1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Cientistas perfuram o fundo do oceano em missão inédita para entender megaterremotos e prevenir tsunamis devastadores
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Cientistas perfuram o fundo do oceano em missão inédita para entender megaterremotos e prevenir tsunamis devastadores

Publicado em 05/09/2025 às 11:37
Cientistas perfuram mais de 800 metros na Fossa do Japão para investigar falhas responsáveis por megaterremotos e tsunamis, em busca de modelos mais precisos de prevenção.
Cientistas perfuram mais de 800 metros na Fossa do Japão para investigar falhas responsáveis por megaterremotos e tsunamis, em busca de modelos mais precisos de prevenção.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Cientistas perfuram mais de 800 metros na Fossa do Japão para investigar falhas responsáveis por megaterremotos e tsunamis, em busca de modelos mais precisos de prevenção.

Uma expedição científica investiga a Fossa do Japão, perfurando mais de 800 metros abaixo do fundo do oceano para analisar falhas responsáveis por megaterremotos e tsunamis, visando melhorar modelos de prevenção

Apesar dos avanços tecnológicos, o fundo do oceano continua sendo um dos territórios mais misteriosos da Terra.

Além de abrigar espécies desconhecidas e ecossistemas inteiros, essas regiões guardam registros de fenômenos naturais poderosos, como megaterremotos e tsunamis.

Com o objetivo de desvendar esses segredos, cientistas do Programa Internacional de Descoberta dos Oceanos (IODP) embarcaram na Expedição 405, uma missão de quatro meses na costa do Japão, a bordo do Chikyu, o maior navio de perfuração científica do mundo.

Megaterremoto
Fonte: Inteligência Artificial

Durante a expedição, especialistas coletaram amostras do descolamento basal da falha responsável pelo megaterremoto de Tōhoku, ocorrido em 2011, que provocou um tsunami devastador e deixou mais de 18 mil vítimas, além de causar danos graves à usina nuclear de Fukushima.

Investigando os vestígios de um desastre histórico

Segundo Morgane Brunet, pesquisadora da Universidade de Quebec em Rimouski, a missão se concentrou nas profundezas da Fossa do Japão, localizada sete quilômetros abaixo do nível do mar.

“Durante a expedição do IODP 405, nos propusemos a entender as condições que tornam possíveis esses tsunamis. A Fossa do Japão é um laboratório natural para investigar os processos fundamentais dos terremotos que desencadeiam tsunamis de grandes proporções”, explica a cientista.

O tremor de magnitude 9,1 que atingiu a costa nordeste do Japão em 11 de março de 2011 deslocou mais de 50 metros em uma falha que rompeu o fundo do mar.

Esse movimento abrupto gerou um tsunami de enormes proporções, afetando comunidades inteiras e transformando a percepção global sobre os riscos geológicos em regiões costeiras densamente povoadas.

A coleta de amostras envolveu perfuração profunda, chegando a mais de 800 metros abaixo do fundo do mar, diretamente na zona que se rompeu durante o desastre.

Foram recuperadas rochas e sedimentos que guardam registros únicos dos processos geológicos ocorridos no momento do terremoto.

Como a perfuração ajuda a entender megaterremotos?

O objetivo principal da expedição vai além da simples coleta de amostras. Com os núcleos de sedimentos e rochas, os cientistas agora podem simular as condições de terremoto em laboratório, utilizando modelos numéricos e experimentos de alta pressão.

A intenção é observar como essas rochas se comportam sob tensões extremas e compreender melhor a evolução das falhas geológicas.

“Se o deslizamento raso que ocorreu na Fossa do Japão também puder acontecer em outras zonas de subducção ao redor do mundo, como Chile, Alasca ou Indonésia, precisamos atualizar nossos modelos de previsão e estratégias de preparação para tsunamis”, alerta Morgane Brunet.

Os dados obtidos prometem contribuir para a construção de modelos mais precisos, capazes de antecipar o impacto de futuros megaterremotos.

Isso é crucial, considerando que muitas dessas zonas de subducção estão localizadas próximas a áreas densamente povoadas, onde um tsunami pode causar destruição em larga escala.

A Fossa do Japão como laboratório natural

A expedição destacou que não se trata de um caso isolado. A Fossa do Japão apresenta características únicas, mas compartilha semelhanças com outras regiões de subducção globais.

 Nessas áreas, a placa do Pacífico mergulha sob a placa de Okhotsk, criando condições que podem acumular energia por décadas até liberá-la em um evento catastrófico.

Durante o terremoto de 2011, a percepção anterior de que a seção rasa dessa zona deslizava lentamente e de forma silenciosa foi completamente alterada.

O evento mostrou que, mesmo em regiões consideradas estáveis, grandes rupturas podem ocorrer rapidamente, deslocando enormes volumes de água e provocando tsunamis devastadores.

Ao perfurar profundamente na falha, os pesquisadores puderam acessar camadas de sedimentos que registram históricos de terremotos anteriores, permitindo a reconstrução de eventos passados e o aprimoramento de previsões futuras.

Preparação para o futuro

Com as amostras em mãos, os cientistas vão testar as propriedades físicas das rochas, incluindo resistência e comportamento sob pressões extremas.

Os resultados ajudarão a refinar modelos de terremotos e tsunamis, além de fornecer informações essenciais para políticas de prevenção em regiões costeiras de alto risco.

“Nosso objetivo não era apenas entender por que ocorreu o terremoto de Tōhoku em 2011, mas também ajudar na preparação para o próximo. Ao melhorar as avaliações de risco de tsunami e aprofundar nossa compreensão do comportamento de falhas de mega-terremotos, contribuímos para a construção da resiliência global”, conclui Brunet.

Essa abordagem combina ciência de ponta com estratégias práticas de mitigação de desastres, destacando o papel fundamental da pesquisa oceânica na proteção de populações vulneráveis.

Tecnologia e expertise em uma missão inédita

A Expedição 405 uniu cientistas e perfuradores altamente especializados, utilizando o Chikyu, que possui equipamentos avançados capazes de atingir grandes profundidades.

A missão exigiu coordenação rigorosa e precisão, pois perfurar mais de 800 metros abaixo do fundo do mar envolve riscos significativos e desafios técnicos complexos.

Além de coletar amostras, a equipe monitorou condições geológicas e oceanográficas, garantindo que cada núcleo extraído fosse representativo das camadas estudadas.

Esses esforços refletem o potencial da ciência oceânica em desvendar mistérios geológicos que, até recentemente, eram inacessíveis.

Riscos globais e a importância da pesquisa

O estudo da Fossa do Japão reforça que eventos como o megaterremoto de 2011 podem ocorrer em diversas regiões do planeta.

Entender as zonas de subducção é essencial não apenas para a ciência, mas também para o planejamento urbano, estratégias de evacuação e políticas de mitigação de desastres.

Os dados coletados pela expedição podem ser aplicados em modelos globais, oferecendo insights sobre como falhas similares podem gerar tsunamis em outros pontos do mundo.

Com o aumento da densidade populacional em áreas costeiras, essa pesquisa se torna ainda mais crucial.

A exploração do fundo do oceano, portanto, não é apenas uma busca por conhecimento, mas uma ferramenta vital para salvar vidas e reduzir impactos de desastres naturais de grandes proporções.

Com informações do Olhar Digital e The Conversation

Aplicativo CPG Click Petroleo e Gas
Menos Anúncios, interação com usuários, Noticias/Vagas Personalizadas, Sorteios e muitos mais!
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Andriely Medeiros de Araújo

Ensino superior em andamento. Escreve sobre Petróleo, Gás, Energia e temas relacionados para o CPG — Click Petróleo e Gás.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x