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Cemitério de carros elétricos na China faz crescer esquema de ‘importação cinza’ para permitir a entrada de carros elétricos usados ​​e potencialmente perigosos no mercado automotivo

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 11/08/2024 às 01:19
Atualizado em 10/08/2024 às 20:21
Devido ao abandono e cemitério de carros elétricos na China, cresce esquema de 'importação cinza' para permitir a entrada de carros elétricos usados ​​e potencialmente perigosos
Cemitério de carros elétricos da Lifan na ChinaReprodução/Reddit

Importação de carros elétricos usados também vem ganhando espaço no mercado automotivo brasileiro.

Nos últimos anos, o mercado de veículos elétricos (EVs) tem crescido exponencialmente em todo o mundo, e o Brasil não é uma exceção. Com a crescente conscientização sobre as mudanças climáticas e a necessidade de reduzir as emissões de carbono, muitos consumidores estão optando por carros elétricos como uma alternativa mais sustentável aos veículos tradicionais movidos a combustíveis fósseis. No entanto, a importação de carros elétricos usados, através de mecanismos como o Programa de Veículos Especiais e de Entusiastas (SEVS), tem levantado preocupações significativas sobre a segurança desses veículos em solo brasileiro.

O programa SEVS e a importação de carros elétricos usados

O Programa de Veículos Especiais e de Entusiastas (SEVS) foi originalmente criado com o intuito de permitir a importação de veículos especializados ou históricos que, de outra forma, não estariam disponíveis no mercado brasileiro.

Este programa tem sido utilizado como uma “porta dos fundos” para a importação de carros elétricos usados, principalmente do Japão, Reino Unido e Estados Unidos. Embora essa prática permita uma maior diversidade de opções de EVs para os consumidores brasileiros, também levanta sérias questões sobre a segurança desses veículos.

A Australasian New Car Assessment Program (ANCAP), uma autoridade em segurança de veículos na Austrália, expressou preocupações sobre o uso do programa SEVS para a importação de carros usados que não podem ser testados de acordo com os padrões de segurança locais.

De acordo com a ANCAP, muitos desses veículos são importados em pequenos lotes que não podem ser avaliados para obter uma classificação de segurança, o que pode resultar em veículos potencialmente inseguros circulando nas ruas brasileiras.

A questão da segurança levantada pela ANCAP

Uma das principais preocupações levantadas pela ANCAP é a falta de testes de segurança para esses veículos importados.

No caso da Austrália, a ANCAP exige que, para que um veículo receba uma classificação de segurança, seja necessário testar um mínimo de quatro veículos do mesmo modelo. No entanto, os veículos importados pelo programa SEVS muitas vezes chegam em pequenos lotes, tornando impraticável a realização de testes abrangentes.

Essa falta de testes levanta questões importantes sobre a transferência de especificações de segurança de um país para outro. Cada jurisdição tem seus próprios padrões de segurança, e a ausência de testes equivalentes em solo brasileiro pode significar que veículos importados sob o programa SEVS não atendem aos rigorosos padrões de segurança locais.

Isso subverte o sistema de classificação da ANCAP e, potencialmente, os requisitos das Normas de Design Australianas, que podem não ser aplicáveis ao contexto brasileiro.

A perspectiva dos importadores de carros usados

Por outro lado, representantes da indústria de importação de veículos, como Kristian Appelt, da Associação Australiana da Indústria de Veículos Importados (AIMVIA), discordam das alegações da ANCAP. Segundo Appelt, o fato de um veículo não ter sido testado pela ANCAP não significa, necessariamente, que ele seja inseguro.

Ele argumenta que os carros elétricos importados de países como Japão, Reino Unido e Estados Unidos são fabricados de acordo com padrões de segurança equivalentes aos do Brasil, e que esses veículos passam por rigorosas inspeções e modificações para atender às Normas de Design Australianas antes de serem registrados.

Appelt também menciona que vários veículos elétricos importados pelo programa SEVS possuem altas classificações de segurança em outras jurisdições.

Por exemplo, o Honda-e de 2020 possui uma classificação de quatro estrelas no Euro NCAP, enquanto o Ford Mustang Mach-E de 2021 e o Nissan Ariya de 2022 possuem classificações de cinco estrelas. Essas classificações sugerem que, apesar da falta de testes pela ANCAP, esses veículos ainda podem ser considerados seguros para as estradas brasileiras.

O impacto da importação de carros elétricos usados no Brasil

Desde junho de 2022, mais de 13.958 veículos foram importados para a Austrália através do registro SEVS, com base em critérios ambientais. Embora nem todos esses veículos sejam elétricos, essa estatística destaca a popularidade e a crescente demanda por veículos mais ecológicos. No Brasil, essa tendência também está se refletindo, com um aumento na importação de EVs usados.

A crescente demanda por carros elétricos no Brasil pode ser vista como uma resposta positiva à necessidade urgente de reduzir as emissões de carbono. No entanto, é crucial que essa demanda seja equilibrada com uma análise rigorosa da segurança dos veículos importados.

O Brasil precisa considerar a implementação de regulamentos mais rígidos para garantir que todos os veículos importados, incluindo os EVs usados, atendam aos padrões de segurança locais antes de serem registrados e liberados para uso nas estradas.

A importação de veículos elétricos usados através de programas como o SEVS oferece uma oportunidade valiosa para diversificar o mercado de EVs no Brasil e proporcionar aos consumidores mais opções. No entanto, essa prática também apresenta desafios significativos, especialmente em relação à segurança dos veículos que não são testados de acordo com os padrões locais.

É imperativo que o governo brasileiro considere a adoção de políticas que equilibrem a necessidade de aumentar a disponibilidade de EVs com a garantia de que esses veículos são seguros para os consumidores.

A discussão em torno da importação de EVs usados no Brasil é complexa e multifacetada. Enquanto a expansão do mercado de veículos elétricos é essencial para a transição do país para uma economia de baixo carbono, isso não deve ocorrer às custas da segurança dos consumidores.

A adoção de regulamentos mais rígidos e a realização de testes de segurança abrangentes para veículos importados são passos cruciais para garantir que o Brasil continue avançando em direção a um futuro mais sustentável, sem comprometer a segurança nas estradas.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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