No sul de Minas, um município de 42 mil habitantes concentra mais de 70% do mercado nacional de eletrônicos de segurança e se transforma em referência em IoT, automação e formação tecnológica.
Com cerca de 42 mil habitantes, Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, consolidou-se como o principal polo nacional de eletrônicos para segurança, segundo o Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel).
As empresas instaladas no município são responsáveis por mais de 70% do mercado brasileiro de equipamentos voltados à segurança e também se destacam nas áreas de Internet das Coisas (IoT) e automação industrial.
Modelo de integração impulsiona o desenvolvimento
A cidade adota o conceito de “hélice tríplice”, que integra academia, indústria e governo.
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O formato, apontado por gestores e pesquisadores como fator decisivo para o avanço tecnológico local, orienta políticas públicas, formação de mão de obra e cooperação entre empresas.
Esse modelo ganhou novo impulso em 2011, com a criação do Parque Tecnológico de Santa Rita do Sapucaí, estrutura voltada à pesquisa, inovação e incubação de negócios.
O parque reúne empresas, startups e instituições de ensino que compartilham laboratórios, infraestrutura e conhecimento técnico.
Origem da vocação tecnológica

O início da trajetória tecnológica do município remonta a 1959, quando Luzia Rennó Moreira (Sinhá Moreira) fundou a Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa (ETE FMC), considerada a primeira escola técnica de eletrônica da América Latina.
A iniciativa formou profissionais especializados e atraiu empresas e investidores, segundo o próprio colégio e registros históricos da região.
Desde então, o setor educacional de Santa Rita do Sapucaí tornou-se um dos pilares do desenvolvimento econômico local.
A cidade abriga instituições como a Faculdade de Administração e Informática (FAI) e o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), que oferecem cursos técnicos e superiores voltados à tecnologia.
Atuação no mercado e expansão do setor
Dados do Sindvel indicam que as empresas locais dominam o mercado de produtos de segurança eletrônica, como câmeras, alarmes e sistemas de controle de acesso.
O sindicato também aponta crescimento constante no número de negócios ligados a robótica, IoT e automação industrial.
Segundo levantamento da entidade, o faturamento agregado do setor aumentou cerca de 20% nos primeiros meses de 2025, reflexo da ampliação da demanda por dispositivos inteligentes e da expansão das exportações para países da América Latina e Europa.
Educação como base da inovação
A formação técnica e universitária é considerada um dos diferenciais competitivos do município.
De acordo com o Inatel, o ambiente educacional facilita a criação de startups e o desenvolvimento de soluções tecnológicas.
A instituição mantém programas de pré-incubação e aceleração de empresas, que orientam estudantes e pesquisadores na transformação de projetos acadêmicos em produtos comerciais.
O Inatel também promove eventos de inovação, como o Connect Summit, que reúne empresas e especialistas para debater tendências em tecnologia e ampliar oportunidades de investimento.
Essas iniciativas, segundo o instituto, ajudam a consolidar a imagem de Santa Rita do Sapucaí como referência nacional em eletrônica aplicada.
Ecossistema que estimula novos negócios
Empreendedores locais afirmam que a proximidade entre escolas, fornecedores e empresas facilita o surgimento de novas iniciativas.
Um exemplo é o de Domingos Adriano, ex-aluno da ETE, do Inatel e da FAI, que hoje atua no setor de educação.
Em entrevista ao g1, ele afirmou: “Consigo terceirizar boa parte do meu processo produtivo, e isso me dá bastante eficiência e flexibilidade. Isso é possível por estar num ecossistema que provê isso”.
Além do capital humano, incentivos fiscais municipais e programas de apoio ao empreendedorismo contribuem para a manutenção das empresas na região e atraem novos investidores.
Cooperação empresarial e alcance internacional
A coordenação entre os fabricantes locais é feita pelo Sindvel, que reúne companhias dos segmentos de centrais de alarme, sensores, interfonia, automação de portões e controle de acesso.
Segundo o sindicato, o município exporta equipamentos para mais de 30 países e participa de feiras internacionais do setor.
Eventos como a Feira Industrial do Vale da Eletrônica (FIVEL) servem de vitrine para os produtos desenvolvidos na cidade e estimulam a troca de conhecimento entre empresas e instituições de pesquisa.
Comparativo com outros polos tecnológicos
Embora Campinas (SP) também seja reconhecida por sua concentração de centros de pesquisa e empresas de tecnologia, especialistas avaliam que Santa Rita do Sapucaí possui características próprias, marcadas pela produção em escala industrial e pela proximidade entre inovação e manufatura.
Segundo pesquisadores do setor, os dois polos se complementam na cadeia tecnológica nacional, unindo pesquisa avançada e aplicação prática.
Perspectivas do setor tecnológico mineiro
O planejamento das instituições locais prevê expansão da infraestrutura e ampliação da formação técnica e superior para atender à demanda por profissionais especializados em automação, telecomunicações e cibersegurança.
Representantes do Inatel e do Sindvel afirmam que as próximas etapas incluem o fortalecimento das exportações e a integração de tecnologias emergentes, como inteligência artificial embarcada e conectividade 6G.
Com um ecossistema estruturado e empresas consolidadas no mercado nacional, Santa Rita do Sapucaí busca agora ampliar sua presença internacional e diversificar a produção de equipamentos inteligentes.



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