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China faz alerta e confirma plano: quer transformar o Brasil em trampolim para empresas dominarem a América Latina

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/07/2025 às 14:22
China usa o Brasil como base para multinacionais dominarem a América Latina, intensificando investimentos e disputas comerciais. Saiba mais.
China usa o Brasil como base para multinacionais dominarem a América Latina, intensificando investimentos e disputas comerciais. Saiba mais.
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Estratégia chinesa utiliza o Brasil como base para multinacionais expandirem negócios na América Latina, intensificando disputas comerciais globais e ampliando investimentos em setores estratégicos nacionais.

O governo chinês confirmou um movimento estratégico que deve impactar diretamente o cenário econômico e comercial brasileiro nos próximos anos.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, declarou oficialmente durante a cúpula dos Brics no Rio de Janeiro, realizada nesta terça-feira (08), que o país pretende transformar o Brasil em uma plataforma para a expansão das empresas chinesas por toda a América Latina.

O anúncio reforça a presença de multinacionais da China em solo brasileiro e demonstra a intenção de ampliar negócios para mercados vizinhos, utilizando o Brasil como principal base de operações.

Expansão chinesa no Brasil e América Latina

Conforme informações publicadas pelo site Poder 360, no encontro com representantes de algumas das principais companhias chinesas instaladas no Brasil, Li Qiang ressaltou que o ambiente econômico internacional se tornou mais complexo diante do crescimento do protecionismo global.

O premiê destacou que “o cenário é desafiador”, mas defendeu que, mesmo nesse contexto, a China está pronta para articular estratégias que fortaleçam ainda mais suas multinacionais, não só em território brasileiro, mas em toda a América Latina.

Segundo Li Qiang, o avanço de medidas protecionistas em várias partes do mundo exige novas abordagens para garantir o crescimento das empresas chinesas no exterior.

O líder chinês não mencionou diretamente os Estados Unidos, mas o contexto do discurso remete a barreiras comerciais recentemente impostas pelo governo norte-americano, principalmente contra produtos e empresas oriundos da China.

Li Qiang enfatizou que as empresas devem “cultivar profundamente o mercado local, oferecer aos consumidores produtos e serviços mais populares e usar o Brasil como plataforma para expandir o mercado latino-americano em geral, buscando um maior desenvolvimento”.

Disputas comerciais e impacto econômico

O plano chinês é impulsionado pela busca de novos mercados diante de disputas comerciais e restrições enfrentadas em outros continentes.

Nos últimos meses, a União Europeia (UE) e a China travam uma batalha comercial especialmente no setor de saúde, com a imposição de restrições mútuas para participação de empresas em licitações públicas.

Em junho de 2025, a UE restringiu a atuação de companhias chinesas em contratos públicos acima de 5 milhões de euros, medida rapidamente respondida pela China, que proibiu empresas europeias de participarem de licitações semelhantes no país asiático.

Apesar dessas tensões, o primeiro-ministro destacou que a economia chinesa tem mantido resiliência.

De acordo com Li Qiang, os resultados do primeiro semestre de 2025 demonstram que o país conseguiu registrar crescimento econômico, mesmo diante das adversidades impostas pelas disputas comerciais internacionais.

Empresas chinesas fortalecem presença no Brasil

No Brasil, o avanço das multinacionais chinesas já é realidade.

No encontro no Rio de Janeiro, estiveram presentes executivos de empresas de setores variados, como energia, finanças, tecnologia, alimentação e indústria automotiva.

Entre as companhias que marcam presença no mercado brasileiro, destacam-se:

  • State Grid (energia)
  • Banco da China (finanças)
  • GWM – Great Wall Motors (automotivo)
  • Goldwind (energia renovável)
  • Dahua Technology (tecnologia e segurança)
  • Cofco (alimentação)
  • Gree Electric (eletrodomésticos)
  • Zhongtian Technology (tecnologia e cabos especiais)

Essas empresas têm investido em projetos de grande porte no Brasil, ampliando sua participação no mercado nacional e criando uma ponte para a América Latina.

O Banco da China oferece linhas de crédito e soluções financeiras voltadas para grandes projetos de infraestrutura e comércio exterior.

A State Grid é responsável por alguns dos principais empreendimentos de transmissão de energia no país, conectando regiões produtoras a grandes centros consumidores.

No setor automotivo, a GWM vem expandindo sua atuação com novas fábricas e lançamento de veículos elétricos, acompanhando a tendência de sustentabilidade que tem ganhado força no Brasil e em toda a América do Sul.

Investimentos e influência chinesa no desenvolvimento brasileiro

A intensificação dessa presença chinesa também ocorre em meio ao crescimento dos investimentos estrangeiros diretos no Brasil.

Segundo dados do Banco Central divulgados em junho de 2025, a China figura entre os maiores investidores internacionais, especialmente em setores considerados estratégicos, como energia renovável, infraestrutura e tecnologia.

O movimento chinês reflete a busca por mercados alternativos diante de restrições em outros blocos econômicos, além de atender à crescente demanda da América Latina por inovação, tecnologia e financiamento para grandes obras.

No contexto global, a ofensiva comercial chinesa levanta questionamentos sobre a dependência de países latino-americanos em relação a investimentos estrangeiros, especialmente em segmentos críticos como energia, alimentação e tecnologia.

Especialistas em relações internacionais avaliam que o Brasil pode se beneficiar da chegada de capital e tecnologia, mas também precisa adotar políticas para garantir o equilíbrio no relacionamento com grandes potências, preservando interesses nacionais e promovendo o desenvolvimento sustentável.

Estratégia global e futuro da relação Brasil-China

O plano anunciado por Li Qiang não ocorre de forma isolada.

Nos últimos anos, o governo chinês tem incentivado a internacionalização de suas empresas como forma de driblar barreiras comerciais e assegurar novos mercados para seus produtos e serviços.

O uso do Brasil como trampolim para conquistar a América Latina é parte de uma estratégia mais ampla, que inclui acordos bilaterais, investimentos em infraestrutura e parcerias em setores de ponta.

Enquanto o cenário internacional aponta para uma intensificação das disputas comerciais, a presença chinesa no Brasil tende a se consolidar ainda mais.

O avanço de empresas como State Grid, Banco da China e GWM pode transformar o país em uma verdadeira porta de entrada para produtos, serviços e soluções tecnológicas de origem chinesa em todo o continente latino-americano.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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