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Do churrasco ao hambúrguer: carne brasileira divide pecuaristas e importadores nos EUA em briga bilionária

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 19/09/2025 às 09:00
Cortes de carne bovina empilhados em frigorífico americano durante disputa comercial entre Brasil e Estados Unidos
Cortes de carne em frigorífico simbolizam a tensão entre pecuaristas dos EUA e exportadores brasileiros
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Produtores americanos defendem suspensão total das compras, enquanto importadores alertam para risco no abastecimento de hambúrgueres

Uma nova tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhou força em agosto de 2024. Isso porque o aumento das tarifas de importação da carne bovina brasileira elevou a cobrança de 26,4% para 76,4%. A medida foi aplicada após a inclusão de uma taxa adicional de 50 pontos percentuais pelo governo americano.

Associação pressiona por medidas mais duras

A National Cattlemen’s Beef Association (NCBA), que representa os pecuaristas dos EUA, considera que as tarifas ainda são insuficientes para conter o fluxo de carne do Brasil. Kent Bacus, diretor da entidade, enviou em 3 de setembro de 2024 uma carta ao United States Trade Representative (USTR), ligado à Casa Branca. Nela, ele reforçou que apenas a suspensão total das compras poderia ser eficaz.

Além disso, Bacus argumentou que o câmbio favorável ao Brasil e os menores custos de produção permitem que o país absorva as tarifas e continue exportando. Portanto, mesmo com os impostos mais altos, a carne brasileira se mantém competitiva. Ele destacou ainda que as novas taxas acabam desestimulando importações de parceiros tradicionais, como Irlanda, Reino Unido e Japão.

Debate sanitário e confiança do consumidor

Para Bacus, entretanto, as tarifas não resolvem as preocupações sanitárias. A NCBA acusa o Brasil de não cumprir padrões internacionais de segurança alimentar e saúde animal. Além disso, a entidade afirma que o Brasil dificulta o acesso da carne americana ao mercado brasileiro.

Por essa razão, ele declarou que o receio não é perder mercado para o Brasil. Na realidade, a preocupação está na possibilidade de que falhas em controles sanitários comprometam a confiança dos consumidores americanos na carne bovina.

Assim, na audiência do USTR marcada para 3 de setembro de 2024, a NCBA pediu oficialmente a suspensão das compras brasileiras até que as equivalências sanitárias sejam comprovadas.

Exportações brasileiras em risco

No Brasil, entretanto, a reação foi imediata. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) estima que a medida pode provocar perdas bilionárias. Segundo Roberto Perosa, presidente da entidade, em entrevista à revista Exame em agosto de 2024, a tarifa torna inviável a exportação. Ele calculou que o prejuízo pode chegar a US$ 1 bilhão por ano.

Desse modo, mesmo com vantagens de custo, a competitividade brasileira acaba sendo ameaçada por barreiras comerciais cada vez mais rígidas. Além disso, os impactos atingem não apenas os exportadores, mas também a cadeia produtiva nacional.

Carne para hambúrguer depende do Brasil

Nem todos os setores americanos, entretanto, apoiam as restrições. O Meat Import Council of America (Mica), que representa importadores, defendeu em carta enviada em agosto de 2024 a importância da carne brasileira para o mercado interno.

Michael Skahill, diretor da Mica, afirmou que os EUA têm déficit estrutural na produção de aparas bovinas magras (lean beef trim). Esse insumo é essencial para a produção de carne moída e hambúrgueres. Como o rebanho americano é voltado para cortes nobres, não há oferta suficiente.

Portanto, sem o fornecimento brasileiro, a indústria americana teria dificuldades em atender à demanda interna.

Consumo de hambúrguer em risco

A Mica lembrou que as aparas brasileiras são fundamentais para misturar com a produção local, rica em gordura. Essa combinação garante a oferta de carne moída em quantidade adequada. Segundo a entidade, os Estados Unidos consomem cerca de 50 bilhões de hambúrgueres por ano.

Assim, restrições às importações brasileiras colocariam em risco o abastecimento nacional. Além disso, o conselho alertou que uma eventual suspensão resultaria em preços mais altos. Essa situação prejudicaria consumidores, pressionaria a indústria de alimentação e poderia afetar milhares de empregos.

Portanto, a disputa comercial expõe interesses divergentes: de um lado, os pecuaristas americanos defendem a suspensão total das compras do Brasil. Eles alegam concorrência desleal e falhas sanitárias. De outro lado, os importadores pedem a manutenção das importações para garantir o abastecimento e controlar os preços da carne moída e dos hambúrgueres.

Agora, diante dessa disputa, a decisão final do governo americano será crucial para definir os próximos passos. O que você acha que deve prevalecer: a proteção aos pecuaristas americanos ou a garantia do fornecimento de carne acessível aos consumidores?

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Caio Aviz

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