A ciência sempre se depara com descobertas inesperadas, mas poucas são tão surpreendentes quanto a transformação do cérebro de um homem em vidro após uma erupção vulcânica. Cientistas italianos divulgaram um estudo revelando como um jovem da cidade de Herculano, sepultado pelas cinzas do Vesúvio há quase dois mil anos, teve seu cérebro vitrificado.
O fenômeno chamou atenção da comunidade científica porque o vidro não se forma naturalmente com facilidade. Para que isso ocorra, são necessárias condições extremas de calor e resfriamento rápido, algo raro em processos naturais. Esse caso, portanto, é considerado único no mundo.
A descoberta que surpreendeu os cientistas
A erupção do Vesúvio em 79 d.C. foi um dos eventos mais devastadores da história antiga, destruindo cidades inteiras como Pompeia e Herculano. Durante escavações em Herculano, arqueólogos encontraram o corpo carbonizado de um jovem de aproximadamente 20 anos, deitado sobre uma cama de madeira. No entanto, o que mais chamou atenção foi o conteúdo do crânio.
O antropólogo italiano Pier Paolo Petrone, um dos responsáveis pelo estudo, percebeu algo incomum ao examinar os restos mortais. No crânio quebrado, havia fragmentos brilhantes, o que levou à descoberta de que o cérebro do jovem havia sido transformado em vidro.
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Como o cérebro se transformou em vidro?
A transformação foi provocada por um fluxo piroclástico – uma nuvem ardente composta por gases e cinzas vulcânicas extremamente quentes, que varreu a cidade em alta velocidade. Essa onda letal incinerou tudo em seu caminho, inclusive os habitantes que não conseguiram escapar a tempo.
Para que o cérebro tenha se tornado vidro, ele precisou ser exposto a temperaturas acima de 510°C, seguido por um resfriamento extremamente rápido. Esse processo fez com que o tecido cerebral vitrificasse, um fenômeno raro que normalmente só ocorre em materiais específicos sob condições controladas.
O único caso conhecido no mundo
O vidro não se forma com facilidade na natureza. A combinação exata de calor e resfriamento rápido é necessária para criar esse material a partir de um tecido biológico. Isso faz do caso encontrado em Herculano o único exemplo conhecido de um cérebro humano transformado dessa maneira.
Outro detalhe surpreendente foi revelado pelo vulcanólogo Guido Giordano, coautor do estudo: os fragmentos de vidro continham estruturas neuronais visíveis. Mesmo após quase dois mil anos, as redes de neurônios estavam incrivelmente preservadas dentro do vidro negro.
O papel do Vesúvio nessa transformação
O Vesúvio entrou em erupção de forma violenta, cobrindo as cidades romanas vizinhas com uma densa camada de cinzas, rochas e gases superaquecidos. Esse fluxo devastador foi responsável por soterrar Pompeia e Herculano, matando milhares de pessoas em questão de minutos.
Os cientistas acreditam que o processo ocorreu em duas etapas. Primeiro, uma nuvem de cinzas extremamente quente atingiu a cidade, vitrificando o cérebro da vítima. Logo depois, uma nova onda de fluxo piroclástico cobriu completamente Herculano, preservando a cena por séculos. A presença de uma fina camada de cinzas sobre os destroços reforça essa teoria.
O que essa descoberta significa para a ciência?
O caso do cérebro ter virado vidro abre novas possibilidades para a arqueologia e a ciência forense. O estudo de tecidos humanos vitrificados pode revelar detalhes sobre as condições exatas da erupção do Vesúvio e os efeitos do calor extremo nos corpos das vítimas.
A descoberta pode ter aplicações em outras áreas da ciência, como estudos sobre materiais e resistência ao calor. Compreender como tecidos biológicos podem ser preservados por meio da vitrificação pode levar a novas abordagens em pesquisas médicas e tecnológicas.