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Cientistas criam cubo mágico quântico com infinitas possibilidades; entenda os detalhes

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 05/06/2025 às 14:41
Atualizado em 07/06/2025 às 09:56
cubo mágico
Foto: Reprodução
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Pesquisadores criam um cubo mágico quântico com infinitas soluções e movimentos impossíveis no mundo clássico.

Resolver um cubo mágico já é um desafio para muitos. O quebra-cabeça colorido exige lógica, paciência e habilidade.

No entanto, um grupo de cientistas levou o jogo para um nível completamente novo. Eles criaram um cubo mágico quântico, com regras diferentes, infinitos estados possíveis e movimentos que não existem no mundo real.

A pesquisa foi conduzida por uma equipe da Universidade do Colorado em Boulder e publicada na revista Physical Review A. Mais do que uma brincadeira, o estudo representa um avanço sério em física teórica e computação quântica.

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Segundo os autores, “com superposições, o número de estados únicos permitidos do quebra-cabeça é infinito, ao contrário dos quebra-cabeças de permutação comuns”.

Isso porque, ao incorporar conceitos como superposição e emaranhamento, o cubo deixa de ser um simples conjunto de peças móveis para se tornar um sistema muito mais complexo, regido pelas leis da mecânica quântica.

Como o quebra-cabeça quântico funciona

Para entender a inovação, é preciso começar pelos fundamentos. O cubo mágico tradicional é um quebra-cabeça de permutação.

Isso significa que ele possui peças que podem ser trocadas segundo regras específicas, até que se alcance uma configuração desejada.

O grupo de cientistas, porém, substituiu essas peças por partículas quânticas indistinguíveis, como bósons ou férmions. Essa mudança altera radicalmente a dinâmica do jogo.

No modelo básico desenvolvido, os pesquisadores utilizaram um tabuleiro 2×2 com duas partículas “verdes” e duas “azuis“.

Em um cenário clássico, isso geraria apenas seis configurações possíveis. Com partículas quânticas, a história muda completamente.

O movimento de uma peça passa a ser uma superposição de movimentos — ela pode ser considerada movida e não movida ao mesmo tempo.

O papel da operação √SWAP

Essa nova possibilidade é implementada por meio de uma operação chamada √SWAP, ou raiz quadrada do operador de troca. Essa operação cria um movimento que não existe no quebra-cabeça clássico. Como explicam os cientistas, o √SWAP “pode ser interpretado como a superposição igual de trocar e não trocar dois elementos”.

Esse tipo de operação permite a criação de estados intermediários. São configurações que não possuem equivalência no mundo clássico. Isso transforma o jogo em um sistema com infinitas possibilidades.

De um número finito a um universo infinito

O cubo mágico tradicional oferece um número grande, mas finito, de possibilidades: mais de 43 quintilhões de combinações. Já no cubo quântico, o uso de operações como o √SWAP elimina essa limitação.

A razão para isso está na matemática envolvida. As operações quânticas formam um grupo algébrico que não se fecha em um número finito de estados. Isso permite que o sistema explore uma região infinita do chamado espaço de Hilbert, onde são representados os estados quânticos.

Os pesquisadores utilizaram critérios matemáticos de Sawicki e Karnas para confirmar a infinitude desses estados. Como os √SWAPs não comutam entre si, ou seja, a ordem das operações altera o resultado, isso garante que o conjunto de estados não pode ser contado com números finitos.

Assim, o cubo quântico não é apenas uma curiosidade exótica. Ele serve como um modelo teórico para explorar os limites entre o mundo clássico e o quântico, entre o determinismo e a probabilidade.

Como resolver o cubo quântico

Diante de um sistema com infinitos estados, surge a pergunta: como resolver o quebra-cabeça? A resposta envolve redefinir o conceito de solução. Em vez de uma sequência fixa de movimentos, a solução passa a ser probabilística e depende de medições.

O estudo define três tipos de solucionadores. O clássico usa apenas movimentos tradicionais de troca. O quântico utiliza somente o operador √SWAP. Já o combinado pode aplicar os dois tipos de movimentos.

Após uma sequência de operações, o estado do quebra-cabeça é medido. Se ele colapsar para o estado “resolvido”, o problema é considerado solucionado. Caso contrário, o processo recomeça do mesmo ponto.

Eficiência dos solucionadores

Os resultados mostram diferenças claras de eficiência. Em testes com 2.000 embaralhamentos aleatórios, o solucionador clássico precisou de 5,88 movimentos, em média. O quântico utilizou 5,32 movimentos. O combinado foi o mais eficiente, com 4,77 movimentos em média.

O solucionador clássico sofre por não lidar bem com os estados mais complexos, já que depende de uma estrutura limitada de movimentos. Já o combinado aproveita o melhor dos dois mundos, o clássico e o quântico.

Como afirmam os autores, “o solucionador clássico pode resolver alguns estados mais rapidamente, mas sua falta de versatilidade faz com que ele falhe com os mais complexos”.

Um passo adiante: versão tridimensional

Além da versão bidimensional, o estudo também propõe um modelo tridimensional. Esse novo quebra-cabeça tem um formato 2x2x1, aproximando-se um pouco mais da complexidade do cubo mágico tradicional.

Apesar de não replicar integralmente o cubo clássico, essa estrutura tridimensional permite aplicar as mesmas operações quânticas e explora uma complexidade espacial maior.

É possível construir o cubo quântico real?

A construção física desse cubo ainda é um desafio. No entanto, os cientistas sugerem uma possibilidade experimental: redes ópticas com átomos ultrafrios. Nesse tipo de sistema, partículas idênticas podem ser manipuladas com extrema precisão, criando uma espécie de “tabuleiro de xadrez quântico” para realizar movimentos do tipo √SWAP.

Tais plataformas já são usadas em estudos de física quântica fundamental. Assim, elas podem futuramente servir para simular esse tipo de quebra-cabeça quântico em laboratório.

Porém, os próprios autores reconhecem que, no momento, o trabalho ainda é teórico. A proposta serve, principalmente, para refletir sobre como jogos e algoritmos funcionariam sob as regras da mecânica quântica.

Um novo jeito de pensar jogos de lógica

Mais do que um exercício acadêmico, o estudo sugere uma nova forma de encarar jogos de lógica. Ao empregar partículas indistinguíveis, operações unitárias e estruturas algébricas, os autores introduzem uma categoria inédita: os quebra-cabeças quânticos.

Esses novos modelos podem ter aplicações pedagógicas, computacionais e até artísticas. Eles também levantam questões sobre a resolução de sistemas infinitos e a universalidade de certas operações quânticas.

Uma das hipóteses levantadas pelos cientistas é que a vantagem do solucionador quântico aumentaria com o crescimento do tabuleiro. Isso abriria novas possibilidades tanto na física teórica quanto na inteligência artificial aplicada a jogos.

No fim, o que começou como uma brincadeira intelectual tornou-se uma contribuição concreta para o estudo da computação quântica e da lógica em realidades que vão além do nosso mundo clássico.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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