Com 50 mil vacas e 170 milhões de litros por ano, a fazenda Al Safi na Arábia Saudita é a maior do mundo e símbolo da autossuficiência no deserto.
Em meio ao deserto árido da Arábia Saudita, onde as temperaturas frequentemente ultrapassam os 45 °C, ergue-se uma das maiores conquistas da engenharia agropecuária moderna: a fazenda Al Safi Dairy Farm. Considerada oficialmente a maior fazenda de leite integrada do mundo, ela abriga cerca de 50 mil vacas da raça Holandesa-Frísia, responsáveis por uma produção impressionante de 170 milhões de litros de leite por ano. A escala é tão monumental que o complexo opera como uma verdadeira cidade autossuficiente no coração do deserto, com seus próprios sistemas de energia, irrigação, processamento industrial e logística.
Localizada em Al-Kharj, a aproximadamente 100 quilômetros de Riade, a fazenda pertence à Almarai Company, uma das maiores companhias de laticínios do planeta e líder absoluta no Oriente Médio. A história da Al Safi começa na década de 1970, quando o príncipe saudita Mohammed bin Abdullah Al Faisal sonhou em criar uma operação capaz de garantir a autossuficiência alimentar de um país dependente de importações. O resultado foi um projeto que uniu tecnologia ocidental, genética bovina de ponta e soluções de irrigação desenvolvidas especialmente para o clima desértico.
Engenharia e tecnologia a serviço do leite
A dimensão da Al Safi é tão grande que exige uma estrutura logística comparável à de uma pequena cidade. A fazenda ocupa centenas de hectares e conta com um sistema de irrigação subterrânea pressurizada alimentado por poços profundos, que fornecem água tanto para o consumo dos animais quanto para o cultivo da ração.
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A produção de alimento é toda interna — a fazenda cultiva forragens como alfafa, milho e cevada em áreas próprias, garantindo controle total sobre a dieta do rebanho.
As vacas vivem em galpões climatizados, equipados com ventilação automatizada e sistemas de resfriamento por névoa, que reduzem o estresse térmico e mantêm o rendimento leiteiro constante mesmo durante os meses mais quentes.
Cada animal é monitorado por sensores individuais que registram temperatura corporal, ingestão de alimento e produção de leite, dados que são enviados em tempo real a um centro de controle.
A ordenha é totalmente automatizada, operando em turnos contínuos 24 horas por dia, o que permite que milhares de vacas sejam ordenhadas simultaneamente.
Um império agroindustrial no deserto
O leite produzido pela Al Safi não sai da fazenda cru: o complexo possui uma planta industrial integrada que processa, pasteuriza e embala o produto diretamente no local.
Essa estrutura industrial faz parte do modelo “farm-to-shelf” (da fazenda à prateleira), no qual a produção, o processamento e a distribuição ocorrem dentro de um mesmo ecossistema controlado.
A fábrica processa não apenas leite fluido, mas também iogurtes, queijos e produtos derivados, que abastecem supermercados em toda a Península Arábica.
A frota logística da empresa é outro espetáculo à parte. Centenas de caminhões refrigerados partem diariamente rumo às principais cidades sauditas, mantendo uma cadeia de frio contínua em pleno deserto. Esse nível de eficiência é raro mesmo em países de clima temperado e representa um marco para a agroindústria do Oriente Médio.
Comparações e impacto global
A fazenda Al Safi supera em escala qualquer operação similar em outros continentes. Mesmo gigantes como a Bengbu Farm, da Modern Dairy na China — com cerca de 38 mil bovinos — ou complexos australianos e neozelandeses com produção intensiva, ficam abaixo do tamanho e da integração da estrutura saudita.
Em termos de volume anual, a produção da Al Safi seria suficiente para fornecer mais de 460 mil litros de leite por dia, quantidade capaz de abastecer uma cidade de 2 milhões de habitantes.
Além disso, o modelo de autossuficiência saudita inspirou outros países áridos a investirem em tecnologia agroindustrial.
Os Emirados Árabes Unidos e o Catar, por exemplo, passaram a replicar o modelo da Al Safi após o embargo de 2017, quando o isolamento regional expôs a necessidade de reduzir a dependência alimentar externa.
Sustentabilidade em meio à escassez
Apesar da grandiosidade, a operação da Al Safi enfrenta o desafio constante da gestão de recursos hídricos. Cada vaca consome entre 100 e 150 litros de água por dia, o que representa um consumo diário de milhões de litros.
Para reduzir o impacto ambiental, a fazenda utiliza sistemas fechados de recirculação, reaproveitamento de efluentes e irrigação de precisão controlada por sensores de umidade do solo. Parte da energia utilizada vem de painéis solares e de uma planta de biogás alimentada pelos resíduos orgânicos do rebanho.
Essas medidas colocam a Al Safi entre as operações mais eficientes do ponto de vista energético e ambiental em regiões áridas, e o projeto é frequentemente citado pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) como exemplo de tecnologia aplicada à segurança alimentar em climas extremos.
O símbolo da autossuficiência alimentar saudita
Mais do que uma fazenda, a Al Safi representa o esforço de uma nação inteira em transformar deserto em produtividade.
A Arábia Saudita, um país que importava quase todo o leite consumido até os anos 1970, hoje exporta parte de sua produção para vizinhos como Bahrein, Omã e Kuwait. O complexo é um orgulho nacional e um símbolo da capacidade de inovação no setor agroindustrial.
A imagem aérea da Al Safi impressiona: galpões simétricos se estendem por quilômetros, formando um verdadeiro “mosaico branco e verde” em meio à areia dourada. É uma cena que sintetiza o poder econômico e tecnológico de uma monarquia que transformou petróleo em alimento — e deserto em prosperidade.
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