O telescópio James Webb transforma a astronomia com dados e imagens impressionantes de galáxias distantes, atmosferas exóticas em exoplanetas e sinais que podem redefinir o entendimento atual sobre vida fora da Terra e a origem do universo.
Com imagens cada vez mais detalhadas e dados surpreendentes, o telescópio James Webb desafia teorias e revela um universo mais complexo do que imaginávamos.
Lançado em dezembro de 2021, após anos de atrasos e quase cancelado por má gestão, o telescópio espacial James Webb (JWST) hoje ocupa o centro das atenções científicas.
A estrutura, mantida por um consórcio entre NASA (Estados Unidos), ESA (Agência Espacial Europeia) e CSA (Agência Espacial Canadense), ultrapassou os US$ 10 bilhões em orçamento — mas seus resultados já justificam cada centavo.
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Desde o início das operações, o Webb tem fornecido imagens em infravermelho e dados que mudam paradigmas da astrofísica.
Em junho de 2025, novas observações elevaram ainda mais sua importância ao revelar descobertas inéditas sobre exoplanetas, galáxias distantes e a estrutura do cosmos.
Um mapa cósmico com quase 800 mil galáxias
Em 5 de junho de 2025, cientistas divulgaram o maior mapeamento já feito do universo com dados do Webb.
A imagem cobre a região do céu conhecida como COSMOS e reuniu informações de mais de 255 horas de observações.
O resultado impressiona: quase 800 mil galáxias foram identificadas, cobrindo um período de mais de 13 bilhões de anos.
Esse volume é dez vezes maior do que o previsto inicialmente, e inclui sinais de buracos negros supermassivos em galáxias ainda jovens.
A galáxia mais distante da história
Outra revelação ocorreu no início de junho: o Webb detectou a galáxia MoM-z14, agora reconhecida como a mais distante já observada.
Ela surgiu quando o universo tinha apenas 280 milhões de anos — apenas 2% da sua idade atual.
A galáxia, com massa similar à Pequena Nuvem de Magalhães, apresenta intensa formação estelar e surpreende pelo alto teor de nitrogênio, elemento considerado raro em fases tão primitivas do cosmos.
Imagem inédita da Galáxia do Sombrero
O telescópio também produziu a imagem mais detalhada da Galáxia do Sombrero (M104) em 244 anos.
Localizada a cerca de 28 milhões de anos-luz da Terra, a M104 teve revelados detalhes internos de seus discos deformados, aglomerados globulares e estruturas obscurecidas por poeira estelar.
A imagem ainda revelou estrelas gigantes vermelhas jamais vistas anteriormente, ampliando a compreensão sobre a evolução de galáxias espirais.
Atmosfera mineral em exoplaneta jovem
Outro destaque de junho foi a observação do exoplaneta YSES-1c, orbitando uma estrela jovem a cerca de 307 anos-luz da Terra.
O Webb identificou nuvens de poeira mineral em sua alta atmosfera, possivelmente ricas em ferro — fenômeno nunca antes registrado em planetas parecidos com os do Sistema Solar.
A descoberta sugere que atmosferas planetárias podem ser muito mais variadas e complexas do que os modelos atuais indicam.
Galáxias que reescrevem a cronologia do universo
A galáxia JADES-GS-z13-1, observada como era há 330 milhões de anos após o Big Bang, emitiu luz do tipo Lyman-alpha, normalmente invisível em épocas tão primitivas.
Isso indica que a reionização — período em que o universo se tornou transparente à luz — pode ter começado muito antes do que se pensava.
Esse achado, publicado na revista Nature, desafia os modelos tradicionais de formação das primeiras estrelas e galáxias.
Próxima Centauri B e sinais de habitabilidade
Nas observações mais próximas da Terra, o James Webb investigou o exoplaneta Próxima Centauri B, a apenas 4,2 anos-luz de distância.
Dados recentes sugerem sinais de vapor d’água, ozônio e metano — compostos que podem indicar atividade biológica.
Além disso, as medições de temperatura sugerem um clima temperado, potencialmente compatível com a vida.
Essas observações ampliam as expectativas sobre planetas próximos que poderiam abrigar organismos vivos.
Plutão e pistas sobre a Terra primitiva
O Webb também confirmou previsões feitas anos atrás sobre a atmosfera incomum de Plutão, formada por uma névoa de partículas de nitrogênio, metano e monóxido de carbono.
Essas condições, similares às da Terra primitiva, oferecem pistas sobre como a vida pode ter surgido em nosso planeta.
O planeta anão revelou ainda atividade geológica contínua e topografia variada, com geleiras e interações atmosféricas com sua lua Caronte.
As descobertas de junho de 2025 consolidam o James Webb como o instrumento mais revolucionário da história da astronomia moderna.
Ele amplia nosso conhecimento do universo desde suas origens até os planetas vizinhos, e ainda deixa uma pergunta inevitável:
Se já encontramos indícios de habitabilidade tão próximos de nós, o que mais o universo esconde à espera de ser revelado?