilidade de que novas memórias tenham “substituído” as anteriores.
Essa ideia, que foi popularizada em um episódio de “Os Simpsons”, reflete uma teoria conhecida como “esquecimento catastrófico“. Nesse fenômeno, a formação de novas memórias pode, de fato, interferir nas mais antigas.
Porém, como o cérebro humano lida com esse processo?
A equipe de Cornell, liderada pela pesquisadora Azahara Oliva, conseguiu dar um passo importante para responder a essa pergunta.
Eles descobriram que camundongos são capazes de preservar suas memórias existentes enquanto processam novas informações, e isso ocorre em diferentes fases do sono.
Os camundongos e a chave para entender a memória humana
Os camundongos são animais comumente usados em estudos científicos, pois seus cérebros compartilham semelhanças com os humanos.
Nesse estudo, os pesquisadores exploraram um fenômeno interessante que ocorre enquanto os camundongos dormem.
Durante o sono, as pupilas dos camundongos passam por variações de tamanho: elas encolhem repetidamente e, em seguida, retornam ao seu tamanho normal.
O que a equipe descobriu é que, quando as pupilas estão pequenas, o cérebro está processando novas memórias, e quando elas estão dilatadas, o cérebro está consolidando memórias mais antigas.
Essa descoberta indica que o cérebro do camundongo — e possivelmente o humano — divide o processo de armazenamento de memórias em duas fases distintas durante o sono.
Uma fase se concentra em incorporar novas memórias, enquanto a outra reforça o conhecimento mais antigo.
Essa divisão pode ser uma forma de o cérebro evitar que memórias novas “apaguen” as antigas, o que poderia levar a problemas de memória e aprendizado.
Tecnologia inovadora para estudar a memória
A equipe de pesquisa utilizou uma abordagem inovadora para estudar o cérebro dos camundongos.
Os animais eram geneticamente modificados para que seus neurônios respondessem à luz, permitindo que os cientistas estimulassem células cerebrais específicas com a ajuda de fibras ópticas.
Além disso, os camundongos usavam um capacete com câmera para monitorar o tamanho de suas pupilas, o que ajudava os pesquisadores a determinar em qual fase do sono eles estavam.
O estudo revelou que, durante o sono profundo, o cérebro dos camundongos revivia experiências recentes, como o aprendizado de um labirinto, enquanto estava na fase de pupilas pequenas.
No entanto, quando os cientistas suprimiram a atividade de certos neurônios durante essa fase, os camundongos não conseguiram se lembrar do caminho que haviam aprendido. Isso sugeriu que o processo de formação da memória estava sendo interrompido.
Por outro lado, quando os neurônios eram suprimidos durante a fase da pupila dilatada, que ocorre após o processamento de novas memórias, os camundongos ainda conseguiam se lembrar do caminho e encontrar o prêmio. Isso mostrou que a consolidação das memórias mais antigas não foi afetada.
Implicações para o tratamento de doenças neurológicas
Os cientistas acreditam que a descoberta sobre como o cérebro processa e consolida memórias pode ter implicações significativas para a medicina, especialmente no tratamento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
“Achamos que esse mecanismo pode estar relacionado ao envelhecimento natural do cérebro, e talvez possa explicar parte dos sintomas de doenças como o Alzheimer”, afirmou o coautor do estudo, Antonio Fernandez Ruiz.
Além disso, essa descoberta pode ser útil no tratamento de distúrbios de memória relacionados a traumas, como o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Com base nesse conhecimento, futuramente, seria possível desenvolver terapias para apagar memórias específicas, como experiências traumáticas, ou reforçar memórias que se tornaram danificadas.
Aplicações para a inteligência artificial
O estudo também oferece insights para o campo da inteligência artificial (IA). Assim como o cérebro humano, os sistemas de IA podem enfrentar dificuldades em integrar novas informações sem esquecer o aprendizado anterior.
A descoberta sobre o processamento de memória pode ajudar a melhorar a forma como as máquinas lidam com a incorporação de novos dados sem comprometer o conhecimento existente.
Com informações de: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cy5kg1qk9eyo