Mark Zuckerberg prevê que os óculos inteligentes substituirão os celulares como principal dispositivo digital, e aposta no Meta Quest 3S para acelerar essa transição com preço mais baixo, recursos de inteligência artificial e interação por gestos e voz.
Mark Zuckerberg voltou a defender que os óculos inteligentes devem assumir o papel central hoje ocupado pelos smartphones.
O recado foi reforçado no Meta Connect, evento em que a empresa apresentou o Meta Quest 3S, headset de realidade mista com promessa de levar essa experiência a um público mais amplo.
Para o CEO da Meta, a próxima década pode marcar a transição em que óculos conectados e interfaces de voz, gestos e IA substituem progressivamente a tela no bolso.
-
Elon Musk surpreende Wall Street e investe US$ 1 bilhão em ações da Tesla, provocando salto imediato de 7% e reacendendo esperanças sobre o futuro da empresa
-
China exibe míssil nuclear “do juízo final” que pode atingir qualquer lugar do planeta com alcance de 20 mil km e prontidão total para disparo imediato
-
Foi desenvolvido o primeiro aço do mundo produzido sem carvão, forjado com hidrogênio verde e capaz de reduzir milhões de toneladas de CO₂
-
Sete hospitais do SUS estão entre os melhores do mundo em 2026
O que foi anunciado no Meta Connect
No palco do evento, a Meta oficializou o Quest 3S como modelo de entrada em realidade mista.
O aparelho herda recursos do Quest 3, mas com preço inicial de US$ 299 e foco em volume.
A empresa também mostrou avanços em óculos de realidade aumentada, área vista internamente como peça-chave dessa virada.
Ao atrelar hardware a modelos de IA, a Meta quer transformar interação em algo mais natural, sem distrações constantes da tela do celular.
Meta Quest 3S chega por US$ 299 e mira adoção em massa
O Quest 3S sai em versões de 128 GB e 256 GB, mantendo controle por gestos, passagem de vídeo colorida e compatibilidade com o ecossistema Quest.
A Meta posiciona o 3S como porta de entrada para quem busca realidade mista a preço mais baixo, enquanto o Quest 3 segue como opção premium.
É uma estratégia de degraus: reduzir barreiras de preço para estimular experimentação e, na sequência, fidelizar usuários em aparelhos mais avançados.
O que já dá para fazer nos óculos da Meta
Além de jogos e apps imersivos, o headset integra comunicação.
É possível enviar mensagens e fazer chamadas por aplicativos como Messenger e WhatsApp dentro do próprio Quest, com direito a compartilhar a visão em primeira pessoa durante as ligações.
A aposta é que tarefas do dia a dia, hoje feitas no smartphone, passem a ocorrer em interfaces imersivas quando fizer sentido, mantendo o usuário conectado ao ambiente físico.
Investimento pesado e visão de longo prazo
A Meta mantém aportes bilionários em realidade virtual e aumentada, mesmo diante de resultados financeiros pressionados na divisão Reality Labs.
Desde 2020, as perdas acumuladas superam US$ 60 bilhões, reflexo de um ciclo de investimento prolongado para viabilizar a próxima plataforma computacional.
Paralelamente, reportagens da imprensa especializada indicam que os gastos totais em XR (VR/AR) caminham para a casa dos US$ 100 bilhões ao longo dos anos, reforçando o compromisso estratégico.
Orion e a corrida dos óculos de realidade aumentada
Nos bastidores, a Meta desenvolve o projeto Orion, óculos de realidade aumentada com micro-LED e controle por pulseira neural baseada em sinais musculares (EMG).
A demonstração do protótipo evidenciou potencial para sobrepor gráficos no campo de visão e executar tarefas com auxílio de IA, ainda que a complexidade técnica e o custo mantenham o produto distante do varejo por ora.
Essa é a peça que Zuckerberg enxerga como sucessora natural do smartphone.
Mercado de AR/VR em trajetória de crescimento
Projeções de consultorias apontam avanço consistente do mercado de AR/VR até 2030, com receitas que variam de centenas de bilhões de dólares, a depender da metodologia.
Embora as estimativas divirjam, o consenso é de aceleração com a maturação de hardware, queda de preços e integração de IA generativa aos dispositivos.
Esse pano de fundo ajuda a explicar a pressa das big techs em ocupar o espaço antes que padrões de uso se consolidem.
Brasil segue dominado pelos smartphones
Enquanto a visão da Meta avança, a realidade brasileira mostra fôlego dos celulares.
No primeiro trimestre de 2025, o Brasil foi o único grande mercado da América Latina a crescer em vendas, com alta de cerca de 3% e 9,5 milhões de unidades embarcadas, segundo a Canalys.
A base instalada continua gigantesca e com forte presença de marcas chinesas.
Esse quadro ajuda a entender por que a substituição total do smartphone tende a ser gradual.
Novas marcas e o apetite local
A movimentação recente da Honor, que oficializou sua entrada no país com linha de dobráveis, intermediários e topos de linha, reforça a competição no varejo nacional.
Em paralelo, a Xiaomi mantém ritmo de crescimento em remessas.
Com ofertas agressivas e recursos de IA embarcada nos modelos, o ciclo de troca continua ativo, o que prolonga a vida útil do smartphone como dispositivo principal para a maioria dos consumidores.
Disponibilidade do Quest no Brasil e os entraves de adoção
No mercado brasileiro, o Quest 3S ainda não tem lançamento oficial.
O produto é encontrado principalmente por meio de importadores e varejistas que trazem unidades de fora, enquanto a Meta não inclui o Brasil entre os países atendidos por sua loja.
Esse cenário limita a adoção, somado a questões usuais do segmento, como peso, autonomia de bateria, conforto e a necessidade de convencer o público de que a experiência vale o investimento.
Passo a passo, não ruptura
Mesmo com o discurso de que as telas no bolso perderão protagonismo, a transição deve ocorrer por camadas.
Headsets e óculos inteligentes começam como acessórios complementares em nichos de entretenimento, produtividade e comunicação.
À medida que recursos de voz, gestos e IA ficarem mais confiáveis, e que óculos de AR amadureçam, o usuário passará a migrar tarefas específicas para interfaces imersivas, sem abandonar de imediato o smartphone.
À luz de tudo isso, a pergunta que fica é simples e prática: se os óculos ganharem conforto, bateria e preço mais amigáveis, você trocaria o celular como dispositivo principal por uma interface imersiva no rosto?