O setor de carne bovina brasileiro atravessa uma reviravolta em 2025. O chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, que elevou em até 76,4% as tarifas sobre a proteína, inicialmente parecia uma ameaça às exportações nacionais.
No entanto, o movimento acabou abrindo espaço para uma rápida diversificação dos destinos, e países como Indonésia, México e mercados do Caribe estão assumindo protagonismo no mapa global de compradores.
Em agosto, os números da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) confirmaram esse realinhamento: enquanto os embarques para os EUA despencaram, Indonésia e México aceleraram as compras e consolidaram-se como novas rotas estratégicas para os frigoríficos brasileiros.
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Indonésia: recorde histórico e novos frigoríficos liberados
A Indonésia desponta como um dos destinos mais promissores em 2025. O país asiático liberou, só em agosto, mais 17 frigoríficos brasileiros, elevando o total para 38 unidades aptas a embarcar carne bovina para o arquipélago.
Isso representa um aumento de 80% na capacidade exportadora em relação ao início do ano.
O impacto já aparece nas estatísticas: de janeiro a julho, o Brasil exportou 12,7 mil toneladas, somando US$ 60,1 milhões. O montante supera todo o resultado de 2024, quando foram embarcadas 11,4 mil toneladas (US$ 53,1 milhões).
O acordo também inclui cortes com osso, miúdos e produtos preparados, ampliando o escopo de vendas e diversificando a pauta de exportação.
México ultrapassa os Estados Unidos e vira segundo maior cliente
O movimento mais simbólico do mês veio da América do Norte. Pela primeira vez na história, o México ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o segundo maior comprador da carne bovina brasileira, atrás apenas da China.
Até 25 de agosto, o México já havia importado 10,2 mil toneladas, totalizando US$ 58,8 milhões, contra 7,8 mil toneladas (US$ 43,6 milhões) enviadas aos EUA no mesmo período.
No acumulado de janeiro a julho, as exportações ao México somaram 67,6 mil toneladas, movimentando US$ 365 milhões — quase o triplo em relação ao mesmo período de 2024.
Esse salto está diretamente ligado às sobretaxas americanas, que levaram importadores a buscar alternativas com custos mais competitivos.
Além do impacto imediato, o desempenho mexicano cria espaço para novas negociações comerciais e amplia o peso político do Brasil no mercado norte-americano.
Caribe e outros mercados emergentes
Enquanto Indonésia e México roubam a cena, os embarques ao Caribe também chamaram atenção em agosto, com destaque para São Vicente e Granadinas, que aparece como novo destino.
Embora em volumes menores, esses embarques mostram que frigoríficos brasileiros estão buscando diversificação em nichos de mercado e consolidando a presença em países que antes tinham pouca expressão comercial.
Esse movimento reforça a capacidade de reação do setor brasileiro, que diante das tarifas norte-americanas conseguiu rapidamente reposicionar sua carne bovina em diferentes continentes, ampliando as margens de negociação e reduzindo a dependência de mercados tradicionais.