Você já imaginou rodar por anos com um carro sem nunca precisar abastecer? Teorias envolvendo o uso de urânio como combustível apontam que isso poderia ser possível. Alguns especialistas afirmam que gramas do material radioativo renderiam mais de 180 mil quilômetros de autonomia.
Uma ideia futurista e ao mesmo tempo perigosa vem despertando a curiosidade de muitos: seria possível um carro rodar centenas de milhares de quilômetros usando apenas uma pequena quantidade de urânio como combustível?
A proposta, embora pareça saída da ficção científica, tem ganhado espaço em vídeos e reportagens que exploram o imenso poder energético do elemento radioativo.
O mais importante é entender que nenhuma montadora produz, hoje, um carro movido diretamente a urânio.
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No entanto, existem estimativas teóricas que tentam calcular o quanto esse combustível seria eficiente, caso fosse possível utilizá-lo de forma segura em um veículo pessoal.
Energia de sobra
Para começar, é preciso entender o potencial energético do urânio. Em especial o isótopo U-235, que é o mesmo usado em reatores nucleares e armamentos.
Apenas 1 grama de urânio-235 pode gerar energia suficiente para mover um carro por milhares de quilômetros. Em comparação com a gasolina, o urânio tem um poder energético milhões de vezes maior.
O físico brasileiro Pedro Loos, conhecido por seu canal no YouTube, fez uma estimativa interessante. Segundo ele, uma única pastilha de urânio enriquecido — do tamanho da ponta do dedo — seria capaz de mover um carro como o Onix por cerca de 180 mil quilômetros.
O cálculo leva em conta o consumo médio de 15 km/l e transforma a energia gerada pelo urânio em quilometragem equivalente à gasolina.
Volga Atom e a lenda soviética
Outra história que circula na internet envolve um suposto projeto soviético chamado Volga Atom. De acordo com reportagens, o veículo seria um protótipo movido a energia nuclear, que usaria 12 gramas de urânio-235 como combustível.
A autonomia estimada seria de 200 mil quilômetros com apenas essa quantidade.
Contudo, o mais provável é que o Volga Atom jamais tenha sido um carro funcional. Especialistas acreditam que ele nunca passou de uma ideia ou maquete, usada para fins de propaganda ou demonstração de ambições tecnológicas da época. Não há provas concretas de que tenha rodado de fato.
Mesmo assim, a lenda sobrevive e reforça a curiosidade pública sobre o uso de energia nuclear em automóveis.
Ford Nucleon: o conceito americano
Nos anos 1950, a montadora americana Ford apresentou um projeto chamado Ford Nucleon. O veículo foi projetado para usar um mini-reator nuclear na traseira, substituindo completamente o motor a combustão.
A proposta era que o carro tivesse autonomia para rodar até 8 mil quilômetros por reator. Quando o combustível acabasse, o condutor trocaria o reator usado por outro novo, em estações especializadas.
O projeto, no entanto, ficou apenas no papel. A Ford chegou a construir uma maquete em tamanho real, mas nunca desenvolveu o sistema de propulsão.
A dificuldade técnica de miniaturizar reatores nucleares seguros, além do risco para os ocupantes e o meio ambiente, travou a ideia.
Por que ainda não existe?
A resposta é simples: segurança. O urânio, apesar de altamente eficiente, é um material radioativo.
Para usá-lo em um carro, seria necessário envolver o reator em uma blindagem extremamente pesada, como acontece com submarinos nucleares ou usinas. Isso tornaria o veículo inviável para uso cotidiano.
Além disso, qualquer acidente de trânsito envolvendo um carro nuclear poderia causar um vazamento radioativo catastrófico. Esse risco torna a proposta impraticável, mesmo com todo o avanço tecnológico dos últimos anos.
Outro ponto importante é o descarte do combustível. O urânio, ao final de seu ciclo, continua sendo altamente perigoso e exige cuidados específicos de armazenamento. Um problema que o mundo ainda enfrenta com o lixo nuclear de usinas.
O que dizem os especialistas?
De tempos em tempos, cientistas e divulgadores voltam a tocar no assunto.
Eles explicam que a densidade energética do urânio realmente é impressionante. Para efeito de comparação, 1 kg de urânio-235 pode liberar tanta energia quanto 1,5 milhão de quilos de carvão.
Ou seja, em teoria, uma quantidade mínima de urânio poderia manter um carro em movimento por anos, sem a necessidade de abastecer. Mas essa energia só pode ser aproveitada por meio de reações nucleares controladas, que exigem estruturas muito complexas, pesadas e seguras.
É por isso que a ideia de um carro pessoal movido a urânio continua sendo apenas um exercício de imaginação.
Curiosidade popular e vídeos virais
Apesar dos riscos e limitações, o tema segue ganhando espaço nas redes sociais. Vídeos explicativos e teorias curiosas se espalham rapidamente.
Em geral, eles usam linguagem simples e analogias fáceis para explicar conceitos complexos, como a fissão nuclear e o funcionamento de um reator.
Muitos desses conteúdos não têm o objetivo de propor soluções reais, mas sim de despertar o interesse do público pela ciência. E nesse ponto, conseguem cumprir bem sua função.
Além disso, servem para comparar o avanço da energia nuclear com as limitações dos combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel. E reforçam a ideia de que a tecnologia nuclear, apesar de perigosa, continua sendo uma das mais poderosas já desenvolvidas.
Portanto, embora a ideia de um carro movido a urânio seja fascinante, ela permanece distante da realidade. As dificuldades técnicas, os altos riscos à saúde e ao meio ambiente e os desafios do descarte nuclear tornam o projeto inviável com a tecnologia atual.
Mesmo assim, as estimativas feitas por especialistas e entusiastas continuam a alimentar a imaginação popular. Afinal, a possibilidade de rodar mais de 180 mil quilômetros com uma pastilha do tamanho de um dedo é, no mínimo, impressionante — mesmo que só no papel.
Se no futuro a ciência encontrar formas seguras de miniaturizar e blindar reatores, talvez essa ideia deixe de ser apenas teoria. Mas, por enquanto, ela continua sendo um dos sonhos mais arriscados do mundo automotivo.