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CBMM inaugura a maior fábrica de ânodo à base de nióbio do mundo em Minas Gerais – Capacidade de 2 mil toneladas até 2027

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 13/11/2024 às 11:18
nióbio, Minas Gerais
Foto: Reprodução

Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração lança fábrica de ânodo de nióbio com produção de 2 mil toneladas/ano até 2027

A mobilidade elétrica vem conquistando o mercado mundial, e o Brasil não fica atrás nesse movimento, especialmente com o avanço da CBMM, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, que desponta como uma das pioneiras em inovação para baterias de veículos elétricos. Em uma iniciativa que promete transformar a indústria de armazenamento de energia, a CBMM iniciou uma nova fase de expansão com foco em óxidos de nióbio, um material que pode acelerar a transição para veículos elétricos mais eficientes e duradouros.

RENATO COBUCCI/IMPRENSA/MG

O Crescimento do setor de baterias na CBMM

Fundada na década de 1950 e controlada pela família Moreira Salles, a CBMM possui 70% do capital e conta ainda com a parceria de consórcios asiáticos. Tradicionalmente associada à produção de ligas de ferro-nióbio para a indústria siderúrgica, a CBMM, agora, volta seus esforços para o desenvolvimento de materiais inovadores para o setor de baterias.

Essa decisão reflete o crescente interesse global por soluções sustentáveis e, de acordo com Rodrigo Amado, diretor da divisão de Novos Materiais e Aplicações, projeta um faturamento de US$ 400 milhões para 2024.

Esse avanço é impressionante, considerando que há cinco anos, a presença da CBMM no mercado de baterias era praticamente inexistente. Hoje, a produção de óxidos de nióbio para baterias atingiu mil toneladas, com uma receita estimada de US$ 23 milhões apenas neste segmento.

Além das baterias, a companhia também atua em outras indústrias de alta tecnologia, como a óptica, aeroespacial e médica, somando um total de 11 mil toneladas de ferro-nióbio equivalente vendidas este ano.

Nova planta para produção de Óxido de nióbio e a tecnologia XNO

Um marco importante na estratégia da CBMM é a nova planta de produção de óxidos de nióbio em Minas Gerais, a maior do mundo em capacidade de produção de ânodos à base de nióbio, com um volume anual de 2 mil toneladas.

Em uma área de 2 mil metros quadrados, essa unidade fabril tem potencial de produção equivalente a 1 GWh de células de íons de lítio. O ânodo desenvolvido com nióbio, batizado de XNO, tem uma capacidade única de carregamento ultrarrápido e é ideal para aplicações que exigem grandes quantidades de energia, como veículos pesados e infraestrutura de data centers.

Esse material revolucionário foi desenvolvido em colaboração com a Echion Technologies, empresa inglesa na qual a CBMM tem participação acionária. O ânodo XNO, patenteado pela Echion, visa aumentar a eficiência energética e reduzir o tempo de carregamento de veículos pesados como ônibus elétricos, veículos de mineração e ferroviários, além de aplicações industriais que exigem alto desempenho.

Impacto no mercado e perspectivas para o futuro

O avanço da CBMM no setor de mobilidade elétrica ocorre em um momento em que o mercado de baterias está em rápida expansão. A empresa projeta uma demanda global de cerca de 5 terawatts de capacidade para armazenamento de energia nos próximos dez anos, em comparação com 600 gigawatts registrados no ano passado. A CBMM visa capturar uma fatia relevante desse mercado, com a meta de atingir uma capacidade de 20 mil toneladas de óxido de nióbio até 2030, o que geraria uma receita anual estimada de US$ 500 milhões, a preços atuais.

A demanda esperada para o ânodo XNO equivale a 2% da capacidade global, e a CBMM busca captar 10% desse volume até 2028. A tecnologia de ânodo de nióbio apresenta vantagens competitivas significativas, como a capacidade de suportar mais de 10 mil ciclos de carga, vida útil longa e carregamento seguro em condições extremas. A cada kWh de potência, são necessários 2 quilos de nióbio, o que representa uma quantidade substancial de material no ânodo e permite o carregamento rápido sem comprometer a segurança.

Investimentos em pesquisa e desenvolvimento

A expansão da CBMM no mercado de baterias é sustentada por um orçamento robusto de R$ 250 milhões anuais dedicados a Pesquisa e Desenvolvimento, dos quais R$ 80 milhões são destinados exclusivamente ao desenvolvimento de novas tecnologias para baterias.

Essa verba tem financiado 42 projetos em colaboração com parceiros internacionais, reforçando o compromisso da empresa com a inovação e sua visão de um futuro mais sustentável.

Para garantir a competitividade no mercado global, a CBMM investe continuamente em pesquisa, explorando possibilidades para tornar o nióbio um elemento essencial na composição de baterias de íons de lítio, especialmente voltadas para o mercado industrial e comercial.

Os benefícios incluem maior durabilidade e segurança, o que é particularmente importante em ambientes industriais e para veículos pesados, onde os custos de manutenção e os riscos associados ao desgaste são elevados.

CBMM: Uma visão sustentável e o papel do nióbio no futuro da energia

A entrada da CBMM no setor de baterias reflete uma transição estratégica da companhia, que almeja que 30% de sua receita até 2030 provenha de produtos não relacionados à siderurgia. Em 2023, a empresa registrou uma receita líquida de R$ 11,4 bilhões, impulsionada pela exportação de ferro-nióbio, cujo principal destino é a China. A nova divisão de negócios dedicada aos materiais de bateria não só diversifica as operações da CBMM, mas também contribui para a redução de emissões de carbono e para o avanço da mobilidade elétrica global.

O exemplo da CBMM demonstra como as indústrias de mineração e metalurgia podem se adaptar às demandas do século 21, oferecendo soluções para problemas globais e contribuindo para a transição energética. Ao investir em tecnologias inovadoras e ao colaborar com líderes internacionais do setor, a empresa reforça o papel do Brasil como um protagonista na era das energias renováveis.

A aposta da CBMM no mercado de baterias representa uma mudança de paradigma na indústria brasileira de mineração, provando que inovação e sustentabilidade andam de mãos dadas. A nova planta de óxidos de nióbio, junto com a tecnologia XNO, destaca o potencial do país para liderar a transformação global na mobilidade elétrica.

Com investimentos estratégicos e parcerias de peso, a CBMM não só contribui para o futuro dos veículos elétricos, mas também abre portas para o desenvolvimento de novas aplicações e tecnologias sustentáveis, tornando o nióbio um metal crucial para a economia verde do futuro.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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