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Cândido Godói, a “Cidade dos Gêmeos”: o mistério genético que intriga cientistas no interior do RS

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 01/07/2025 às 18:00
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Cidade do interior do Rio Grande do Sul registra a maior taxa de nascimento de gêmeos do Brasil e desperta o interesse de pesquisadores, turistas e curiosos por sua peculiaridade genética e tradição cultural.

No interior do Rio Grande do Sul, o município de Cândido Godói se destaca no cenário científico nacional e internacional por apresentar a maior taxa de nascimento de gêmeos do Brasil, chegando a ser até cinco vezes superior à média nacional.

A peculiaridade atrai há décadas pesquisadores, geneticistas e curiosos, e a cidade consolidou sua fama como “Cidade dos Gêmeos” devido a esse fenômeno raro, rigorosamente documentado em artigos científicos e fontes oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o INAGEMP (Instituto Nacional de Análise Genética e Molecular Populacional).

O foco principal dos estudos recai sobre o distrito de Linha São Pedro, onde, segundo levantamentos genéticos publicados desde 2008 e atualizados até 2019, quase 10% dos nascimentos correspondem a gêmeos.

Esse índice representa um patamar excepcional quando comparado ao restante do país, onde a taxa nacional de gemelaridade gira em torno de 1,8%.

A proporção fora do comum coloca o município gaúcho no centro das pesquisas sobre genética populacional e herança biológica no Brasil.

Por que Cândido Godói tem tantos gêmeos

De acordo com especialistas, o fenômeno observado em Cândido Godói tem explicação na ciência: trata-se do chamado efeito fundador.

Esse conceito se refere a uma situação em que uma população pequena, isolada geograficamente, preserva e transmite determinadas características genéticas ao longo de gerações.

No caso da cidade, a forte presença de descendentes de imigrantes alemães, que chegaram à região no final do século XIX, foi determinante.

Casamentos entre pessoas da mesma comunidade, além da manutenção de costumes e hábitos culturais, favoreceram a disseminação de genes que aumentam a probabilidade de nascimento de gêmeos.

Pesquisadores do INAGEMP e de diversas universidades brasileiras investigam a “Cidade dos Gêmeos” há mais de duas décadas.

As pesquisas envolveram análise de DNA, coleta de dados genealógicos e entrevistas com moradores.

O resultado confirmou a presença de uma mutação genética associada à ovulação dupla, especialmente em linhagens maternas.

Conforme os cientistas, a mutação provavelmente foi trazida por alguns dos primeiros colonizadores e, devido ao isolamento, tornou-se frequente entre os habitantes.

Mitos e teorias: o que já foi descartado pela ciência

Por muitos anos, circularam versões fantasiosas sobre experimentos realizados durante o período do nazismo, especialmente ligando a figura de Josef Mengele, médico nazista que esteve no Brasil, à alta taxa de gêmeos.

Entretanto, após análises rigorosas e revisão de registros históricos, pesquisadores brasileiros e estrangeiros descartaram completamente essa hipótese.

Segundo levantamentos científicos, não há evidências de manipulação genética artificial na região.

Toda a explicação para o fenômeno reside na história da imigração, no isolamento geográfico e nos fatores genéticos herdados, conforme apontam os estudos de referência internacional publicados até junho de 2025.

Como a cidade lida com a fama de “Cidade dos Gêmeos”

Longe de encarar a alta incidência de gêmeos como um mistério ou motivo de preocupação, Cândido Godói abraçou a própria singularidade e transformou-a em identidade cultural.

A cada dois anos, a prefeitura e a comunidade promovem a tradicional Festa dos Gêmeos, um evento que reúne centenas de pares de irmãos, moradores, turistas e estudiosos.

A última edição do evento, realizada em 2024, contou com a participação de mais de 100 duplas de gêmeos, consolidando-se como uma das principais celebrações do calendário local.

A programação da festa mistura elementos das tradições germânicas com atividades típicas da cultura gaúcha, como desfiles, concursos, apresentações folclóricas e encontros familiares.

Além de fortalecer os laços da comunidade, o evento se tornou também um atrativo turístico importante para a economia local, estimulando a visita de pesquisadores, jornalistas e visitantes de todo o país.

O turismo de experiência, aliado à curiosidade científica, fez crescer o interesse por Cândido Godói, atraindo inclusive a atenção de universidades e institutos de pesquisa do exterior.

O que dizem os dados oficiais sobre a gemelaridade na cidade

Dados do IBGE e das pesquisas do INAGEMP atestam a singularidade da incidência de gêmeos em Cândido Godói.

Segundo levantamento divulgado em 2019, a cada 10 crianças nascidas no distrito de Linha São Pedro, uma delas faz parte de um par de gêmeos.

Em números absolutos, estima-se que, em uma população de cerca de 6.500 habitantes, o município possua mais de 70 pares de gêmeos registrados apenas entre os moradores locais.

A partir desses dados, a “Cidade dos Gêmeos” tornou-se referência internacional no estudo da genética da gemelaridade.

Além do interesse científico, a presença marcante de gêmeos influenciou a educação, o cotidiano escolar e a vida social dos moradores.

Escolas e centros de saúde adaptaram práticas para identificar corretamente irmãos idênticos, enquanto a imprensa internacional destacou o fenômeno em documentários e reportagens desde a década de 2000.

Outros fatores que contribuem para a alta taxa de gêmeos

Além do componente genético, outros aspectos históricos e sociais colaboram para a manutenção do fenômeno.

Entre eles, destaca-se a baixa mobilidade populacional: por décadas, poucas famílias se mudaram ou deixaram a cidade, o que contribuiu para preservar o gene responsável pela gemelaridade.

Estudos apontam que a maioria dos casamentos ainda ocorre entre descendentes dos primeiros colonizadores, reforçando o chamado efeito fundador.

Atualmente, equipes multidisciplinares continuam investigando o caso, incluindo biólogos, antropólogos, sociólogos e médicos.

A perspectiva é ampliar o conhecimento sobre a transmissão genética e as consequências do isolamento populacional, o que pode beneficiar pesquisas em outras regiões do mundo com fenômenos semelhantes.

Curiosidades e impacto no cotidiano da Cidade dos Gêmeos

Cândido Godói ganhou notoriedade não apenas pelos dados científicos, mas também pelas histórias de vida e peculiaridades do dia a dia.

Diversos estabelecimentos locais celebram o fenômeno, utilizando a imagem dos gêmeos como marca registrada em escolas, comércios e eventos esportivos.

A imprensa internacional, como a BBC e a National Geographic, já dedicou reportagens ao município, destacando a hospitalidade dos moradores e o orgulho local em ser parte desse capítulo único da ciência.

Diante de tanta repercussão, surge uma pergunta: até que ponto a genética, a história e o isolamento podem transformar a identidade de uma cidade inteira? E você, teria curiosidade de conhecer pessoalmente a rotina dos gêmeos de Cândido Godói?

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01/07/2025 18:15

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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