O gigante asiático expande seu domínio em energia limpa e transforma Qinghai em modelo global de sustentabilidade
Em março de 2021, durante reunião com legisladores da província de Qinghai, o presidente Xi Jinping determinou que a região se transformasse em um “alto-plano das energias limpas”.
Desde 2012, a China iniciou a construção da primeira base solar de 10 milhões de quilowatts em Talatan.
Atualmente, o projeto abriga 91 empresas de energia, sendo 63 fotovoltaicas e 28 eólicas, consolidando-se como símbolo do avanço tecnológico chinês em energia sustentável.
Além disso, o custo da energia solar na província é cerca de 40% menor que o do carvão.
Esse fator fortalece a competitividade do país frente aos combustíveis fósseis e acelera a descarbonização da economia.
Componentes do sistema: solar, eólico e hidráulico
Os painéis solares de Talatan foram inicialmente instalados em terrenos áridos e baixos.
Isso dificultava o pasto de ovelhas locais.
Com o tempo, as novas estruturas mais altas permitiram conciliar produção energética e atividade pastoril, promovendo equilíbrio ambiental e eficiência produtiva.
O parque já produz 17.898 gigawatts-hora por ano, segundo dados técnicos de 2025.
As turbinas eólicas, apesar da baixa densidade do ar, aproveitam os ventos noturnos para complementar o fluxo solar.
Esse equilíbrio entre as fontes garante uma operação estável e contínua.
No setor hidráulico, destaca-se a barragem de Lijiaxia, com 2.000 MW de capacidade instalada.
A usina de Longyangxia, em operação desde 1992, integra um parque solar adicional de 850 MW.
Projetos recentes utilizam o excedente solar para bombear água até reservatórios elevados.
Assim, a energia é gerada à noite por meio da técnica de armazenamento por bombeamento.
Benefícios, impactos e desafios
Graças à energia barata e abundante, grandes indústrias migraram para Qinghai, sobretudo as de polissilício e os centros de dados de inteligência artificial.
Esses centros consomem 40% menos eletricidade devido ao clima frio da região.
A meta é multiplicar por cinco a capacidade desses data centers até 2030, reduzindo custos e emissões.
No entanto, desafios sociais persistem.
A instalação de projetos energéticos exige realocação de comunidades tibetanas.
A China, que já deslocou mais de um milhão de pessoas para erguer a Barragem das Três Gargantas, enfrenta críticas sobre os impactos sociais.
Em julho de 2025, o premiê Li Qiang inaugurou cinco novas barragens no rio Yarlung Tsangpo, no sul do Tibete.
O projeto, mantido sob sigilo, preocupa a Índia, que teme restrição no fluxo de água a jusante.
Ainda assim, o governo chinês defende que a expansão hidrelétrica é essencial para equilibrar a matriz energética.
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Futuro e metas prospectivas
A China segue avançando rumo a altitudes ainda maiores.
Ela instala parques solares em vales montanhosos próximos de Lhasa, com sistemas de até 150 MW a 5.200 metros de altitude.
Para incentivar investimentos, as províncias do oeste concederam terras gratuitamente.
O governo central, porém, passou a cobrar taxas anuais simbólicas para otimizar o uso do solo.
O plano nacional de transição energética prevê multiplicar por seis a capacidade renovável do país até o fim da década.
Com isso, a China consolida sua liderança global em energia limpa e contribui diretamente para reduzir as emissões globais.
O megacomplexo solar e eólico do Planalto Tibetano simboliza um novo paradigma energético mundial: tecnológico, estratégico e ambientalmente sustentável.