1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Cientistas encontram espécie marinha capaz de digerir plástico ultrarresistente — descoberta pode mudar o combate à poluição
Tempo de leitura 6 min de leitura Comentários 0 comentários

Cientistas encontram espécie marinha capaz de digerir plástico ultrarresistente — descoberta pode mudar o combate à poluição

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 08/08/2025 às 10:14
Cientistas encontram espécie marinha capaz de digerir plástico ultrarresistente — descoberta pode mudar o combate à poluição
Foto: Cientistas encontram espécie marinha capaz de digerir plástico ultrarresistente — descoberta pode mudar o combate à poluição
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Fungos marinhos do Havaí promovem degradação de poliuretano, plástico ultrarresistente, revelando uma solução promissora para a poluição marinha e o fim do plástico nos mares

Cientistas no Havaí fizeram uma descoberta científica surpreendente: fungos marinhos foram identificados como capazes de digerir poliuretano, um dos plásticos mais resistentes utilizados pela indústria moderna. A descoberta abre novas possibilidades no combate ao acúmulo de plástico nos oceanos e pode representar um avanço significativo rumo ao fim do plástico nos mares.

Esses micro-organismos marinhos, longe de serem prejudicados pela presença de plásticos no ambiente, revelaram a capacidade de utilizar o material como fonte de energia e carbono. Segundo pesquisadores da Universidade do Havaí, a descoberta de fungos marinhos capazes de degradar poliuretano reforça o potencial de soluções baseadas na natureza para combater a poluição plástica nos oceanos.

Descoberta científica revela fungos que digerem plástico resistente

O estudo foi conduzido por uma equipe internacional de pesquisadores em biotecnologia e ecologia marinha. Os cientistas coletaram amostras de micro-organismos em regiões costeiras do Havaí, locais com intensa presença de resíduos plásticos trazidos por correntes do Pacífico.

Os pesquisadores analisaram organismos que mostraram-se capazes de crescer em ambientes contendo poliuretano, um tipo de plástico conhecido por sua resistência química e física. Ao serem cultivados em laboratório, os fungos utilizaram o polímero como única fonte de carbono.

Essa descoberta científica surpreendeu até mesmo os pesquisadores experientes. O poliuretano é amplamente utilizado na indústria de móveis, calçados, embalagens, tintas e peças automotivas. Sua resistência faz com que ele permaneça no ambiente por longos períodos, dificultando a reciclagem e agravando o impacto ambiental. A capacidade de uma espécie marinha que decompõe plástico desse tipo pode mudar o jogo no tratamento de resíduos persistentes.

Como a espécie marinha decompõe plástico ultrarresistente

A ação dos fungos se baseia na liberação de enzimas especiais, que quebram as cadeias químicas do poliuretano em fragmentos menores e mais simples. Esses fragmentos, por sua vez, são assimilados e utilizados como combustível para o crescimento do fungo. Esse tipo de processo biológico é conhecido como biodegradação enzimática.

O estudo aponta que os fungos são adaptáveis e mantêm sua atividade mesmo em condições ambientais adversas. Isso sugere que, com ajustes técnicos, seria possível reproduzir esse comportamento em sistemas industriais. A degradação de poliuretano por organismos vivos é algo raro na natureza, o que torna essa descoberta particularmente relevante para o desenvolvimento de tecnologias de tratamento de resíduos.

Ao contrário dos processos tradicionais, como a incineração, que libera gases poluentes, ou a reciclagem mecânica, que depende da separação e da pureza dos materiais, o uso de micro-organismo marinho representa uma alternativa mais limpa e acessível, com menor impacto ambiental.

O desafio do plástico nos oceanos e suas consequências

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas globalmente por ano. Destes, apenas cerca de 9% são reciclados, e uma parte significativa acaba em aterros ou no ambiente natural. Estima-se que 11 milhões de toneladas de plástico entrem nos oceanos anualmente, número que pode triplicar até 2040 se nada for feito.

O acúmulo de plástico nos oceanos gera impactos devastadores. Animais marinhos, como tartarugas, aves e peixes, ingerem fragmentos plásticos, confundindo-os com alimento, o que pode causar intoxicação, desnutrição e morte. Além disso, os microplásticos, partículas com menos de 5 mm, já foram encontrados em águas profundas, no gelo do Ártico e até na placenta humana, segundo estudos recentes.

Nesse cenário alarmante, a descoberta de uma espécie marinha que come plástico se destaca como uma possível ferramenta para frear esse ciclo. Ainda que não resolva o problema por completo, pode ser parte de uma solução mais ampla e eficaz.

Biotecnologia e poluição marinha: solução no horizonte

A degradação de poliuretano por micro-organismos marinhos não é apenas uma curiosidade científica. Ela aponta para uma alternativa promissora em políticas de resíduos sólidos. Se esses fungos puderem ser cultivados em ambientes controlados e mantiverem sua eficácia, poderão ser empregados em:

  • Biorreatores para tratamento de resíduos plásticos;
  • Sistemas de despoluição em estações de tratamento de esgoto;
  • Limpeza de ambientes costeiros e portuários com acúmulo de resíduos.

O conceito de utilizar seres vivos para solucionar problemas ambientais já é explorado em outros contextos, como no tratamento de águas contaminadas por metais pesados ou em bioremediação de solos industriais. O avanço agora é aplicar esse conhecimento à crise do plástico nos oceanos.

Apesar das dificuldades técnicas, os cientistas acreditam que essa abordagem pode complementar as estratégias já existentes e tornar o combate à poluição marinha mais eficaz e sustentável.

Fim do plástico nos mares ainda depende de avanços e políticas públicas

Embora a descoberta de uma espécie marinha que come plástico seja animadora, o caminho até sua aplicação em larga escala é complexo. Não se trata apenas de reproduzir os fungos em laboratório, mas de integrá-los em sistemas que sejam seguros, eficientes e economicamente viáveis.

Além disso, é fundamental que políticas públicas avancem paralelamente. Incentivar a redução do uso de plásticos descartáveis, implementar sistemas de logística reversa, fortalecer a economia circular e promover educação ambiental são passos indispensáveis.

A conscientização da sociedade também é essencial. Reduzir o consumo de plásticos, dar preferência a materiais recicláveis e apoiar iniciativas de preservação marinha são atitudes individuais que somam na construção de um futuro mais limpo.

O fim do plástico nos mares depende não apenas de soluções tecnológicas, mas de uma mudança cultural e estrutural na forma como lidamos com os resíduos.

Próximos passos para transformar a descoberta em inovação

Apesar dos avanços, os pesquisadores ainda enfrentam diversos desafios. Para que essa descoberta científica seja traduzida em soluções comerciais, será preciso:

  • Desenvolver técnicas de cultivo em larga escala para os fungos;
  • Isolar e produzir as enzimas responsáveis pela degradação de poliuretano;
  • Garantir que o uso dos micro-organismos seja ambientalmente seguro;
  • Testar a aplicação em diferentes tipos de plásticos e ambientes;
  • Tornar o processo economicamente viável para adoção pela indústria.

Organizações de pesquisa, universidades e empresas de biotecnologia devem se unir para acelerar esse processo. A transição de uma descoberta em laboratório para uma solução real aplicada demanda tempo, financiamento e cooperação internacional.

Caminhos para um futuro com menos plástico nos oceanos

A identificação de uma espécie marinha que decompõe plástico resistente como o poliuretano é uma descoberta científica que pode transformar a forma como enfrentamos a poluição nos mares. A capacidade de micro-organismos vivos atuarem como aliados na limpeza dos oceanos reforça a importância da ciência como instrumento de mudança ambiental.

Ainda que a solução esteja em estágio inicial, o potencial é imenso. Se bem desenvolvida, essa tecnologia pode ser integrada a estratégias maiores de economia circular e manejo de resíduos, ajudando não apenas a reduzir o plástico nos oceanos, mas também a melhorar a qualidade dos ecossistemas aquáticos.

Combater a poluição marinha exige inovação, políticas públicas eficazes e ação global coordenada. A ciência, mais uma vez, mostra que é possível encontrar soluções promissoras na própria natureza. Cabe agora à sociedade transformar descobertas como essa em ferramentas reais para proteger o planeta.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x