A ausência de um sistema seguro de certificação de carros usados no Brasil impede o desenvolvimento do setor. Entenda por que a certificação de carros usados é vital e quais são os desafios que o mercado precisa superar.
O mercado de veículos usados no Brasil enfrenta um grande obstáculo: a falta de uma certificação de carros usados confiável, aponta o executivo J.R. Caporal, CEO do Grupo Auto Avaliar, em artigo publicado em 18 de outubro de 2025.
Nesse cenário, ainda que mais de 15 milhões de automóveis usados tenham sido vendidos ao longo de 2024 no país, permanece a carência de um modelo padronizado que ofereça segurança e transparência para compradores e revendedores.
Caporal destaca que a falta desse sistema limita o pleno desenvolvimento do mercado de seminovos e usados, impedindo que ele atinja seu verdadeiro potencial.
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Por que a certificação de carros usados importa
A chamada certificação de carros usados tem como objetivo garantir que um veículo revendido passou por inspeção rigorosa, foi recondicionado com padrões confiáveis e está com histórico claro — elementos comuns em mercados maduros, como os dos Estados Unidos e Europa.
No Brasil, porém, a cultura de “priorizar o menor preço” ainda predomina e muitos compradores deixam de valorizar o benefício adicional de veículos certificados.
Portanto, a certificação não apenas traz mais segurança ao consumidor, mas também pode elevar a margem de lucro e a credibilidade dos revendedores, segundo o executivo.
Situação do mercado brasileiro de carros usados
Segundo dados apresentados, em 2024 o Brasil comercializou mais de 15 milhões de veículos usados ou seminovos.
Apesar disso, o país ainda não dispõe de aparato nacional consolidado para a certificação de carros usados, diferentemente de outros mercados nos quais programas “Certified Pre-Owned (CPO)” são reconhecidos e valorizados pelo consumidor.
O resultado é um segmento que depende fortemente de preço e volume — sem a valorização da qualidade — e que enfrenta entraves como taxas de juros elevadas em financiamentos de usados e uma oferta elevada de veículos mais antigos.
Quais são os principais desafios
Seleção do veículo e inspeção
Caporal ressalta que a certificação deve iniciar com uma seleção rígida dos veículos, ou seja, escolher apenas modelos com histórico, quilometragem e condições adequadas.
Depois, exige processos padronizados de inspeção e de recondicionamento antes da revenda.
Falta de integração entre locadoras e revendas
Outro desafio apontado é a ausência de integração entre locadoras, frotistas e concessionárias.
Isso dificulta a criação de parâmetros consistentes para veículos que vêm de frotas ou programas de assinatura — um segmento que frequentemente repassa veículos usados ao mercado.
Cultura de preço versus valor
No Brasil, muitos consumidores escolhem o veículo pelo menor preço, sem considerar o “valor agregado” de uma certificação.
A mudança desse mindset é um ponto importante para que a certificação de carros usados seja realmente valorizada.
Margens e fidelização
Caporal afirma que “mais do que uma questão técnica, trata-se de uma estratégia de negócio capaz de aumentar margens, fidelizar clientes e elevar o padrão de toda a cadeia automotiva”.
O que pode ser feito para avançar
- Adoção de programas similares aos CPO (Certified Pre-Owned) adaptados à realidade brasileira, para que a certificação de carros usados torne-se reconhecida e confiável.
- Estabelecimento de normas e parâmetros claros de inspeção, recondicionamento e histórico veicular – para que o selo de certificação tenha significado.
- Educação do consumidor para que entenda que pagar um pouco mais por um veículo certificado — ou exigir esse nível — traz benefícios de segurança, menor risco de surpresas e potencial valorização futura.
- Melhoria da integração entre diferentes elos da cadeia (locadoras, revendas, frotistas) para que todos sigam padrões semelhantes na origem dos veículos.
- Políticas de incentivo ou regulação que estimulem o mercado formal de usados certificados, reduzindo informalidade e aumentando a confiança dos compradores.
A imposição de uma certificação de carros usados confiável parece ser um dos próximos passos necessários para que o mercado de seminovos e usados no Brasil atinja um nível superior de maturidade.
Com mais de 15 milhões de unidades comercializadas em 2024, o setor já tem escala — porém, carece de padrão que garanta qualidade, procedência e confiança para o consumidor.
Se esse modelo se concretizar, podem vir benefícios como margens maiores para revendas, fidelização de clientes, menor risco de fraudes e uma cadeia automotiva mais saudável.
Ainda assim, para chegar lá, será preciso mudança de cultura, de processos e de estrutura.
Enquanto isso, quem compra ou vende precisa estar atento: exigir histórico claro, condições rigorosas de inspeção e compreender que o preço baixo por si só não é garantia de tranquilidade.



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