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Com dívida recorde de US$ 37 trilhões e juros anuais perto de US$ 1 trilhão, Estados Unidos enfrentam em 2025 o maior desafio fiscal de sua história moderna

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 01/09/2025 às 07:08
Com dívida recorde de US$ 37 trilhões e juros anuais perto de US$ 1 trilhão, Estados Unidos enfrentam em 2025 o maior desafio fiscal de sua história moderna
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Dívida dos EUA ultrapassa US$ 37 trilhões em 2025. Juros chegam a US$ 1 trilhão ao ano, maior gasto da história, e elevam risco fiscal global.

Os Estados Unidos atingiram em agosto de 2025 um marco sem precedentes: a dívida pública federal ultrapassou US$ 37 trilhões, segundo dados do Departamento do Tesouro. O número representa um aumento de mais de US$ 1 trilhão em apenas oito meses e coloca o país diante de seu maior desafio fiscal em décadas.

Trata-se do maior endividamento já registrado por qualquer nação na história moderna. A dívida americana, sozinha, equivale a quase 120% do PIB do país e supera o tamanho da economia da China e da União Europeia combinadas.

O peso dos juros: quase US$ 1 trilhão ao ano

Mais grave do que o tamanho absoluto da dívida é o custo para mantê-la. Com a taxa básica de juros americanos (Fed Funds Rate) em níveis historicamente elevados, o serviço da dívida já consome cifras bilionárias diariamente.

Em 2025, os Estados Unidos gastam quase US$ 1 trilhão por ano apenas com pagamento de juros — mais do que o orçamento anual de defesa do país, que é da ordem de US$ 850 bilhões. Esse valor supera, por exemplo, o PIB anual de países como Suíça ou Arábia Saudita.

A cada segundo, o Tesouro americano desembolsa aproximadamente US$ 31 mil em juros, um ritmo que pressiona fortemente as contas públicas e limita a capacidade do governo de investir em programas sociais e infraestrutura.

Dívida pública dos EUA: um problema estrutural

Embora o crescimento da dívida tenha se acelerado nos últimos anos, o problema é estrutural. Desde os anos 1980, os Estados Unidos acumulam déficits fiscais recorrentes. Crises como a bolha das pontocom (2000), a crise financeira de 2008 e a pandemia da Covid-19 ampliaram ainda mais a trajetória de endividamento.

Entre 2020 e 2022, por exemplo, o governo federal adicionou mais de US$ 6 trilhões em gastos extraordinários para sustentar famílias e empresas durante a pandemia. Esse aumento elevou permanentemente a base da dívida, que nunca mais voltou aos patamares anteriores.

Comparações globais: quem deve mais?

Nenhum país do mundo acumula uma dívida tão grande em termos absolutos. Ainda assim, em termos relativos ao PIB, outras economias também enfrentam desafios:

  • Japão: dívida pública superior a 250% do PIB, embora majoritariamente doméstica.
  • Itália: cerca de 140% do PIB.
  • Brasil: aproximadamente 76% do PIB.
  • EUA: pouco menos de 120% do PIB.

A diferença é que os Estados Unidos têm a vantagem de emitir a principal moeda de reserva global, o dólar, o que lhes permite financiar déficits a custos mais baixos do que outros países. Mas até essa vantagem tem limites.

A pressão sobre o dólar e o risco fiscal

A escalada da dívida americana reforça debates sobre a sustentabilidade do dólar como principal moeda de reserva do planeta. O fato de o Tesouro emitir volumes cada vez maiores de títulos exige que investidores globais continuem confiando na capacidade de pagamento do governo americano.

Até agora, essa confiança se mantém, mas sinais de alerta começam a surgir. A China e outros países do BRICS já reduziram suas participações em títulos do Tesouro, ao mesmo tempo em que ampliam o uso de moedas locais em transações comerciais.

Se essa tendência se acelerar, os EUA podem enfrentar custo de financiamento ainda maior, criando um círculo vicioso em que a dívida cresce não apenas pelo déficit, mas também pelos juros cada vez mais pesados.

O impasse político em Washington

O aumento da dívida pública americana não é apenas um problema econômico, mas também político. O Congresso enfrenta sucessivas disputas em torno do teto da dívida, mecanismo que limita o endividamento federal.

Em 2023 e 2024, os impasses entre democratas e republicanos levaram o país à beira de uma moratória técnica. O acordo final permitiu a continuidade dos gastos, mas não trouxe soluções estruturais para reduzir o déficit.

O resultado é que os EUA seguem gastando mais do que arrecadam, sem consenso sobre cortes ou aumentos de impostos que poderiam frear a escalada.

Impactos globais da dívida dos EUA

O endividamento americano não afeta apenas os EUA: tem repercussões globais.

  • Mercados financeiros: os títulos do Tesouro são considerados o ativo mais seguro do mundo; sua desvalorização pode impactar reservas de dezenas de países.
  • Taxa de juros global: os rendimentos dos Treasuries servem de referência para empréstimos internacionais. Quando sobem, encarecem o crédito em todo o planeta.
  • Fluxos de capitais: países emergentes sofrem fuga de capitais quando os EUA elevam juros para financiar sua dívida.

Em resumo, a dívida americana é hoje um dos principais motores da instabilidade financeira global.

O que esperar para os próximos anos

Projeções do Congressional Budget Office (CBO) indicam que, sem reformas profundas, a dívida americana pode ultrapassar US$ 50 trilhões até 2033. Os déficits fiscais devem continuar acima de US$ 1 trilhão por ano, refletindo tanto aumento de gastos obrigatórios (previdência e saúde) quanto resistências políticas a cortes ou novos impostos.

O risco é que, a médio prazo, a trajetória da dívida se torne insustentável mesmo para os Estados Unidos, obrigando a ajustes drásticos em programas sociais ou aumento brusco de impostos — algo politicamente impopular.

Ao cruzar a barreira de US$ 37 trilhões em 2025, os Estados Unidos não apenas quebraram um recorde histórico, mas acenderam um alerta vermelho sobre a sustentabilidade de suas finanças.

Com quase US$ 1 trilhão por ano em juros, o país gasta mais com dívida do que com defesa, saúde ou educação. Essa realidade coloca pressão sobre o dólar, cria incertezas nos mercados e amplia os riscos de instabilidade global.

A grande questão não é se os EUA conseguirão honrar seus compromissos no curto prazo, mas sim por quanto tempo será possível sustentar um modelo baseado em déficits crescentes e dívida cada vez maior.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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