Um casal do Paraná viajou quase 3 mil km em um Ford Corcel 1977 até o Amazonas para entregar o carro ao irmão. A jornada de nove dias cruzou o Brasil e transformou o clássico da Ford em um símbolo de união e memória familiar
Viajar do Paraná ao Amazonas já seria, por si só, uma grande aventura. Mas Hilário Zaltron e Janete Niedermeyer decidiram tornar essa jornada ainda mais memorável: percorreram quase 3 mil quilômetros a bordo de um Ford Corcel 1977, carro que Hilário decidiu entregar pessoalmente ao irmão Vilson, morador de Humaitá, no extremo norte do país. O veículo, comprado para ser um presente à sobrinha Fernanda Zaltron, atravessou boa parte do território brasileiro em nove dias de estrada.
Uma travessia planejada com emoção e saudade
O casal partiu de Toledo (PR) e traçou um roteiro que incluiu paradas em Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Vilhena e Ariquemes (RO), aproveitando o trajeto para visitar familiares. A decisão de viajar em vez de despachar o carro por transporte rodoviário veio após descobrirem que nenhuma transportadora aceitava o desafio de cruzar o país com um veículo antigo. Assim, Hilário e Janete colocaram o Corcel na estrada, confiando na resistência mecânica de um clássico que marcou época na história da Ford no Brasil.

O modelo, equipado com motor 1.4 a gasolina de quatro cilindros em linha, entrega 75 cavalos de potência e 11,6 kgfm de torque, acoplado a uma transmissão manual de quatro marchas e tração dianteira. Esse conjunto, simples e robusto, foi um dos fatores que fizeram do Corcel um dos automóveis mais queridos do país — eleito Carro do Ano da revista Autoesporte em 1969, 1973 e 1979.
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Um clássico com alma familiar
Mesmo sem ar-condicionado — algo que só começou a se popularizar no Brasil no fim dos anos 1960 —, o casal encarou o calor e as longas horas ao volante com tranquilidade. Segundo Janete, a viagem foi serena, sem imprevistos mecânicos, e o carro se manteve firme do início ao fim. O veículo, vendido por R$ 20 mil, tem valor sentimental muito maior do que o preço pago: ele pertence à família há mais de 20 anos e já foi usado pela mãe de Hilário.
Após a morte dela, o sedã chegou a ser colocado à venda, mas Vilson insistiu que o carro permanecesse com a família. Agora, o Corcel passará a uma nova geração: será o primeiro automóvel da jovem Fernanda, neta da antiga proprietária. “Não queríamos vender o carro para estranhos. Ele carrega memórias e histórias demais”, contou Hilário em entrevista ao Metrópoles.

Um percurso que terminou com travessia de balsa
Após nove dias de estrada, o Corcel ainda enfrentou um último desafio: a travessia de balsa pelo rio Madeira, rumo a Manaus, onde mora o irmão de Hilário. Como o nível do rio estava baixo, o veículo precisou ficar hospedado por alguns dias na casa de um amigo da família, aguardando melhores condições para concluir o percurso.
Hilário e Janete retornaram a Toledo de avião, uma viagem de poucas horas — bem diferente da longa jornada sobre rodas que ficará marcada para sempre. “Foi cansativo, mas recompensador. Cada parada foi uma lembrança nova e cada quilômetro, uma história”, disse Janete à RPC Paraná.
Enquanto o Corcel inicia sua nova vida no Amazonas, Hilário já escolheu um novo clássico para chamar de seu: uma Ford Pampa, sucessora direta do modelo que o levou por quase 3 mil quilômetros de memórias e nostalgia.


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