Em uma cidade conhecida pelos arranha-céus e pelo turismo, quase metade da população vive de aluguel. Dados do IBGE revelam um cenário que coloca Balneário Camboriú na liderança entre os grandes centros brasileiros quando o tema é moradia.
À primeira vista, Balneário Camboriú é sinônimo de prédios altos, praias movimentadas e um mercado imobiliário sempre em ebulição.
Entre moradores e visitantes, a paisagem verticalizada salta aos olhos — e ajuda a explicar um traço que distingue o município do restante do país: ali, quase metade da população vive de aluguel.
O retrato é do IBGE e coloca a cidade catarinense no topo entre os grandes centros brasileiros quando o assunto é a proporção de pessoas morando em imóveis alugados.
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No conjunto do país, a moradia própria continua predominante.
Mesmo assim, o IBGE identifica que a locação ganhou espaço nas últimas décadas.
Em Balneário Camboriú, o fenômeno se destaca de forma ainda mais intensa.
Segundo o Censo 2022, 45,2% dos moradores residem em domicílios alugados.
A distância em relação à média nacional é ampla: 20,9% dos brasileiros vivem nessa condição, ou aproximadamente um em cada cinco habitantes.
A diferença consolida o município como a “capital do aluguel” entre as cidades com mais de 100 mil habitantes.
Por que a cidade aparece tão deslocada do padrão nacional?
O Censo oferece um retrato quantitativo, sem atribuir causas, mas a leitura do perfil urbano ajuda a contextualizar.
Balneário Camboriú reúne alta densidade, forte atração migratória e mercado de trabalho dinâmico, além de uma verticalização expressiva.
Em outro recorte do próprio censo, mais de 57% dos moradores vivem em apartamentos, indicador que reforça a oferta de unidades em edifícios residenciais — um ambiente propício à locação por prazos variados.
O que o Censo mostra sobre a “capital do aluguel”
A base de comparação que coloca Balneário Camboriú no topo considera apenas municípios com 100 mil habitantes ou mais.
O objetivo é evitar distorções provocadas por cidades muito pequenas, onde variações mínimas podem inflar percentuais.
Dentro desse grupo, a cidade catarinense lidera com folga e se distancia tanto da média nacional quanto do patamar observado na maior parte das cidades do mesmo porte.
No recorte nacional de “condição de ocupação”, o IBGE registra que 72,7% da população mora em domicílios próprios — já quitados, herdados, recebidos ou ainda em aquisição.
A participação dos domicílios de aluguel chegou a 20,9%, em trajetória de alta na comparação com 2010 e 2000.
Em números absolutos, o estoque habitacional contabiliza 16,1 milhões de domicílios alugados, o que representa 22,2% do total de domicílios particulares permanentes.
Esses parâmetros permitem dimensionar o quão acima da curva está Balneário Camboriú quando a análise se limita às cidades grandes.
Extremidades do ranking entre cidades grandes
Enquanto Balneário Camboriú puxa a fila com a maior proporção de moradores em imóveis alugados, a outra ponta do ranking revela um cenário oposto.
Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, Cametá (PA) aparece com 3,1% de moradores vivendo de aluguel.
O contraste entre os extremos indica a heterogeneidade do mercado de moradia no país, especialmente quando o foco recai sobre a locação.
Variações regionais, características urbanas e dinâmicas demográficas contribuem para composições muito diferentes de cidade para cidade.
Municípios menores também têm alta taxa de aluguel
Se o olhar se amplia para todos os 5.570 municípios, surgem localidades com percentuais ainda mais altos de moradores de aluguel, mas fora do recorte de “cidades grandes”.
Lucas do Rio Verde (MT) registra 52% de residentes em imóveis alugados, e Campo Novo do Parecis (MT) tem 47%.
Esses exemplos, embora reveladores sobre a disseminação da locação no interior do país, não alteram a liderança de Balneário Camboriú dentro do grupo de maior porte populacional, que é o foco desta comparação.
Como a verticalização influencia o mercado de aluguel
O perfil de Balneário Camboriú ajuda a contextualizar por que a locação tem peso tão elevado no município.
Com 139.155 habitantes no Censo 2022 e uma das maiores taxas de moradores em apartamentos do país, a cidade se consolidou como um polo de edifícios residenciais.
Essa configuração urbana costuma favorecer o mercado de aluguel, seja por facilitar a oferta de unidades, seja por atrair fluxos sazonais de trabalho e estudo, além de movimentos migratórios permanentes.
O IBGE, porém, sublinha que o Censo mede e compara; atribuir causas específicas exige estudos adicionais.
Tendência nacional: o avanço do aluguel
Ao longo das últimas duas décadas, a locação avançou no Brasil, ainda que a moradia própria siga majoritária.
A série histórica do IBGE confirma esse movimento, com crescimento consistente do aluguel e redução relativa da participação do domicílio próprio nos totais.
Trata-se de uma mudança estrutural que atravessa regiões, embora com intensidades diferentes.
O Centro-Oeste apresenta a maior participação de moradores de aluguel entre as grandes regiões, enquanto outras ficam abaixo da média nacional.
A leitura cruzada com o porte dos municípios sugere que áreas mais adensadas e com mercados de trabalho aquecidos tendem a concentrar fatias maiores de locatários — um padrão que dialoga com centros turísticos, polos universitários e cidades com forte setor de serviços.
O que a liderança de Balneário Camboriú representa
A posição de Balneário Camboriú como “capital do aluguel” entre as cidades grandes tem base em números oficiais, comparáveis e recentes.
Para quem acompanha o tema, o recado é direto: nenhum outro município com mais de 100 mil habitantes tem proporção maior de pessoas vivendo em imóveis alugados.
A informação serve de parâmetro para debates sobre política habitacional, planejamento urbano e serviços públicos.
Pesquisadores e gestores podem cruzar esses dados com indicadores de renda, mobilidade e preços para entender como a locação se distribui e como responde a mudanças demográficas.
Em termos práticos, a leitura desses percentuais ajuda a dimensionar necessidades como transporte, educação e saúde em territórios com alta rotatividade de moradores e maior participação de domicílios alugados.
Também orienta o mercado de moradia na calibragem de oferta, padrões construtivos e vocação de bairros, sempre com base em evidências e sem perder de vista as especificidades locais.
No seu município, a parcela da população que mora de aluguel se aproxima do patamar de 45,2% observado em Balneário Camboriú ou fica mais perto da média nacional de 20,9%?