Com vendas de café solúvel para os EUA despencando, setor cafeeiro descarta a reexportação como uma saída estratégica e alerta para o impacto dos preços no bolso do consumidor brasileiro.
A reexportação de café brasileiro para os Estados Unidos através de outros países não é uma alternativa sólida para contornar as tarifas impostas pelo governo americano. A afirmação de líderes do setor, nesta terça-feira (9), confirma que não há um caminho fácil para a exportação de café brasileiro, que já sente o forte impacto das taxas, especialmente no segmento de café solúvel.
As tarifas americanas e o peso do Brasil no mercado global
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, e os Estados Unidos são os principais consumidores do produto. Contudo, essa balança comercial foi abalada depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs uma taxa de 50% sobre muitos produtos brasileiros, incluindo o café, medida que entrou em vigor em 6 de agosto.
Reexportação: uma estratégia inviável para o setor
A ideia de usar outros países como ponte para chegar ao mercado americano foi considerada, mas rapidamente descartada. “Não vemos essa possibilidade. Isso foi algo que já foi ventilado desde o início”, disse Márcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé). Ele explica que o envio de grãos crus por terceiros seria “muito fácil para o governo americano detectar“.
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O tombo de quase 60% na venda de café solúvel
O impacto das novas regras foi imediato e severo para a indústria de café solúvel. Dados da Abics revelam que as exportações do produto para os EUA em agosto caíram 59,9%. O volume despencou de 65.914 sacas no mesmo mês do ano passado para apenas 24.460 sacas de 60 quilos. “Isso é prejudicial não apenas para nossas indústrias, mas também para nossos parceiros comerciais nos Estados Unidos”, afirmou Aguinaldo Lima, diretor executivo da Abics.
O efeito dominó: do preço global à inflação no Brasil
As consequências não se limitam ao comércio exterior. A Organização Internacional do Café (OIC) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) alertaram que as tarifas podem elevar os preços globais. Internamente, o cenário também é de atenção, já que o Brasil é o segundo maior consumidor de café. “O café está ficando mais caro para os consumidores novamente”, disse Célirio Inácio, diretor executivo da Abic, que concluiu afirmando que o aumento “contribuirá diretamente para a inflação aqui no Brasil“.