Governo chinês simplifica processos de licenciamento e critica medidas norte-americanas que aumentam tensões comerciais e afetam cadeias globais
O Ministério do Comércio da China anunciou na quinta-feira, 16 de outubro de 2025, a decisão de reduzir o tempo de análise e simplificar os procedimentos de licenciamento para exportação de terras raras.
A iniciativa busca estimular o comércio internacional desses minerais estratégicos, essenciais para setores como carros elétricos, turbinas eólicas e semicondutores.
Segundo He Yongqian, porta-voz da pasta, o objetivo é “promover o comércio legítimo e fortalecer a eficiência regulatória” no setor.
Ajustes e comunicação internacional
De acordo com He Yongqian, os controles de exportação implementados recentemente representam um esforço do governo chinês para aprimorar o sistema regulatório, sem foco em países específicos.
Esses controles foram criados para impedir o uso ilegal de terras raras, inclusive em armas de destruição em massa, garantindo a segurança nacional.
Além disso, Pequim informou antecipadamente países e regiões relevantes sobre as novas diretrizes e manteve diálogo contínuo com parceiros comerciais.
No entanto, o porta-voz expressou forte insatisfação com as medidas restritivas impostas pelos Estados Unidos, classificando-as como “ações desequilibradas e desnecessárias”.
Resposta às medidas norte-americanas
O governo dos Estados Unidos ampliou, no início de outubro de 2025, a “entity list”, adicionando novas empresas chinesas à lista de restrição de exportações.
Além disso, impôs taxas portuárias adicionais a embarcações chinesas, o que, segundo o porta-voz, “cria deliberadamente pânico e distorce o ambiente comercial global”.
As autoridades chinesas afirmam que essas ações prejudicam indústrias globais e elevam a inflação norte-americana.
Também minam a competitividade dos portos e do emprego doméstico nos EUA.
Em resposta, Pequim adotou contramedidas proporcionais, consideradas “ações tomadas por necessidade”, com o objetivo de salvaguardar condições equitativas nos mercados de navegação e construção naval.
-
Corrida global pelo cobalto expõe desequilíbrio: China e Congo concentram poder e o Brasil busca seu espaço na revolução verde
-
Rússia entregou tecnologia militar secreta a Maduro na Venezuela: sistema C4ISR usado por exércitos de elite ajudou regime a reprimir protestos e rastrear opositores em tempo real
-
França adia reforma da aposentadoria para 2027 e agrava crise fiscal; sem cortes estruturais, dívida da segunda maior economia da Europa pode disparar e abalar confiança internacional
-
Furnas Minas Gerais recebe investimentos que fortalecem a sustentabilidade hídrica, geração de energia limpa, revitalização ambiental e turismo regional sustentável
Crescentes tensões comerciais
Segundo o Ministério do Comércio da China, mesmo após reuniões bilaterais realizadas em Madri, na Espanha, em setembro de 2025, o governo norte-americano implementou 20 novas restrições comerciais contra empresas chinesas.
Essas medidas foram tomadas em apenas 20 dias, o que intensificou as tensões entre as duas potências econômicas.
Em declaração oficial, He Yongqian afirmou: “Espera-se que o lado norte-americano valorize as conquistas obtidas nos diálogos econômicos e corrija imediatamente suas práticas equivocadas”.
A manifestação reflete a posição de Pequim em defesa de uma regulação mais justa e equilibrada, conforme os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Impactos e perspectivas
Com a agilização das licenças, a China pretende garantir o fornecimento global de minerais críticos, mantendo sua liderança no mercado mundial de terras raras.
O país é responsável por mais de 70% da produção global, segundo a Associação Chinesa de Mineração e Energia (2025).
A medida reforça o esforço do governo em reduzir barreiras burocráticas, impulsionar o comércio legítimo e responder às pressões externas.
Enquanto isso, os Estados Unidos e seus aliados intensificam a busca por novos fornecedores, ampliando a disputa geopolítica por recursos estratégicos.
Em meio ao avanço das rivalidades, a China mantém firmeza ao equilibrar abertura comercial e segurança nacional — mas até que ponto o diálogo ainda será capaz de conter novos atritos?