Achado em Nova Orleans revela lápide romana de 1.900 anos ligada a acervo perdido na Segunda Guerra. FBI e autoridades italianas articulam repatriação.
Moradores de Nova Orleans, nos Estados Unidos, encontraram no quintal de casa uma placa de mármore com inscrição misteriosa em latim. O objeto foi identificado como a lápide de Sexto Congênio Vero, datada do século II d.C.
O artefato coincide com uma peça dada como desaparecida do Museu Arqueológico de Civitavecchia, na Itália, desde a Segunda Guerra Mundial.
O caso mobilizou arqueólogos das universidades de Tulane e Innsbruck e até a Art Crime Team do FBI, que ficou responsável pelo processo de devolução. A descoberta ocorreu em março de 2025 e, desde então, passou por análises e checagens cruzadas.
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A antropóloga Daniella Santoro e o marido Aaron Lorenz limpavam o quintal quando notaram uma tábua de pedra pesada sob a vegetação. Ao ver a escrita em latim, Santoro contatou o arqueólogo D. Ryan Gray, que acionou especialistas para traduzir e comparar a inscrição. O texto remeteu a Sexto Congênio Vero, marinheiro romano, e bateu com registros de uma lápide sumida em Civitavecchia.
Segundo o Preservation Resource Center of New Orleans (PRC), as fotos foram encaminhadas a Harald Stadler (Universidade de Innsbruck) e à professora Susann Lusnia (Tulane), que confirmaram a leitura e a provável procedência italiana.
Com a pista, a equipe entregou a pedra ao FBI para iniciar a repatriação. “Equipe tumba” foi o apelido do grupo que passou a rastrear a origem.
Lápide romana, Civitavecchia e a trilha da Segunda Guerra Mundial
Civitavecchia, porto próximo a Roma, sofreu bombardeios entre 1943 e 1944, quando seu museu perdeu parte do acervo.
Documentos do pós-guerra listaram peças extraviadas; a lápide de Sexto Congênio Vero aparece nessa relação. A hipótese mais forte é que o objeto saiu da Itália no contexto da guerra, chegando aos EUA décadas atrás.
Relatos de imprensa especializada, como Smithsonian e Live Science, reforçam a cronologia: peça do século II, inscrição em latim, matrícula de marinheiro e convergência com o catálogo do museu italiano. A repatriação segue o protocolo de cooperação internacional para bens culturais, com custódia do FBI Art Crime Team.
Neta de soldado dos EUA explica como a pedra foi parar no quintal
Em 10 de outubro de 2025, reportagem do The Guardian identificou a cadeia recente de posse, a lápide esteve com o soldado Charles Paddock Jr., que serviu na Itália na Segunda Guerra.
Segundo a neta Erin Scott O’Brien, a peça ficou exposta em casa até a morte do avô em 1986 e foi usada como ornamento de jardim depois.
Ao mudar-se em 2018, ela deixou a pedra no quintal, sem saber do valor histórico—o mesmo imóvel comprado por Santoro em 2025.
A confirmação não elimina perguntas sobre a aquisição original na década de 1940, mas aperta o cerco sobre o trajeto da obra desde o museu italiano até os EUA. Para as autoridades, o elo familiar ajuda a formalizar a repatriação com base em boa-fé e documentação.
O que diz a inscrição e por que a peça é valiosa para a arqueologia
A epigrafia indica uma estela funerária dedicada a um marinheiro romano do século II d.C., período de expansão naval no Mediterrâneo. A leitura da inscrição, feita por latinistas consultados por Tulane e Innsbruck, permitiu vincular o texto ao registro perdido de Civitavecchia.
Para a arqueologia, a peça contextualiza rotas, hierarquias e rituais funerários do Império Romano, além de servir de prova material de dispersão de acervos em conflitos.
Especialistas ouvidos por veículos como ARTnews e Jerusalem Post destacam que achados similares ajudam a fechar lacunas de catálogos e a treinar métodos de repatriação, hoje prioridade de museus e governos.
O caso também reforça o papel de moradores que, ao reportar objetos incomuns, evitam o mercado ilícito.
Você concorda com a repatriação imediata ou acha que a família americana deveria ter algum direito de guarda provisória por boa-fé? Casos assim devem priorizar a origem histórica ou a trajetória recente do objeto? Deixe seu comentário e explique como você resolveria o caso.