Condomínio de bilionários em Paraty se torna rota líder em voos de helicópteros no litoral do Rio de Janeiro
Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, registra aumento recorde de operações de helicópteros em condomínio exclusivo. O movimento cresce junto à demanda por mobilidade aérea entre residências de luxo.
Condomínio de bilionários em Paraty se torna rota líder em voos de helicópteros no litoral do Rio de Janeiro
Paraty, cidade conhecida pelas suas praias e pela extensa Mata Atlântica, nunca registrou tantas operações de helicópteros quanto nos últimos meses.
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O Condomínio Laranjeiras, localizado próximo ao centro histórico da cidade, consolidou-se como um dos principais destinos da frota da Revo, plataforma digital de mobilidade aérea pertencente ao grupo português Omni Helicopters International (OHI).
A importância do condomínio Laranjeiras para a mobilidade aérea
Segundo reportagem publicada pelo jornal Bloomberg Línea, o local, que reúne mansões de famílias bilionárias brasileiras, passou a ser o segundo heliponto mais movimentado do país para a Revo, atrás apenas da rota que liga a avenida Faria Lima ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
A informação foi confirmada pelo CEO da Revo, João Welsh, em entrevista concedida ao mesmo veículo.
A plataforma, que iniciou suas operações no Brasil em 2023, surpreendeu-se ao perceber que muitos bilionários com jatos particulares também optam por seus serviços de helicóptero para deslocamentos no país.
“Uma das surpresas que tivemos desde o lançamento da Revo em 2023 foi ver que bilionários, que possuem seus próprios jatinhos, também buscam nossos serviços”, afirmou Welsh, durante evento no aeroporto privado Catarina, da JHSF, em São Roque (SP).
Localizado a cerca de 25 quilômetros do centro histórico de Paraty, o Condomínio Laranjeiras ocupa uma área de 1.131 hectares, sendo que 95% do terreno é preservado pela Mata Atlântica.
Projetado na década de 1970, o empreendimento se destaca pela combinação rara de montanha e mar em uma planície.
Ali vivem ou já viveram integrantes de algumas das famílias mais influentes do Brasil, como os Setubal e Villela (Itaú), Marinho (Globo), Moraes (Votorantim), Saad (Bandeirantes), Camargo (Construtora Camargo Corrêa), Klabin (indústria de papel e celulose) e Klein (Casas Bahia).
Rotas e destinos exclusivos da Revo no litoral e interior paulista
De acordo com a apuração do Bloomberg Línea, além de Paraty, a Revo opera outras rotas que conectam importantes destinos litorâneos e residenciais de alto padrão, principalmente no Estado de São Paulo.
Entre esses locais estão a Praia de Juquehy e Ilhabela, no litoral norte, e o Guarujá, na Baixada Santista, onde o condomínio Jardim Acapulco se destaca pela exclusividade e alto valor dos imóveis.
Segundo o CEO da Revo, há uma tendência clara que ele denomina “a casa na praia como terceira residência”.
Muitas famílias que vivem em São Paulo possuem uma segunda casa no campo — em locais como Fazenda Boa Vista ou Quinta da Baroneza — e a terceira propriedade é a casa de praia, para a qual preferem se deslocar de helicóptero, evitando os congestionamentos e as longas viagens de carro.
O Condomínio Laranjeiras não é o único complexo residencial com voos operados pela Revo.
Conforme o jornal também apontou, o Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (a cerca de 100 km da capital paulista), foi o primeiro condomínio a ter esse serviço.
Hoje, ele ocupa a terceira posição entre as rotas mais movimentadas da plataforma.
Já a Quinta da Baroneza, localizada em Bragança Paulista, é outro heliponto bastante utilizado.
A mobilidade aérea executiva em São Paulo e o impacto do terminal BTG Pactual
A mobilidade aérea da Revo não se limita ao litoral e ao interior de São Paulo.
Na capital paulista, a companhia opera rotas que ligam o aeroporto de Guarulhos a centros financeiros, usando helipontos localizados em edifícios de alto padrão como o Internacional Plaza II, na esquina da Faria Lima com a Juscelino Kubitschek, e o Cidade Jardim Continental Tower, na Marginal Pinheiros.
Em Barueri, na região de Alphaville, outro condomínio residencial exclusivo também recebe voos da Revo.
A inauguração do terminal privado do banco BTG Pactual no aeroporto de Guarulhos, em dezembro de 2024, impulsionou ainda mais a demanda por esses voos executivos.
O terminal oferece conforto e agilidade para os passageiros de perfil financeiro e corporativo que utilizam os serviços da Revo.
Conforme Welsh, a rota entre a Faria Lima e Guarulhos representa entre 20% e 30% dos voos da plataforma, dependendo do período do ano.
O trajeto dura cerca de oito a dez minutos, com custo médio de R$ 2.500 por assento vendido.
No aeroporto paulista, o atendimento VIP também inclui carros modelo Volvo à disposição dos clientes do BTG, que são levados do terminal ao avião, garantindo conforto e segurança na transição entre os modais.
Expansão da Revo e os próximos desafios para a mobilidade aérea urbana
Com apenas dois anos de operação no Brasil, a Revo ainda não alcançou o ponto de equilíbrio financeiro, o chamado breakeven.
O CEO João Welsh destaca que o investimento é de longo prazo e que a experiência acumulada pelo Grupo OHI, com 25 anos de atuação global na aviação, é um diferencial importante para a consolidação da plataforma no país.
O grupo português tem histórico na logística de transporte para o setor de petróleo e gás, incluindo o transporte de profissionais para as plataformas da Petrobras no alto mar.
Esse conhecimento contribui para a credibilidade da Revo, principalmente entre clientes de alta renda que exigem elevados padrões de segurança e serviço.
O próximo desafio da empresa é abrir uma nova rota na região da avenida Paulista, um dos principais centros financeiros, culturais e industriais de São Paulo.
A busca por um heliponto adequado envolve avaliar a infraestrutura necessária para o atendimento ao cliente, como espaço para concierge e área de espera.
Nem todos os helipontos do bairro dos Jardins estão disponíveis para uso público; o do Hotel Emiliano, na rua Oscar Freire, é exclusivo para hóspedes.
Além de São Paulo e Paraty, a Revo também opera no Rio de Janeiro, com voos que desembarcam no aeroporto Santos Dumont, localizado próximo ao centro da capital fluminense.
No Rio, outros helipontos são preferidos pelo público de altíssima renda, como o aeroporto de Jacarepaguá, que facilita o acesso a bairros como Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, conforme o CEO da plataforma de fretamento Flapper, Paul Malick.
Para fortalecer sua imagem e ampliar o alcance da marca, a Revo conta com o apoio de celebridades que atuam como embaixadores da plataforma, entre eles Sig Bergamin, Álvaro Garnero, Fabi Saad e Carol Bassi.
Segundo Welsh, o grupo de embaixadores atual é suficiente para ajudar na consolidação do serviço e da marca no mercado.
O crescimento da demanda por voos de helicóptero em condomínios exclusivos, como o Laranjeiras, revela uma mudança nos hábitos das famílias mais ricas do país, que buscam mobilidade rápida, eficiente e segura para suas residências de luxo, espalhadas entre a capital, o campo e o litoral.
Com o avanço da mobilidade aérea urbana e intermunicipal, a tendência é que essas rotas se expandam, conectando cada vez mais destinos estratégicos para o público de alta renda, e consolidando o uso do helicóptero como meio de transporte cotidiano para quem busca economizar tempo e evitar o trânsito.