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China de olho no açaí brasileiro! Asiáticos demonstram interesses por produtos típicos do Brasil

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 08/08/2025 às 15:44
China amplia importações do Brasil, incluindo café, açaí e gergelim, em meio a novas tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros.
China amplia importações do Brasil, incluindo café, açaí e gergelim, em meio a novas tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros.
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Expansão de produtos brasileiros no mercado chinês desperta atenção, enquanto novas habilitações de exportadores e ações promocionais da embaixada evidenciam oportunidades comerciais em meio às tensões tarifárias com os Estados Unidos.

A relação comercial entre Brasil e China ganhou novos capítulos nos últimos dias, com destaque para o avanço de produtos típicos brasileiros no mercado asiático.

Postagens recentes do perfil oficial da Embaixada da China no Brasil, na rede social X (antigo Twitter), têm evidenciado o crescimento do credenciamento de exportadores nacionais para atender à demanda chinesa, movimento que ocorre no mesmo período em que os Estados Unidos impõem novas barreiras tarifárias aos produtos brasileiros.

Enquanto o governo norte-americano, liderado por Donald Trump, elevou para 50% a tarifa de importação sobre diversos itens vindos do Brasil, Pequim tem dado sinais claros de que pretende ampliar o comércio bilateral.

De acordo com o jornal O Globo, o gesto se reflete tanto no credenciamento de novos exportadores quanto na promoção de produtos brasileiros em cidades estratégicas da China.

Crescimento do mercado de café na China

No dia 2 de agosto, a embaixada anunciou que 183 produtores de café do Brasil foram habilitados para vender ao mercado chinês.

A autorização, válida por cinco anos, passou a vigorar em 30 de julho.

O anúncio ocorreu justamente quando produtores brasileiros enfrentavam dificuldades para acessar o mercado norte-americano, após o café ter sido excluído da lista de exceções do decreto de tarifaço dos EUA.

China amplia importações do Brasil, incluindo café, açaí e gergelim, em meio a novas tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros.
China amplia importações do Brasil, incluindo café, açaí e gergelim, em meio a novas tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros.

De acordo com a publicação chinesa, o consumo interno de café no país asiático apresentou crescimento constante entre 2020 e 2024.

Apesar disso, a média de consumo per capita ainda é de apenas 16 xícaras por ano, contra 240 na média global.

“O café vem conquistando espaço no dia a dia dos chineses”, registrou a publicação, apontando potencial para expansão da demanda.

Avanço em outros setores do agronegócio

Além do café, a parceria bilateral se estendeu a outros segmentos.

No mesmo dia, a embaixada destacou a habilitação de 30 novas empresas brasileiras para exportar gergelim, ampliando para 61 o número total autorizado.

A medida decorre de um protocolo de cooperação assinado em 2024, em Brasília, pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping.

Também houve avanços na exportação de farinhas de aves e suínos.

Em 31 de julho, 46 empresas brasileiras do setor foram habilitadas para atender ao mercado chinês, fortalecendo a presença do Brasil como fornecedor de proteína animal ao gigante asiático.

Açaí ganha espaço no mercado chinês

Outro destaque recente é o avanço das vendas de açaí na China.

Em publicação de 7 de agosto, a embaixada afirmou: “Açaí conquista paladares na China! Já disponível em cidades como Beijing, Shanghai, Shenzhen e Guangzhou, a superfruta amazônica ganha espaço nas lojas de bebidas, atraindo consumidores chineses pelo sabor único e benefícios à saúde”.

O açaí, tradicionalmente consumido na Região Norte do Brasil, vem ganhando popularidade global por suas propriedades nutricionais e alto teor de antioxidantes.

Na China, o produto já é encontrado em cardápios de cafeterias e estabelecimentos especializados em alimentação saudável, aproveitando a tendência de consumo de alimentos funcionais.

Impactos da política comercial dos EUA

A movimentação chinesa acontece em um cenário de tensão comercial com os Estados Unidos.

O aumento das tarifas norte-americanas afeta diretamente o Brasil, que em 2024 foi responsável por 30,7% de todo o café importado pelos EUA, segundo dados destacados pela rede CNN.

O veículo lembrou que os norte-americanos, descritos como “uma nação de bebedores de café”, lideram o ranking mundial de importação do grão.

A decisão de Washington preocupa produtores brasileiros que dependem do mercado norte-americano.

China amplia importações do Brasil, incluindo café, açaí e gergelim, em meio a novas tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros.
China amplia importações do Brasil, incluindo café, açaí e gergelim, em meio a novas tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros.

Com as restrições, empresas tendem a buscar alternativas para manter o fluxo de exportações, e a China se apresenta como um destino estratégico.

Novos acordos e flexibilizações

Além dos alimentos, a cooperação recente incluiu o setor aeronáutico.

Autoridades brasileiras informaram que Pequim acelerou o processo de autorização para compra de aeronaves produzidas no Brasil.

Embora os aviões da Embraer tenham sido isentos da sobretaxa de 40% imposta pelos EUA, continuam sujeitos a uma tarifa recíproca de 10%, anunciada por Trump em abril.

A aproximação comercial entre os dois países também tem se manifestado em parcerias logísticas e tecnológicas.

Vídeos publicados no perfil da embaixada mostram empresas de entregas chinesas expandindo atuação no Brasil e o aumento da presença de marcas brasileiras na China, especialmente no setor alimentício.

Cenário de oportunidades e desafios

A postura da China de ampliar o credenciamento de exportadores brasileiros contrasta com o ambiente restritivo imposto pelos Estados Unidos.

Para especialistas em comércio exterior, essa movimentação pode significar um reposicionamento estratégico do Brasil nas cadeias globais, aproveitando nichos como o mercado de café especial, superfrutas amazônicas e produtos de origem animal com certificação sanitária.

Ainda assim, a diversificação de mercados exige investimentos em logística, adequação de normas fitossanitárias e estratégias de marketing adaptadas ao perfil do consumidor chinês.

O país asiático, apesar de gigantesco, apresenta desafios relacionados a barreiras regulatórias, concorrência interna e adaptação cultural dos produtos.

Com a ampliação das habilitações para exportação e o aumento da presença de produtos como café, gergelim, proteína animal e açaí no mercado chinês, o Brasil se vê diante de um cenário de possibilidades.

Mas será que o país conseguirá transformar esse interesse momentâneo em uma parceria comercial sólida e de longo prazo com a China?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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