Uma aventura sobre rodas que poucos se arriscam a viver: são 6.500 km entre Rio e Lima, atravessando Brasil, Argentina, Chile e Peru em cinco dias e meio de estrada. Com direito a bagagem de até 50 kg, poltrona semi-leito, paradas em cidades históricas e passagens a partir de R$ 1.000, a viagem de ônibus mais longa do mundo impressiona
A viagem de ônibus mais longa do mundo não é apenas um deslocamento entre duas cidades distantes. Ela é uma verdadeira experiência, marcada por desafios, paisagens impressionantes, conversas inesperadas e a sensação de estar percorrendo a América do Sul de uma maneira que poucos têm coragem de encarar.
O percurso parte do Rio de Janeiro e vai até Lima, no Peru. São aproximadamente 6.500 quilômetros de estrada, cruzando três países e exigindo seis dias inteiros de viagem.
Para quem entra no ônibus no ponto inicial e só desembarca no destino final, a jornada se torna quase um mergulho profundo em outra realidade.
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O canal Melhores Destinos fez essa viagem e contou alguns detalhes adicionais sobre a maior viagem de ônibus do mundo.
Início no Rio de Janeiro
A rodoviária Novo Rio é o ponto de partida da maior viagem de ônibus do mundo. Mesmo para quem comprou passagem pela internet, retirar o bilhete no guichê da Trans Acreana é obrigatório.
Foi assim que começou a viagem de um dos passageiros que relatou a experiência. A passagem promocional custou R$ 1.000,00, mas, comprada online, teve taxa de serviço e saiu por R$ 1.140,00.
No embarque, apenas dois passageiros. O ônibus, de dois andares, seguia vazio. A poltrona escolhida ficava na frente, na parte de cima, com visão privilegiada da estrada.
Semi leito, reclinava bastante, oferecendo razoável conforto para os cinco dias e meio que viriam pela frente.
Logo se percebeu que esse ônibus seria, de fato, a “casa” durante quase uma semana. Banheiro, tomadas USB, bebedouro e espaço para bagagem eram itens fundamentais para enfrentar tantas horas de estrada.
Primeira grande parada: São Paulo
Ainda no início da noite do primeiro dia, o ônibus chegou a São Paulo. Houve tempo para jantar antes de seguir até a rodoviária do Tietê, onde novos passageiros embarcaram. Foi ali que o ônibus realmente começou a encher.
Na saída, os motoristas fizeram questão de reforçar regras: uso obrigatório de cinto de segurança, três paradas por dia (café, almoço e jantar) e informações sobre locais com chuveiro.
Eles lembraram que aquele veículo seria a casa dos viajantes até Lima, e pediram colaboração para manter tudo organizado.
A bagagem chamava atenção. Passageiros carregavam caixas, televisores e objetos que dificilmente poderiam ser levados em aviões. O ônibus permitia até 50 kg por pessoa, e essa flexibilidade era um dos motivos para muitos peruanos optarem pela estrada.
Campo Grande, Cuiabá, Porto Velho e Rio Branco
O segundo dia trouxe novos cenários. O ônibus cruzou São Paulo, entrou no Mato Grosso do Sul e fez paradas simples, em restaurantes com preços acessíveis. Campo Grande foi um dos pontos oficiais de embarque.
Já em Mato Grosso, a rotina se tornava clara: café simples, lanches rápidos, manutenção constante do banheiro e longas horas de estrada. Um banho frio, pago à parte, custava R$ 10,00 e servia de alívio depois de quase dois dias sem chuveiro.
Rondônia apareceu no horizonte após longas horas. Buracos e estradas irregulares marcaram o trecho até Porto Velho. De madrugada, quase ninguém percebeu a passagem pela capital.
Ao amanhecer, o ônibus chegava a Rio Branco, no Acre, sede da Trans Acreana. Houve tempo para uma pausa maior, limpeza do veículo e troca de motoristas. Para alguns, era a primeira vez no Acre — e a sensação de chegar ali de ônibus aumentava a emoção.
Atravessando a fronteira
De Rio Branco até Assis Brasil, último município brasileiro antes do Peru, o ônibus acumulou atrasos. Quase três horas. O risco de perder o horário da Polícia Federal era real. Por sorte, chegaram dez minutos antes do fechamento.
Do outro lado, em Iñapari, já em território peruano, passaportes carimbados e uma nova fase da viagem começava.
A primeira parada no Peru aconteceu em Puerto Maldonado. Frango assado, batata frita e salada custaram cerca de R$ 20,00. Alguns passageiros usaram cartão internacional para pagar, evitando a troca de moeda.
Desafios da Cordilheira dos Andes
Ao amanhecer, a paisagem mudava radicalmente. A Cordilheira dos Andes surgia no horizonte, imponente, com suas curvas sinuosas, vales e montanhas cobertas de gelo.
A travessia exigia motores potentes e atenção redobrada dos motoristas. Em alguns trechos, pedras caíam das montanhas, causando sustos e até danos ao ônibus. Mas também proporcionava cenas únicas, como bandos de alpacas cruzando a estrada.
O frio se intensificava. Mesmo com calefação, quem viajava nas primeiras poltronas sentia a diferença. Motoristas improvisaram um café brasileiro no fogareiro, já que muitos achavam o café peruano fraco demais.
Cusco e novos caminhos
Cusco, porta de entrada para Machu Picchu, foi ponto de desembarque de muitos passageiros. Para os que seguiram até Lima, restava ainda uma longa etapa.
As estradas sinuosas e a demora para avançar tornavam o trecho até Abancay cansativo. O jantar, tarde da noite, foi decepcionante: poucas opções e comida fraca. Alguns tiveram que pedir ajuda para pagar, já que não havia opção de cartão.
Mesmo assim, a chegada em Cusco trouxe alívio. Ali, a viagem começava a ganhar contornos de reta final.
Bloqueios, atrasos e a reta final até Lima
Um bloqueio na estrada paralisou o ônibus por mais de três horas. Vendedores improvisados aproveitaram a espera para oferecer comida. Alguns passageiros caminharam pelo trecho interditado, observando obras no asfalto.
Nazca foi outra parada memorável, com direito a mirante das famosas Linhas Arqueológicas.
O cansaço já era evidente, mas a expectativa da chegada a Lima mantinha todos animados. Depois de cinco dias e meio, o ônibus finalmente alcançou a capital peruana, oito horas além do previsto.
O desembarque aconteceu na Estação Atocongo. Alguns seguiram para Miraflores, outros tinham familiares esperando.
Custos da viagem
O valor da passagem, entre R$ 1.000,00 e R$ 1.500,00, dependia de promoções e do ponto de compra. Alimentação e banhos somaram cerca de R$ 425,00 ao longo dos seis dias.
No total, o gasto superou R$ 1.500,00. Para quem decidiu voltar de avião, o contraste foi claro: cinco horas de voo, em promoção por R$ 780,00, substituíram os quase seis dias de estrada.
Perfis dos viajantes
Dois grupos se destacavam entre os passageiros. Brasileiros buscavam a experiência, a aventura, o prazer de cruzar a América do Sul por terra. Já os peruanos valorizavam a possibilidade de carregar muita bagagem e economizar em passagens de última hora.
No ônibus, as conversas fluíam. Histórias de vida, risadas, discussões sobre ceviche. Para alguns, a viagem era um sonho realizado. Para outros, apenas a forma mais prática de chegar em casa.
Dicas para quem pensa em encarar
- Use roupas confortáveis e, se possível, meias de compressão.
- Leve lanches leves, frutas e água.
- Tenha sempre os documentos em mãos, atualizados.
- Aproveite as paradas para descansar, tomar banho e conhecer um pouco das cidades.
- Traga entretenimento: livros, músicas, podcasts.
Mais que transporte, uma história
No fim, a viagem de ônibus mais longa do mundo é muito mais do que atravessar fronteiras. É sobre resistência, convivência, paisagens e memórias.
Seis dias em um ônibus equivalem a uma vida inteira de histórias. Cada parada, cada refeição simples, cada conversa inesperada se transforma em parte de uma narrativa maior.
E para muitos, é uma jornada que vale a pena ser vivida, ao menos uma vez.