Uberlândia atrai atenção nacional com pacote bilionário de investimentos, geração de milhares de empregos e instalação do primeiro Data Center com IA da região Sudeste. A cidade do Triângulo Mineiro reforça sua posição estratégica no cenário econômico brasileiro.
Uberlândia, no Triângulo Mineiro, caminha para se consolidar como um dos principais polos de desenvolvimento econômico do país a partir de 2025.
A segunda maior cidade de Minas Gerais em população e Produto Interno Bruto (PIB) anunciou nesta semana um pacote de investimentos privados que ultrapassa R$ 10,3 bilhões, com expectativa de criação de mais de 26 mil empregos diretos e indiretos.
Essa movimentação, segundo especialistas, reforça a posição estratégica do município no cenário nacional e deve atrair ainda mais trabalhadores e empresas para a região.
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Com 713.232 habitantes, conforme o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Uberlândia liderou o crescimento populacional entre cidades mineiras com mais de 100 mil moradores no período de 2010 a 2022, registrando aumento de 18%.
O avanço populacional é impulsionado por oportunidades de emprego e infraestrutura, elementos que tendem a ganhar força diante do volume de investimentos anunciado.
O economista e professor da pós-graduação em Finanças do Ibmec, Gilberto Braga, explica que o efeito de atração da cidade deve se expandir para municípios vizinhos.
“A tendência é que cidades mais próximas sejam atraídas por Uberlândia como um polo de desenvolvimento. Ela é a chamada capital do Triângulo Mineiro e vai atrair cidades como satélites, que de alguma maneira pegam um pouco desse crescimento”, afirmou.
De acordo com Braga, o movimento é motivado pela oferta de postos de trabalho, embora o custo de moradia ainda não seja fator determinante para migração a cidades do entorno, já que o município ainda dispõe de áreas para expansão habitacional.
Força econômica no contexto mineiro
No ranking das cidades mais ricas de Minas Gerais, Uberlândia ocupa a segunda posição, com participação de 5% no PIB estadual, o equivalente a R$ 42,8 bilhões.
A capital, Belo Horizonte, responde por 12,3% do PIB mineiro (R$ 105 bilhões), seguida por Contagem (4,3%), Betim (3,9%) e Nova Lima (2,5%).
Em termos populacionais, apenas Belo Horizonte, com 2,3 milhões de habitantes, e Contagem, com 621,8 mil moradores, superam a cidade no Triângulo Mineiro.
Investimento bilionário e setores beneficiados
O pacote anunciado pela prefeitura inclui 20 empresas de setores diversos, como construção civil, agroindústria, logística, indústria química, produção de bebidas e laticínios, além de tecnologia.
A lista contempla nomes como:
- Carmeuse (indústria química)
- Cemig (energia elétrica)
- Grupo Bahamas (varejo)
- Haifa (fertilizantes)
- MRV (construção civil)
- Lactalis (laticínios)
- Uberlândia Refrescos (bebidas)
- Grupo Neospace (tecnologia)
Entre os anúncios, um dos mais relevantes é a instalação do primeiro Data Center com Inteligência Artificial da região Sudeste, a ser operado pela empresa norte-americana RT-One.
O projeto receberá aporte inicial de R$ 6 bilhões, mas ainda não tem prazo definido para início das operações.
Outro investimento expressivo é o da Lactalis, que aplicará R$ 291,1 milhões até 2027 para construir uma nova planta industrial e ampliar a linha de produção local.
Segundo a prefeitura, parte dos recursos virá de empresas multinacionais do ramo agropecuário industrial que preferem manter seus aportes em caráter sigiloso.
A administração municipal atribui o resultado à política de prospecção ativa e facilitação de processos para abertura e ampliação de negócios.
Consolidação de um perfil econômico
Para o economista Gilberto Braga, o volume de recursos reforça setores nos quais a cidade já é referência, especialmente o agronegócio e atividades correlatas.
“Se partirmos do pressuposto que a maioria deles se confirme, Uberlândia consolidará aquilo em que já se destaca. Nos anúncios, vê-se uma tendência de investimentos ligados direta ou indiretamente ao agronegócio. Então, não há uma nova vocação que aparece na cidade, e sim uma confirmação”, avaliou.
A diversidade de setores contemplados, no entanto, amplia o potencial de absorção de mão de obra qualificada e não qualificada, o que pode modificar o perfil socioeconômico local nos próximos anos.
Qualidade de vida e competitividade regional
Apesar do ritmo de crescimento, Uberlândia mantém características que a diferenciam de outros centros urbanos de porte semelhante.
Braga aponta que, mesmo sendo uma cidade grande, o município ainda preserva certa tranquilidade e custo de vida mais acessível em comparação a localidades próximas de grandes capitais.
Essa combinação, somada a uma infraestrutura consolidada de serviços, educação e saúde, fortalece sua competitividade na atração de novos empreendimentos e profissionais.
A expectativa é que o impacto dos investimentos não se restrinja ao perímetro urbano.
O desenvolvimento econômico tende a beneficiar municípios vizinhos por meio de novos fluxos de comércio, serviços e deslocamento de trabalhadores, transformando Uberlândia em um polo de influência regional mais robusto.
Com esse novo ciclo de investimentos, a cidade se coloca em posição estratégica para liderar transformações na economia do interior brasileiro.
A pergunta que permanece é: qual será o tamanho da influência de Uberlândia sobre o desenvolvimento econômico do Brasil nos próximos anos?