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China entra em alerta com risco de novo embargo à carne brasileira após identificar substância proibida em lotes exportados; exportações bilionárias em jogo

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 09/11/2025 às 16:54
China intensifica fiscalização sobre carne bovina brasileira após detecção de Fluazuron acima do limite, ameaçando bilhões em exportações.
China intensifica fiscalização sobre carne bovina brasileira após detecção de Fluazuron acima do limite, ameaçando bilhões em exportações.
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A China voltou a identificar resíduos acima do limite permitido de Fluazuron em lotes de carne bovina exportados pelo Brasil, reacendendo o alerta para possíveis restrições comerciais e suspensão de frigoríficos, com bilhões de dólares em exportações em risco.

A China voltou a identificar resíduos de Fluazuron acima do limite permitido em lotes de carne bovina exportados pelo Brasil.

O episódio reacendeu o alerta para possíveis restrições comerciais e até a suspensão temporária de frigoríficos.

O caso foi relatado pela Minerva Foods, por meio do programa Laço de Confiança, e vem mobilizando o setor pecuário em torno do uso correto de medicamentos veterinários.

O país asiático é o principal destino da carne bovina brasileira e responde por uma parcela significativa das exportações anuais do setor.


China reforça fiscalização e indústria alerta fornecedores

Segundo comunicado da Minerva Foods, a alfândega chinesa comunicou ao governo brasileiro que intensificará o controle sanitário sobre as importações de carne bovina.

A empresa reforçou aos produtores que o uso adequado de antiparasitários e o respeito ao período de carência são fundamentais para manter a credibilidade junto aos compradores internacionais.

O alerta segue a mesma linha de outros avisos enviados por frigoríficos e associações do setor.

Representantes da indústria afirmam que, embora os casos recentes envolvam lotes específicos, qualquer ocorrência pode gerar repercussões em toda a cadeia exportadora, levando à revisão de habilitações e atrasos nos embarques.


Fluazuron: o princípio ativo em foco

O Fluazuron é um inibidor de crescimento de parasitas, utilizado amplamente no controle de carrapatos em bovinos.

O produto age impedindo a formação de quitina, substância essencial para o desenvolvimento desses parasitas.

O ponto central da discussão é o período de carência, intervalo entre a aplicação do medicamento e o abate do animal.

Especialistas explicam que esse tempo é necessário para que o organismo elimine resíduos a níveis seguros, conforme padrões internacionais de segurança alimentar.

Quando o período de carência não é respeitado, há maior probabilidade de detecção de resíduos em análises laboratoriais realizadas por países importadores.

Segundo médicos-veterinários, fatores como dose, via de administração e categoria do animal podem alterar o tempo necessário para eliminação total do princípio ativo, exigindo atenção redobrada por parte dos produtores.


Impacto econômico e dependência do mercado chinês

Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) indicam que a China responde por cerca de metade do volume e da receita das exportações brasileiras de carne bovina.

Por isso, qualquer notificação sanitária relacionada ao país tende a impactar a confiança comercial e os fluxos logísticos do setor.

De acordo com analistas de mercado, suspensões pontuais de plantas exportadoras costumam afetar a programação de abates, o escoamento de carcaças e a formação de preços da arroba.

Além disso, auditorias adicionais impostas por importadores podem elevar custos operacionais e prolongar o tempo de liberação de cargas, reduzindo a competitividade do produto brasileiro.


Episódios anteriores e situação atual

Em março de 2025, autoridades chinesas suspenderam temporariamente importações de algumas plantas frigoríficas de países fornecedores, entre eles o Brasil.

À época, o Ministério da Agricultura não confirmou oficialmente se as suspensões estavam relacionadas a resíduos de Fluazuron.

Especialistas do setor afirmam que os episódios reforçaram a necessidade de melhor controle de medicamentos e rastreabilidade no campo.

Situação semelhante ocorreu no Uruguai, onde cargas de carne bovina foram rejeitadas ou destruídas após a detecção da mesma substância.

Segundo o jornal El Observador, o governo uruguaio, por meio do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP), notificou os produtores e avaliou sanções mais rígidas para casos de descumprimento da carência.

Para o diretor do MGAP, Marcelo Rodríguez, a atenção ao manejo é essencial para evitar problemas semelhantes.

“Não podemos enviar para abate animais que ainda estejam sob efeito dessas substâncias”, afirmou.


Consequências para o setor brasileiro

Economistas e técnicos ligados ao agronegócio afirmam que a repetição de notificações internacionais pode levar à imposição de novas barreiras sanitárias.

Em casos extremos, o resultado pode ser a suspensão de habilitações e a redução temporária do volume exportado.

O risco de prejuízo financeiro é significativo, já que as vendas de carne bovina ao exterior movimentam mais de US$ 10 bilhões por ano e sustentam uma ampla cadeia de empregos diretos e indiretos.

Empresas exportadoras têm reforçado os protocolos de controle interno, incluindo análises laboratoriais adicionais antes do embarque e exigência de registros detalhados de tratamentos veterinários.

Associações de produtores vêm promovendo campanhas educativas para disseminar boas práticas e orientar quanto ao uso seguro de produtos veterinários.


O que dizem especialistas e autoridades

Profissionais ligados à área sanitária afirmam que o problema é técnico e controlável, desde que haja planejamento e registro adequado das aplicações.

Segundo eles, manter rastreabilidade completa dos animais e obedecer aos prazos de carência são medidas suficientes para garantir a conformidade com os padrões internacionais.

Fontes do setor apontam que a coordenação entre frigoríficos, produtores e órgãos oficiais é fundamental para preservar a imagem da carne brasileira.

Em nota anterior, a Minerva Foods destacou que “o uso responsável e o respeito à carência são fundamentais para manter a confiança internacional e proteger o mercado nacional.”

Até o momento, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) não se pronunciou oficialmente sobre novas notificações da China.

Técnicos ligados à pasta afirmam, de forma reservada, que o tema está sendo acompanhado e que ações preventivas vêm sendo adotadas para evitar possíveis embargos.


Lições e próximos passos para o Brasil

O caso uruguaio e os alertas recentes reforçam, segundo consultores da área, a necessidade de reforçar mecanismos de autocontrole nas fazendas e nos frigoríficos.

A criação de rotinas documentais, registros digitais e certificações complementares pode ajudar o país a demonstrar conformidade sanitária e reduzir riscos de bloqueios comerciais.

Com o aumento da vigilância chinesa, o setor agropecuário brasileiro deve intensificar as boas práticas de manejo e controle sanitário, especialmente nos rebanhos destinados à exportação.

A grande questão agora é: o Brasil conseguirá garantir a rastreabilidade e o cumprimento das normas exigidas pelos importadores para evitar novos embargos?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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