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Com temperatura de 2.400 °C, ventos de 5.000 km/h e chuva de ferro derretido, este planeta gigante fora do Sistema Solar desafia a física e é considerado um dos mundos mais extremos já descobertos pela astronomia moderna

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 29/10/2025 às 10:54
Com temperatura de 2.400 °C, ventos de 5.000 km/h e chuva de ferro derretido, este planeta gigante fora do Sistema Solar desafia a física e é considerado um dos mundos mais extremos já descobertos pela astronomia moderna
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A 640 anos-luz da Terra, o planeta WASP-76b atinge 2.400 °C, tem ventos de 5.000 km/h e chuvas de ferro derretido, tornando-se um dos mundos mais extremos já observados.

A descoberta de um planeta onde literalmente chove ferro derretido pode soar como ficção científica, mas é realidade observacional confirmada por telescópios de última geração. O mundo em questão se chama WASP-76b, um exoplaneta localizado a aproximadamente 640 anos-luz da Terra, na constelação de Peixes (Pisces). Desde 2020, ele vem intrigando os astrônomos pela combinação de condições atmosféricas tão extremas que desafiam os limites da física planetária.

Um Júpiter “infernal” fora do Sistema Solar

Detectado inicialmente pelo programa de observação WASP (Wide Angle Search for Planets) e estudado em profundidade pelo Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, o WASP-76b é classificado como um “Júpiter ultraquente”, uma categoria reservada a planetas gasosos gigantes que orbitam extremamente próximos de suas estrelas.

Com uma órbita completada em apenas 1,8 dia terrestre, ele recebe mil vezes mais radiação estelar do que a Terra, o que eleva sua temperatura média a cerca de 2.400 °C, o suficiente para vaporizar metais como ferro e titânio.

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Essa proximidade gera um fenômeno conhecido como “bloqueio de maré” (tidal locking): o planeta sempre mostra a mesma face para a estrela, como a Lua em relação à Terra. Assim, um hemisfério é banhado por um calor constante, enquanto o outro permanece em escuridão eterna.

Chuva de ferro: o lado noturno onde o metal cai do céu

O que torna WASP-76b realmente fascinante é o processo que ocorre entre o dia e a noite. De acordo com estudos publicados na Nature Astronomy e conduzidos por David Ehrenreich, da Universidade de Genebra, os metais vaporizados no lado diurno são transportados por ventos supersônicos que podem atingir 5.000 km/h até o lado noturno, onde a temperatura cai o bastante para que o ferro se condense em gotas metálicas.

Essas gotas formam literalmente uma chuva de ferro derretido, um espetáculo que, se fosse possível de ser visto de perto, mostraria nuvens incandescentes caindo sobre um horizonte negro.

“É um planeta onde o ciclo da água é substituído por um ciclo de ferro”, descreveu Ehrenreich em entrevista à BBC Science em 2024.

Atmosfera complexa e ventos de tempestade global

Além das temperaturas absurdas, os cientistas detectaram na atmosfera de WASP-76b a presença de cálcio ionizado e vanádio, elementos que indicam uma composição química instável e fortemente ionizada, características típicas de ambientes extremos.

As observações recentes do ESPRESSO Spectrograph, instalado no VLT, revelaram ainda flutuações nas linhas espectrais do ferro, sinal de ventos globais que cruzam o planeta em questão de horas.

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Em comparação, o sistema de ventos mais rápido já registrado em Júpiter não ultrapassa 600 km/h; em WASP-76b, esse valor é oito vezes maior, o que faz com que partículas metálicas circulem continuamente, alimentando o ciclo infernal de vaporização e condensação.

Um laboratório natural para a física planetária

O estudo desse planeta não é apenas uma curiosidade astronômica. Ele serve como um laboratório natural para compreender como os mundos se formam e se comportam sob condições extremas.

A partir de dados coletados entre 2020 e 2024 pelo ESO, NASA Exoplanet Archive e pelo James Webb Space Telescope (JWST), os cientistas estão refinando modelos atmosféricos para prever a dinâmica de planetas gasosos próximos de suas estrelas, ambientes que antes eram considerados inabitáveis até mesmo para moléculas estáveis.

“Cada observação do WASP-76b nos aproxima da compreensão dos limites da matéria e do comportamento dos gases sob calor estelar intenso”, explicou Laura Kreidberg, do Instituto Max Planck de Astronomia, em nota publicada pela Nature Astronomy em 2025.

O ‘inferno cósmico’ que fascina os cientistas

Mesmo com a distância imensa, o WASP-76b se tornou um dos objetos celestes mais estudados da última década. O planeta representa o extremo do que conhecemos como diversidade planetária, provando que a natureza cria mundos que desafiam qualquer imaginação humana.

Enquanto a Terra abriga oceanos de água, esse colosso gasoso abriga mares de plasma metálico e tempestades de ferro.

Se algum dia fosse possível pousar ali, qualquer nave seria derretida em segundos. Ainda assim, é essa brutalidade física que faz de WASP-76b um dos símbolos mais fascinantes da nova astronomia exoplanetária, um lembrete de que o universo ainda guarda formas de beleza até nas paisagens mais hostis.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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