Em meio a ciclones, enchentes e lamaçais, caminhoneiros australianos enfrentam jornadas perigosas para manter o abastecimento de comunidades isoladas no interior do país
Na vasta rede de rodovias do interior da Austrália, transportar carga vai muito além da estrada asfaltada. Enfrentando ciclones, alagamentos e lama, os caminhoneiros encaram uma rotina que exige coragem, habilidade e resistência.
Ciclones e inundações: inimigos constantes
Durante a estação chuvosa, ciclones tropicais atingem com força. Um exemplo histórico é o Ciclone Yasi, que em 2011 gerou ventos de até 285 km/h e inundações que deixaram rodovias principais impraticáveis, paralisando transporte por dias.
Mais recentemente, o ex-Ciclone Alfred deixou mais de 300 000 pessoas sem energia em Queensland e águas em níveis perigosos, bloqueando vias principais.
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Em trechos alagados, camionetes pesadas transformam estradas em pistas traiçoeiras.
A água esconde buracos profundos e trechos de lama. Às vezes, a travessia só retorna à normalidade quando o nível da água baixa — o que pode levar dias.
Lama e terra: armadilhas na rota
Nas estradas de terra do outback, a chuva transforma o solo em lama espessa. Esses locais, muitas vezes remotos, não dispõem de infraestrutura pronta para uso após tempestades.
Condutores relatam atolamentos constantes. Em relatos do programa “Outback Truckers”, caminhoneiros narram como poças profundas — camufladas sob terra — podem engolir rodas e arrastar cargas.
Tomada de decisão sob pressão
Cada jornada exige decisões arriscadas.
Caminhoneiros pesam entre esperar a água baixar por segurança e cruzar antes que seus clientes fiquem sem suprimentos.
Quando escolhem atravessar, mantêm velocidade constante para evitar atolamento, mesmo sabendo que pisar em falso significa parar ou até danificar o veículo.
Resiliência e comunidade
Muitos desses motoristas contam com apoio mútuo. Comunidades locais, operadoras de máquinas e até colegas drivers se mobilizam para resgates e reparos emergenciais em campo.
Essa cooperação é vital no interior da Austrália, onde socorro rápido é raro.
Sem essas entregas, regiões inteiras — fazendas, minas e comunidades remotas — ficam sem combustível, alimentos e medicamentos.
O atraso pode significar perdas econômicas graves. Estima-se que um único ciclone possa causar prejuízos bilionários ao estado e afetar cadeias logísticas inteiras.