Com crescimento anual de 20%, valorização imobiliária de 18% e PIB bilionário, cidade do agronegócio no Mato Grosso se consolida como capital do progresso rural brasileiro.
No coração do Centro-Oeste, uma cidade que há poucas décadas era apenas um pequeno distrito agrícola se transformou em um dos polos mais dinâmicos do agronegócio nacional. Seu crescimento é tão acelerado que os números impressionam até os economistas mais experientes: o Produto Interno Bruto (PIB) municipal cresceu acima da média brasileira por mais de uma década, o número de habitantes dobrou em poucos anos e o valor do metro quadrado sobe a um ritmo que rivaliza com o de regiões metropolitanas. Essa cidade é Sorriso, no norte de Mato Grosso, conhecida hoje como a “Capital Nacional do Agronegócio”.
De vila agrícola a potência econômica
Fundada oficialmente em 1986, Sorriso nasceu do avanço das fronteiras agrícolas do país, impulsionadas por incentivos governamentais e pela expansão da soja no Cerrado mato-grossense.
Em pouco tempo, o que era uma vila isolada cercada por pastos e lavouras se transformou em um centro urbano moderno, com arranha-céus, shopping centers, universidades e uma das maiores concentrações de maquinário agrícola do mundo.
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Hoje, a cidade possui mais de 100 mil habitantes, segundo estimativas do IBGE, e cresce cerca de 20% ao ano em população e renda. O ritmo é impulsionado pelo agronegócio, que gera milhares de empregos diretos e indiretos, movimenta bilhões de reais por safra e atrai investidores imobiliários e industriais de todo o país.
O poder da soja e a economia que não para
Sorriso lidera o ranking nacional de produção de soja, com 2,5 milhões de toneladas colhidas por safra, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Além disso, o município figura entre os maiores exportadores de milho, algodão e carnes bovinas do Brasil.
O valor bruto da produção agropecuária local ultrapassa os R$ 10 bilhões anuais, o que equivale ao PIB de muitos estados pequenos.
Essa riqueza se reflete na infraestrutura: as rodovias que cortam a cidade estão sempre movimentadas por caminhões carregados de grãos e fertilizantes, e o aeroporto regional vem sendo ampliado para receber voos de carga e passageiros.
Terrenos e imóveis que se valorizam a cada safra
A prosperidade agrícola impulsionou o mercado imobiliário local de forma inédita. Segundo dados da Associação dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso (CRECI-MT), o valor dos terrenos urbanos e rurais em Sorriso aumentou em média 18% ao ano na última década, um índice superior ao da maioria das capitais brasileiras.
Em bairros planejados como o Jardim dos Ipês e o Portal Kaiabi, o metro quadrado residencial já supera os R$ 5 mil, enquanto áreas rurais destinadas ao agronegócio chegam a R$ 100 mil por hectare, dependendo da localização e do potencial produtivo. A combinação de renda alta e qualidade de vida tem atraído uma nova leva de migrantes — aposentados, empresários e investidores — em busca de oportunidades fora dos grandes centros.
Migração, oportunidades e desafios
A migração em direção a Sorriso é um fenômeno real e crescente. De acordo com o IBGE, mais de 60% dos moradores não nasceram no município, o que revela o poder de atração da cidade. Muitos vieram do Sul e do Sudeste, impulsionados pelo alto custo de vida das capitais e pelo sonho de participar de um dos setores mais rentáveis do país.
No entanto, o crescimento acelerado também trouxe desafios: pressão sobre o saneamento, trânsito cada vez mais intenso e demanda crescente por escolas e hospitais.
Mesmo assim, os índices de qualidade de vida permanecem entre os melhores do estado, e a renda per capita é uma das mais altas do Brasil, superando os R$ 75 mil anuais, segundo dados da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz-MT).
O futuro da capital do agronegócio brasileiro
Sorriso é hoje o retrato da nova fronteira do desenvolvimento brasileiro, uma cidade que prospera sem depender de indústria pesada, apoiando-se em tecnologia, eficiência e no campo. Tratores autônomos, drones agrícolas, estações meteorológicas conectadas à internet e startups de agrotecnologia fazem parte da rotina local, mostrando que o agronegócio moderno é muito mais do que plantar e colher.
O município também se prepara para o futuro com projetos de expansão de energia limpa, pavimentação de rodovias vicinais e fortalecimento logístico por meio da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO), que ligará a região diretamente aos portos do Arco Norte.
A história de Sorriso é a de um Brasil que aprendeu a crescer com os pés no solo fértil e os olhos voltados para o futuro. De uma pequena colônia agrícola a uma potência bilionária, o município simboliza como o interior pode se tornar o motor econômico de uma nação.



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