Piracicaba teme perda de empregos por tarifaço que atinge exportações aos EUA. Cidade paulista, quarta maior exportadora para os EUA, pode sofrer forte impacto econômico com sobretaxa de 50% anunciada por Donald Trump.
A perda de empregos por tarifaço se tornou a maior preocupação dos moradores de Piracicaba (SP). A cidade, que exportou US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 7 bilhões) aos Estados Unidos no último ano, viu seu setor industrial — especialmente o metal-mecânico — ser incluído na alíquota máxima de 50% determinada pelo governo Trump. O temor é de um efeito dominó que começa na indústria, passa pelo comércio e chega até os serviços, afetando milhares de famílias.
Segundo reportagem do jornal O Globo, empresários, sindicalistas e trabalhadores já falam em férias coletivas, lay-offs e demissões, caso não haja mudança nas regras. O impacto pode atingir até 5 mil empregos formais, com perdas de renda que chegariam a R$ 242 milhões somente em Piracicaba.
Por que Piracicaba é tão afetada pelo tarifaço?
A indústria metal-mecânica é o motor econômico da cidade. Quase 50% dos empregos formais locais vêm desse setor, que exporta máquinas agrícolas, de construção e peças automotivas. Ao contrário de outros municípios que tiveram exceções, Piracicaba não escapou da sobretaxa americana.
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Cristiane Feltre, pesquisadora da PUC-Campinas, explica que a dependência externa é decisiva: “Na região, 36% da força de trabalho está ligada à indústria. No estado e no país, essa média não passa de 18%”. Esse cenário coloca Piracicaba em posição de vulnerabilidade diante das mudanças no comércio internacional.
Primeiros sinais da crise já aparecem
Empresas de médio porte, como a Tecparts do Brasil, congelaram projetos de exportação para os EUA. “Tudo que vem abrupto desse jeito causa estresse”, afirmou o diretor André Simioni, ressaltando que buscar novos mercados leva tempo.
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Mecânicas (Simespi) alerta que a “segunda onda” virá em breve. A estimativa é de até 5 mil cortes de empregos, com reflexo imediato no comércio e nos serviços locais.
O peso da Caterpillar e da indústria estrangeira
Um símbolo do polo industrial de Piracicaba é a fábrica da Caterpillar, maior unidade da multinacional fora dos EUA, com 4 mil funcionários. A empresa exporta 80% da produção — metade para os americanos. Boatos sobre cortes de produção circulam na cidade, mas a direção global afirma que nenhuma decisão será tomada até que haja mais clareza no cenário.
A dependência de contratos internacionais coloca em risco não apenas os empregos diretos, mas toda a cadeia de fornecedores e serviços que gira em torno dessas fábricas.
Comércio e serviços também sentem o impacto
No comércio, o clima é de apreensão. Jorge Aversa, vice-presidente da Associação Comercial de Piracicaba, diz que “a notícia do tarifaço abalou psicologicamente os empresários”. Restaurantes da Rua do Porto, tradicional ponto turístico da cidade, já registram queda no movimento de clientes ligados ao turismo de negócios.
Até instrutores de autoescola temem prejuízos. José Antônio Bueno, que atua há 25 anos, teme que “com menos renda, as pessoas deixem de lado a habilitação para focar nas necessidades básicas”.
O que o governo pode fazer?
O governo federal anunciou R$ 40 bilhões em linhas de crédito via BNDES para apoiar exportadores. Além disso, empresários de Piracicaba pedem desoneração da folha e mecanismos de defesa comercial. Apesar disso, especialistas afirmam que não existe “bala de prata” e que a adaptação será inevitável.
A secretária municipal Thais Fornicola lembra que a cidade exporta também açúcar, álcool e veículos para o Mercosul. No entanto, os EUA representam quase a metade do total de exportações locais. A dependência é tão grande que o valor exportado aos americanos supera o orçamento anual do município.
A perda de empregos por tarifaço é uma ameaça real para Piracicaba. De grandes indústrias como a Caterpillar até pequenos negócios locais, o impacto pode se espalhar rapidamente e comprometer a estabilidade econômica de toda a região.
E você, acredita que Piracicaba conseguirá se adaptar ou o tarifaço vai deixar marcas profundas na cidade? Deixe sua opinião nos comentários e participe do debate sobre o futuro do trabalho na região.