Investidores correm risco oculto em CDBs de bancos pequenos: FGC garante até R$ 250 mil, mas atrasos reduzem retorno prometido de 20% para só 8% ao ano
Os CDBs “milagrosos” oferecidos por bancos pequenos e médios chamam atenção de investidores pelo rendimento muito acima da média do mercado. Taxas de 18% a 20% ao ano parecem irresistíveis em comparação aos títulos de grandes instituições. No entanto, como explicou a educadora financeira Bruna do canal Ela Investe, o problema não está apenas no risco de quebra do banco — mas no tempo em que o dinheiro fica sem render até o reembolso do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Como funciona a proteção do FGC nos CDBs “milagrosos”
O FGC garante até R$ 250 mil por CPF e por instituição, com limite global de R$ 1 milhão a cada quatro anos. Isso significa que, em caso de falência de um banco, o investidor recupera o capital aplicado, mas apenas até esses valores. A cobertura se estende a CDBs, LCIs, LCAs, poupança e até depósitos em conta corrente.
Muitos acreditam que essa proteção elimina o risco, mas na prática não é bem assim. O FGC só devolve o valor aplicado, não os juros projetados até a data final do investimento. E mais: o pagamento não é imediato. O processo leva em média 57 dias, podendo chegar a 154 dias em casos extremos. Durante esse tempo, o dinheiro fica parado, sem render nada.
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O impacto dos atrasos na rentabilidade real
Esse detalhe muda completamente a conta final. Um CDB que prometia 20% ao ano pode render apenas 13,19% ao ano com um atraso médio de dois meses. Se o ressarcimento demorar cinco meses, o retorno real despenca para cerca de 8%, muito abaixo do esperado. Ou seja, o risco não está apenas na segurança do capital, mas na liquidez travada e na perda do rendimento prometido.
Esses bancos menores conseguem pagar taxas tão altas porque precisam captar dinheiro caro para financiar operações arriscadas, muitas vezes ligadas a ativos de baixa liquidez, como precatórios. Isso eleva a probabilidade de instabilidade e aumenta a chance de o investidor enfrentar justamente o cenário de espera pelo FGC.
Novas regras tentam reduzir o risco sistêmico
Diante desse quadro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou mudanças nas regras do FGC a partir de junho de 2026. Entre elas:
- Aporte maior ao FGC: bancos que captarem mais de 60% de seus recursos sob garantia do fundo terão de pagar contribuição dobrada (0,02%).
- Exigência de títulos públicos: se a captação ultrapassar dez vezes o patrimônio líquido, o excedente terá que ser aplicado em títulos do Tesouro Nacional, considerados mais seguros.
Essas medidas tentam limitar o apetite de risco das instituições menores, mas não eliminam o problema dos atrasos.
Vale a pena apostar em CDBs de bancos pequenos?
A resposta depende do perfil de cada investidor. Quem busca rendimento elevado a qualquer custo pode se sentir atraído pelos CDBs “milagrosos”, mas precisa estar ciente de que o ganho prometido pode nunca chegar de forma integral. Já quem prioriza segurança e previsibilidade deve considerar que o risco de liquidez pesa mais do que a taxa anunciada.
Em resumo: o FGC protege o capital, mas não garante a rentabilidade prometida. Por isso, é essencial avaliar se vale a pena correr esse risco em troca de alguns pontos percentuais a mais.
O caso dos CDBs “milagrosos” mostra como promessas de rendimento podem esconder armadilhas pouco faladas. O capital pode estar protegido, mas o tempo de espera até o reembolso pode reduzir drasticamente o retorno real.
E você, arriscaria investir em CDBs “milagrosos” de bancos pequenos em troca de promessas de 20% ao ano? Ou prefere aplicar em instituições maiores com menos risco de dor de cabeça? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua visão prática sobre esse dilema.
Sempre desconfiei