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Cientistas estão desvendando o mistério do núcleo da Terra, localizado a uma impressionante profundidade de mais de 5.100 km — Descubra como essa pesquisa pode revelar segredos sobre o coração do nosso planeta

Escrito por Lucas Carvalho
Publicado em 07/10/2024 às 07:31
núcleo da terra
Foto: Reprodução

O núcleo da Terra, a mais de 5.100 km de profundidade, está finalmente sendo desvendado por físicos. Saiba mais sobre as descobertas que estão revelando segredos ocultos do coração do nosso planeta.

A 5.100 km de profundidade, no centro do nosso planeta, está o núcleo da Terra, uma esfera sólida composta principalmente de ferro e níquel.

Essa parte desconhecida do planeta desempenha um papel vital na manutenção das condições na superfície, incluindo a criação do campo magnético que nos protege da radiação solar. Sem ele, a vida na Terra poderia nunca ter existido.

Apesar da importância do núcleo interno, muitos mistérios sobre sua formação e idade ainda permanecem sem resposta. Agora, a física mineral está nos ajudando a chegar mais perto de resolver esse quebra-cabeça.

Núcleo da Terra
 ( Alfred Wilson-Spencer , 
CC BY-SA )

O papel do núcleo da Terra no campo magnético

O núcleo interno, essencial para a formação do campo magnético terrestre, que atua como um escudo protetor contra a radiação solar, pode ter sido fundamental para criar as condições que permitiram o surgimento e a prosperidade da vida há bilhões de anos.

O que sabemos é que o núcleo interno nem sempre foi sólido. Inicialmente, ele era líquido, mas, à medida que a Terra esfriava ao longo de bilhões de anos, o núcleo começou a se solidificar, expandindo-se para fora.

Essa transformação liberou elementos como oxigênio e carbono, que não conseguem permanecer em um estado sólido quente.

Esses elementos criam um líquido flutuante no fundo do núcleo externo. O líquido então se mistura ao núcleo externo líquido, gerando correntes elétricas e, por meio da ação do dínamo, cria o campo magnético que protege o planeta.

Esse campo magnético não apenas impede a radiação solar prejudicial de atingir a superfície da Terra, mas também é responsável por fenômenos como as auroras boreais — as luzes do norte que brilham no céu graças ao funcionamento desse dínamo invisível no coração do nosso planeta.

O processo de cristalização do núcleo

Compreender como o campo magnético evoluiu ao longo da história da Terra depende da simulação do estado térmico do núcleo e do manto. Esses modelos ajudam os geofísicos a entender como o calor é distribuído e transferido dentro da Terra.

O consenso atual é que o núcleo interno sólido surgiu quando o líquido ao seu redor esfriou até seu ponto de fusão e começou a se congelar. Entretanto, esse processo de congelamento não é tão simples quanto parece.

Os cientistas exploraram o conceito de “superresfriamento”, um fenômeno que ocorre quando um líquido é resfriado abaixo do seu ponto de congelamento sem se tornar um sólido. Isso acontece com a água na atmosfera, que pode atingir temperaturas de -30°C antes de se transformar em granizo, e também ocorre com o ferro no núcleo da Terra.

Modelos teóricos sugerem que cerca de 1.000 Kelvin de superresfriamento são necessários para congelar o ferro puro no núcleo. No entanto, a taxa de resfriamento do núcleo, sendo de aproximadamente 100 a 200 Kelvin por bilhão de anos, torna esse cenário altamente improvável.

Se o núcleo tivesse sido super-resfriado em 1.000 Kelvin, o núcleo interno deveria ser muito maior do que é hoje. Por outro lado, se essa temperatura nunca foi alcançada, o núcleo interno nem sequer deveria existir.

Avanços recentes e oportunidades físicas

Para resolver esse paradoxo, físicos minerais estão conduzindo experimentos com ferro puro e misturas de outros elementos para determinar o nível de super-resfriamento necessário para iniciar a formação do núcleo interno. Embora os estudos ainda estejam em andamento, avanços significativos estão sendo feitos.

Uma das descobertas mais recentes sugere que a presença de carbono e estruturas cristalinas incomuns pode reduzir a necessidade de super-resfriamento excessivo.

Isso indica que a composição química do núcleo pode desempenhar um papel mais importante do que se pensava anteriormente no processo de solidificação.

Se o núcleo interno pôde se formar com menos de 400 Kelvin de super-resfriamento, isso poderia explicar por que o núcleo interno existe na forma que vemos hoje.

O impacto de não entender o núcleo interno

Entender a formação do núcleo interno tem implicações significativas. Estimativas anteriores sugerem que o núcleo interno tem entre 500 e 1.000 milhões de anos, mas essas suposições não levaram em consideração o fenômeno do superresfriamento.

Se levarmos em conta mesmo um super-resfriamento modesto de 100 Kelvin, isso pode significar que o núcleo interno é muito mais jovem do que acreditávamos anteriormente, possivelmente várias centenas de milhões de anos mais jovem.

Essas questões não são apenas relevantes para entender a Terra como um todo, mas também podem ter implicações para os cientistas que estudam a relação entre o campo magnético e eventos de extinção em massa no registro paleomagnético.

Até que possamos entender completamente a história do campo magnético terrestre, será difícil avaliar com precisão seu papel na criação de condições favoráveis à vida no planeta.

O estudo do núcleo interno da Terra ainda está em seus primeiros estágios, e muito permanece por ser descoberto.

Através de avanços na física mineral e modelos geofísicos, estamos começando a desvendar como o núcleo interno se formou e como ele moldou o campo magnético que protege nosso planeta até hoje.

Embora muitas perguntas ainda precisem de respostas, cada nova descoberta nos aproxima de entender os mistérios do coração da Terra e o papel vital que o núcleo interno desempenha na habitabilidade do nosso mundo.

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Lucas Carvalho

Jornalista experiente com ampla atuação na cobertura de temas relacionados a petróleo, gás e energia renovável. Especialista em análises aprofundadas e tendências do setor, com enfoque em inovações tecnológicas e impacto ambiental. Autor de artigos relevantes na área.

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