Município conhecido como capital do ovo produz 132 unidades por segundo, alcança 4,16 bi/ano, lidera produção nacional e sustenta polo avícola estratégico.
Em 28 de setembro de 2025, a IstoÉ Dinheiro publicou reportagem mostrando que um pequeno município capixaba, localizado a cerca de 80 km a noroeste de Vitória (ES), consagrou-se como a “capital do ovo”. Trata-se de Santa Maria de Jetibá, município à altitude de 700 metros, cuja produção avícola registrada em 2024 alcançou 4,16 bilhões de unidades, o que equivale a 132 ovos produzidos por segundo.
Esse impressionante número não é episódico: por quase uma década, Santa Maria de Jetibá mantém domínio absoluto no ranking nacional da produção de ovos, superando cidades maiores e estados inteiros. No espírito de um grande empreendimento agrícola-industrial, a cidade conhecida como “capital do ovo” funciona como um grande polo avícola, abastecendo todo o Brasil e influenciando cadeias produtivas inteiras.
Localização estratégica e clima favorável para avicultura
Santa Maria de Jetibá está posicionada em uma região de montanha do Espírito Santo, com altitudes entre 700 e 1.450 metros sobre o nível do mar. Essa geografia ajuda a manter temperaturas mais brandas, o que favorece a criação de galinhas poedeiras, algumas das principais condicionantes para produção de ovo com qualidade.
-
“Se compro comida para meus filhos, não tenho ração para as vacas”: drama de produtor resume a crise do leite no Paraná, onde importações e falta de lucro ameaçam milhares de famílias
-
Bradesco alerta: acordo entre EUA e China e efeito de La Niña ameaçam o agro em 2026
-
Do café que construiu São Paulo à soja que domina o mundo: como o Brasil virou potência agrícola de trilhões em exportações
-
Seara lança CRA de R$ 3 bilhões com garantia da JBS
Além disso, o município possui clima relativamente estável e condições agroambientais que reduzem estresse térmico nas aves, o que melhora conversão alimentar e mantém elevados índices produtivos.
Os números que impressionam: produção por segundo, ranking nacional e crescimento
- Produção anual (2024): 4,16 bilhões de ovos
- Isso corresponde a uma média de 132 ovos por segundo
- A cidade lidera o ranking nacional de produção avícola, com quase 1 bilhão de ovos a mais que o segundo colocado no país
- O setor cresceu 9,3% em relação a 2023, com incremento de 354 milhões de ovos adicionais
Com esse desempenho, Santa Maria de Jetibá reafirma seu papel como polo avícola estratégico não apenas no Espírito Santo, mas no Brasil inteiro.
“O rei do ovo” e as empresas que estruturam o polo
A produção não depende apenas de aspectos físicos ou naturais: há empreendimentos e líderes estruturantes por trás dessa expansão.
Um deles é o empresário Ricardo Faria, conhecido na região como “o rei do ovo”. Ele é CEO da Global Eggs, empresa que possui cerca de 20 unidades de produção de ovos comerciais espalhadas pelo Brasil, muitas delas localizadas ou relacionadas com a base produtiva de Santa Maria de Jetibá.
Esse tipo de investimento cria uma infraestrutura agroindustrial local robusta, com integração de insumos, logística, genética avícola e processamento — elementos necessários para sustentar volumes tão altos de produção.
Comparações nacionais: Jetibá x grandes centros avícolas
Santa Maria de Jetibá não é apenas um município pequeno fazendo barulho: é o maior produtor de ovos do Brasil. Desde 2016, vem superando Bastos (SP), tradicional cidade avícola, no ranking nacional.
Em 2024, Bastos alcançou cerca de 3,24 bilhões de ovos, 11,2% a mais que em 2023, mas ainda ficou atrás de Jetibá.
Se compararmos estados, São Paulo liderou a produção nacional em 2024 com 15,3 bilhões de ovos, equivalente a 23,5% do total brasileiro. Em seguida vêm Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
Esses dados revelam como mesmo municípios menores, se organizados e especializados, podem superar grandes centros avícolas no desempenho produtivo.
Desafios logísticos, sanitários e ambientais
Alcançar números gigantes traz responsabilidades e riscos. Para manter a produção em escala massiva, Santa Maria de Jetibá enfrenta desafios consideráveis:
- Transporte e logística: levar os ovos para centros urbanos distantes exige rede de frios e distribuição eficiente para evitar perdas.
- Sanidade avícola: controle de doenças aviárias, biossegurança nas granjas e vigilância contínua são imprescindíveis para evitar surtos que possam devastar rebanhos.
- Sustentabilidade ambiental: uso de água, produção de dejetos, manejo de resíduos e impacto em solos e lençóis subterrâneos precisam ser geridos com critérios.
- Oferta de mão de obra e capacitação técnica: manter qualidade exige técnicos, veterinários e mão de obra especializada local.
- Custos de insumos nacionais: ração, energia elétrica e transporte, que tipicamente têm custo elevado no Brasil, pressionam margens dos produtores.
Superar esses gargalos é parte da estratégia de crescimento sustentável para manter liderança e competividade.
O potencial de atração e o papel no mercado nacional
Quando uma cidade assume o protagonismo em um produto básico (como o ovo), passa a ter importância estratégica. Alguns impactos possíveis:
- Atração de indústrias correlatas, como fábricas de ração, incubadoras, empacotadoras e redes de distribuição.
- Formação de polos agroindustriais locais, gerando emprego e renda na região.
- Influência em políticas públicas do setor avícola — especialistas locais viram referência técnica para iniciativas estaduais e federais.
- Integração com programas de abastecimento nacional, parcerias com redes de supermercados e até exportações.
Santa Maria de Jetibá já cumpre parte desse papel: é referência no Espírito Santo, exporta conhecimento e recebe investimentos de grandes redes do setor.
O retrato de uma cidade agrícola-industrial
Embora muitos imaginem que polos produtivos imensos só existam em grandes capitais, esse município capixaba refuta isso.
Com produção monumental, empresas consolidadas, e escala global de ovos, Santa Maria de Jetibá funciona como uma verdadeira cidade agrícola-industrial — com identidade econômica clara e impacto nacional.
Ali, todo o ar matinal pode estar impregnado com o cheiro do campo; os galpões de incubação respiram tecnologia, e as rotas de distribuição se estendem por todo o Brasil. Essa cidade que “bota ovos” já se tornou sinônimo de eficiência, produtividade e liderança no setor agropecuário nacional.