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Com 1,65 milhões de hectares, a segunda maior estação de gado do mundo depende das cheias sazonais do rio Diamantina para transformar o deserto em pasto fértil

Publicado em 24/10/2025 às 15:25
A Clifton Hills Station, na Austrália Meridional, é um exemplo extremo de pecuária extensiva que transforma o deserto australiano em pasto fértil graças às cheias do rio Diamantina, revelando como a produção rural pode depender dos ciclos naturais em regiões áridas.
A Clifton Hills Station, na Austrália Meridional, é um exemplo extremo de pecuária extensiva que transforma o deserto australiano em pasto fértil graças às cheias do rio Diamantina, revelando como a produção rural pode depender dos ciclos naturais em regiões áridas.
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Com 1,65 milhões de hectares, a segunda maior estação de gado do mundo depende das cheias sazonais do rio Diamantina para transformar o deserto australiano em um pasto fértil e produtivo.

No coração árido da Austrália Meridional, a segunda maior estação de gado do mundo desafia os limites da pecuária extensiva. A Clifton Hills Station, fundada em 1876, ocupa uma área impressionante de cerca de 1,65 milhão de hectares, um território comparável ao tamanho de Sergipe. Em uma paisagem onde a chuva é rara e o solo é seco, o segredo da sobrevivência está nas cheias anuais do rio Diamantina, capazes de transformar o deserto em um imenso campo verde.

Essas inundações periódicas alimentam o ecossistema do “Channel Country”, região de rios efêmeros que só ganham vida com as chuvas de verão. Quando o Diamantina transborda, aproximadamente 1.500 quilômetros quadrados da estação ficam cobertos por água, criando pastagens de alta qualidade que sustentam um rebanho de cerca de 18 mil cabeças de gado orgânico. O ciclo natural de abundância e escassez é o que dita o ritmo da produção e da logística da fazenda.

Um modelo de pecuária moldado pela natureza

Com 1,65 milhões de hectares, a segunda maior estação de gado do mundo depende das cheias sazonais do rio Diamantina para transformar o deserto em pasto fértil

O sistema produtivo da Clifton Hills Station baseia-se em um princípio de agricultura de cheias, no qual o gado é manejado conforme o pulso das águas.

Quando as enchentes ocorrem, o solo retém nutrientes e umidade, permitindo que gramíneas nativas cresçam rapidamente.

É neste curto período que a alimentação do rebanho atinge seu auge, garantindo ganho de peso e qualidade de carne superiores.

Nos anos de seca, porém, a operação enfrenta desafios logísticos severos. Com a ausência de irrigação artificial, o gado precisa ser deslocado para áreas mais úmidas ou suplementado com forragem transportada por longas distâncias.

O sucesso econômico da estação depende, portanto, de uma gestão extremamente precisa dos ciclos hídricos e de uma leitura profunda do comportamento climático do interior australiano.

A geografia extrema do Channel Country

Com 1,65 milhões de hectares, a segunda maior estação de gado do mundo depende das cheias sazonais do rio Diamantina para transformar o deserto em pasto fértil

A Clifton Hills Station integra um mosaico de grandes propriedades localizadas na região conhecida como Channel Country uma planície de canais trançados que se estende por Queensland, Nova Gales do Sul e Austrália Meridional.

Os rios da região não correm de forma contínua, mas acumulam energia durante longos períodos de seca e liberam-na em forma de inundações maciças após eventos de chuva intensa.

Essas cheias transformam temporariamente o deserto em um dos ecossistemas mais produtivos do continente.

A paisagem muda de tons ocres para um verde vibrante em poucos dias, e a vegetação que surge serve de base para toda a cadeia ecológica local de aves migratórias a rebanhos comerciais.

Quando a água recua, o ciclo recomeça, e a fazenda precisa adaptar-se rapidamente ao novo cenário.

Gestão e logística em uma escala continental

Administrar a segunda maior estação de gado do mundo é um exercício de coordenação geográfica e de engenharia rural.

Com 17 mil quilômetros quadrados de extensão, a Clifton Hills Station exige monitoramento contínuo por via aérea e terrestre, equipes distribuídas em pontos estratégicos e uma infraestrutura que inclui pistas de pouso, poços, cercas e galpões distantes centenas de quilômetros uns dos outros.

A operação também envolve tecnologia de rastreamento por satélite, drones e comunicação via rádio, ferramentas indispensáveis para o manejo eficiente do rebanho em regiões remotas.

Além do aspecto produtivo, há a preocupação crescente com certificações ambientais e práticas de bem-estar animal, especialmente em um contexto global que valoriza a carne bovina produzida de forma sustentável.

A dependência direta das cheias do rio Diamantina coloca a Clifton Hills Station em um equilíbrio frágil entre prosperidade e vulnerabilidade.

Quando o regime de chuvas é favorável, a produtividade dispara. Em anos de seca prolongada, no entanto, a operação enfrenta perdas severas e custos logísticos elevados.

O desafio está em planejar cada safra de acordo com a imprevisibilidade do clima, aproveitando ao máximo os períodos de abundância e minimizando os efeitos das estiagens.

Esse modelo de gestão baseado em ciclos naturais é uma das características mais marcantes da pecuária australiana.

Ele demonstra que, em regiões áridas, a sustentabilidade não depende apenas da tecnologia, mas da capacidade de ler e respeitar os ritmos da natureza.

Você acredita que sistemas produtivos tão dependentes do clima, como o da Clifton Hills Station, são sustentáveis a longo prazo diante das mudanças climáticas globais?

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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