China planeja lançar duas naves, uma observadora e outra impactadora, para colidir com asteroide e testar se é possível alterar sua órbita em centímetros
A China está avançando em uma missão ousada para testar se uma nave espacial pode alterar a trajetória de um asteroide próximo da Terra.
Segundo pesquisadores, a ideia é lançar uma espaçonave para colidir com um pequeno corpo celeste, localizado a dezenas de milhões de quilômetros de distância. O impacto deve alterar sua órbita em pouco mais de 2,5 centímetros.
A mudança pode parecer mínima, mas o efeito seria suficiente para provar que é possível redirecionar asteroides.
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Caso o plano seja implementado ainda neste ano, a China se tornará o segundo país a alcançar esse marco, depois dos Estados Unidos.
Impactador e observador em ação
O projeto foi anunciado por Wu Weiren, projetista-chefe do programa lunar chinês e membro da Academia Chinesa de Engenharia.
Durante a Conferência Internacional de Exploração do Espaço Profundo, em Hefei, ele detalhou que a missão usará duas naves: uma observadora e outra impactadora.
Primeiro, a nave observadora se aproximará do alvo, coletando dados físicos precisos. Depois, a nave impactadora atingirá o asteroide em alta velocidade.
O impacto será registrado pelo observador e também por telescópios na Terra e no espaço, usando sistemas avançados de imagem.
Estratégia de defesa mais ampla
Wu explicou que o país pretende criar um sistema de defesa planetária abrangente.
Esse sistema incluiria alerta antecipado, resposta em órbita e preparação contra possíveis ameaças vindas do espaço.
O método principal seria o impacto cinético, reforçado por outras tecnologias para ampliar a eficácia.
Além disso, ele destacou que a China está aberta à cooperação internacional, inclusive no compartilhamento de dados, para construir uma estrutura global de defesa contra asteroides.
Asteroides: recurso e ameaça
Asteroides são descritos por cientistas como fósseis da formação inicial do sistema solar. Muitos são ricos em metais como ferro, níquel e elementos do grupo da platina.
Mas esses corpos também representam risco, já que podem se tornar ameaças existenciais à humanidade.
Os avanços tecnológicos ampliaram a capacidade de observação e aumentaram o número de descobertas.
Até junho de 2021, a NASA havia identificado mais de 26 mil asteroides próximos da Terra, dos quais 2.185 foram classificados como potencialmente perigosos.
Conexão com esforços anteriores
A missão chinesa se apoia nesse cenário de crescente preocupação. Em 2022, os EUA realizaram o primeiro teste de defesa planetária do mundo. Agora, a China busca repetir e avançar nesse caminho.
Nos últimos anos, o país tem acelerado pesquisas nesse campo. Um exemplo é a sonda Tianwen-2, lançada em maio, que tem dois objetivos: coletar amostras do asteroide 2016 HO3 e, depois, sobrevoar o cometa 311P, localizado no cinturão principal.
Rumo a um novo marco espacial
O impacto previsto pode causar apenas uma deflexão de 3 a 5 centímetros. No entanto, a prova de conceito tem peso estratégico.
Se o plano for bem-sucedido, a China reforçará sua presença na corrida espacial e consolidará seu papel em pesquisas de defesa planetária.
O projeto mostra que, além da exploração, o espaço também é visto como fronteira de segurança e sobrevivência.


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