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Chevrolet foi à TV e pediu para ninguém comprar o novo Corsa: ‘Não se precipite e ajude a manter o preço justo’

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 11/06/2025 às 21:11
Atualizado em 13/06/2025 às 20:40
Chevrolet foi à TV e pediu para ninguém comprar o novo Corsa: 'Não se precipite, ajude-nos a manter o preço justo'; episódio marcou a história da indústria automotiva brasileira
Chevrolet foi à TV e pediu para ninguém comprar o novo Corsa: ‘Não se precipite, ajude-nos a manter o preço justo’; episódio marcou a história da indústria automotiva brasileira
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Competindo com Volkswagen Gol, Fiat Uno, e Ford Escort, o Corsa permaneceu em linha até 2012, com mais de 3 milhões de unidades produzidas!

Imagine estar em casa, assistindo ao Jornal Nacional numa noite de março de 1994, e de repente ver um anúncio da Chevrolet que dizia: Não compre o novo Corsa. Estranho, não? Mas foi exatamente isso que aconteceu. A montadora fez um apelo em rede nacional, pedindo calma aos consumidores diante da febre que o novo hatch estava causando. A ideia era simples: tentar manter o preço do Corsa justo e alinhado ao que havia sido proposto no programa do carro popular do governo, em torno de R$ 7.500 — o que hoje daria aproximadamente R$ 94.625, segundo dados atualizados de conversão.

A campanha, conduzida por André Beer, então vice-presidente da General Motors do Brasil, entrou para a história como um exemplo raro de transparência e estratégia de contenção da especulação no mercado.

O Corsa Wind 1.0 virou objeto de desejo e alimentou uma verdadeira corrida às concessionárias

O sucesso do Chevrolet Corsa Wind 1.0 foi tão estrondoso que ninguém estava preparado para o que viria. Lançado oficialmente em janeiro de 1994, o compacto só começou a chegar às lojas em fevereiro. Bastou isso para que a demanda explodisse.

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Os consumidores estavam tão ansiosos por colocar um Corsa na garagem que passaram a pagar até 50% de ágio para antecipar a compra. Era um cenário inédito. Oficialmente, a GM alegava que um gargalo na linha de pintura da fábrica de São José dos Campos, em São Paulo, limitava a produção. Porém, segundo relatos posteriores de pessoas envolvidas na operação, a raiz do problema foi outra: a equipe de produção havia subestimado o apelo comercial do Corsa e não aumentou os pedidos de componentes, o que gerou um grave descompasso entre a oferta e a procura.

Com a situação saindo do controle, a GM montou um comitê de crise. A solução inicial foi colocar o próprio André Beer na TV, com um apelo direto aos consumidores pedindo paciência. “Não se precipite, ajude-nos a manter justo o preço do Corsa”, dizia ele no vídeo que marcou época.

A resposta imediata: filas continuaram nas lojas mesmo após o apelo da Chevrolet

Apesar da tentativa de acalmar os ânimos, as concessionárias da Chevrolet continuaram lotadas no dia seguinte à exibição do anúncio. Foi preciso adotar medidas mais drásticas para contornar a crise.

A GM decidiu então transferir as linhas de produção do Kadett e da Ipanema para a fábrica de São Caetano do Sul. Com isso, a unidade de São José dos Campos pôde ampliar sua capacidade dedicada ao Corsa. Essa transição logística só foi concluída em novembro daquele ano, o que ajudou a equilibrar melhor a oferta e a atender à gigantesca demanda.

Corsa x Gol x Uno x Escort: uma disputa acirrada no mercado dos compactos

Não era pouca coisa o desafio do Corsa. Ao entrar no mercado, ele precisou encarar rivais de peso como o Volkswagen Gol 1000, o Fiat Uno Mille e o Ford Escort Hobby.

Ainda que a GM não tenha divulgado números específicos para a versão Wind, os resultados gerais são impressionantes: em novembro de 1994, foram produzidas 9.201 unidades das versões 1.0 e 1.4. No primeiro ano, o Corsa vendeu 60 mil unidades, número que saltou para 150 mil no ano seguinte.

O grande trunfo do Corsa era seu design, assinado por Hideo Kodama, chefe de design da Opel. Inspirado no Peugeot 205, o carro exibia linhas arredondadas e modernas, uma verdadeira revolução visual em comparação com seus concorrentes da época. Além disso, trazia inovações como a injeção monoponto AC Rochester e um acabamento interno superior ao dos rivais, o que lhe conferia um conforto inédito para um carro popular.

Segundo reportagem da Quatro Rodas, o impacto visual e a qualidade de construção foram fatores determinantes para o sucesso do modelo, que se tornou uma referência no segmento.

Um legado de mais de 3 milhões de unidades produzidas

O sucesso do Chevrolet Corsa não se limitou ao seu lançamento. O modelo evoluiu e gerou uma verdadeira família de veículos no Brasil, que incluiu versões sedãperuapicape e a famosa minivan Meriva.

O Corsa permaneceu em produção no país até 2012. Ao longo de quase duas décadas, mais de 3 milhões de unidades foram fabricadas em território nacional.

Vale lembrar que o responsável por idealizar a campanha de contenção do ágio e impulsionar a estratégia vitoriosa do Corsa, André Beer, faleceu em 2019. Seu legado no setor automotivo brasileiro segue inestimável.

Mesmo fora de linha, o Corsa ainda tem lugar no coração de muitos brasileiros. Nas ruas, é comum ver modelos bem cuidados que seguem rodando firme, provando que o carro foi muito mais do que uma febre passageira, foi um marco na história da Chevrolet no país e no imaginário popular.

Chevrolet: Um ícone que moldou o mercado e a cultura automotiva

O impacto do Corsa vai além das vendas. Ele ajudou a redefinir o que os consumidores brasileiros esperavam de um carro popular: um veículo acessível, mas com design arrojado, conforto acima da média e confiabilidade. Não é exagero dizer que ele ajudou a elevar o padrão do segmento e forçou marcas como VolkswagenFiat e Ford a investirem mais em inovação e qualidade.

Hoje, o legado do Corsa continua a influenciar projetos e estratégias da Chevrolet e de outras montadoras que atuam no mercado nacional.

E você, se lembra dessa história? Já teve ou gostaria de ter um Corsa na garagem? Conte para a gente nos comentários e compartilhe este artigo com seus amigos apaixonados por carros. 🚗

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DINN
DINN
13/06/2025 20:26

Cheguei a ter uma carta de crédito do Corsa 1.0 Wind, mas quando fui contemplado dei ela em troca de um Escort XR3 2.0 da Auto Latina cor de vinho bordô, que era do meu pai.
Nunca cheguei ter ele, nem meu pai porque comprou outro Escort 16 V modelo 4 portas Europeu e deu a carta de crédito como parte, já que o Escort valia mais. Não me arrependi do negócio, não dava nem pra comparar um XR3, Bancos Recaro + Teto Sokar com motor AP da Volkswagen, mas baixava óleo este Escort, não sei porque. mas era top o acabamento.

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas militar, segurança, indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato com flaviacamil@gmail.com para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não enviar currículo.

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