Cidade do interior do Rio Grande do Sul registra a maior taxa de nascimento de gêmeos do Brasil e desperta o interesse de pesquisadores, turistas e curiosos por sua peculiaridade genética e tradição cultural.
No interior do Rio Grande do Sul, o município de Cândido Godói se destaca no cenário científico nacional e internacional por apresentar a maior taxa de nascimento de gêmeos do Brasil, chegando a ser até cinco vezes superior à média nacional.
A peculiaridade atrai há décadas pesquisadores, geneticistas e curiosos, e a cidade consolidou sua fama como “Cidade dos Gêmeos” devido a esse fenômeno raro, rigorosamente documentado em artigos científicos e fontes oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o INAGEMP (Instituto Nacional de Análise Genética e Molecular Populacional).
O foco principal dos estudos recai sobre o distrito de Linha São Pedro, onde, segundo levantamentos genéticos publicados desde 2008 e atualizados até 2019, quase 10% dos nascimentos correspondem a gêmeos.
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Esse índice representa um patamar excepcional quando comparado ao restante do país, onde a taxa nacional de gemelaridade gira em torno de 1,8%.
A proporção fora do comum coloca o município gaúcho no centro das pesquisas sobre genética populacional e herança biológica no Brasil.
Por que Cândido Godói tem tantos gêmeos
De acordo com especialistas, o fenômeno observado em Cândido Godói tem explicação na ciência: trata-se do chamado efeito fundador.
Esse conceito se refere a uma situação em que uma população pequena, isolada geograficamente, preserva e transmite determinadas características genéticas ao longo de gerações.
No caso da cidade, a forte presença de descendentes de imigrantes alemães, que chegaram à região no final do século XIX, foi determinante.
Casamentos entre pessoas da mesma comunidade, além da manutenção de costumes e hábitos culturais, favoreceram a disseminação de genes que aumentam a probabilidade de nascimento de gêmeos.
Pesquisadores do INAGEMP e de diversas universidades brasileiras investigam a “Cidade dos Gêmeos” há mais de duas décadas.
As pesquisas envolveram análise de DNA, coleta de dados genealógicos e entrevistas com moradores.
O resultado confirmou a presença de uma mutação genética associada à ovulação dupla, especialmente em linhagens maternas.
Conforme os cientistas, a mutação provavelmente foi trazida por alguns dos primeiros colonizadores e, devido ao isolamento, tornou-se frequente entre os habitantes.
Mitos e teorias: o que já foi descartado pela ciência
Por muitos anos, circularam versões fantasiosas sobre experimentos realizados durante o período do nazismo, especialmente ligando a figura de Josef Mengele, médico nazista que esteve no Brasil, à alta taxa de gêmeos.
Entretanto, após análises rigorosas e revisão de registros históricos, pesquisadores brasileiros e estrangeiros descartaram completamente essa hipótese.
Segundo levantamentos científicos, não há evidências de manipulação genética artificial na região.
Toda a explicação para o fenômeno reside na história da imigração, no isolamento geográfico e nos fatores genéticos herdados, conforme apontam os estudos de referência internacional publicados até junho de 2025.
Como a cidade lida com a fama de “Cidade dos Gêmeos”
Longe de encarar a alta incidência de gêmeos como um mistério ou motivo de preocupação, Cândido Godói abraçou a própria singularidade e transformou-a em identidade cultural.
A cada dois anos, a prefeitura e a comunidade promovem a tradicional Festa dos Gêmeos, um evento que reúne centenas de pares de irmãos, moradores, turistas e estudiosos.
A última edição do evento, realizada em 2024, contou com a participação de mais de 100 duplas de gêmeos, consolidando-se como uma das principais celebrações do calendário local.
A programação da festa mistura elementos das tradições germânicas com atividades típicas da cultura gaúcha, como desfiles, concursos, apresentações folclóricas e encontros familiares.
Além de fortalecer os laços da comunidade, o evento se tornou também um atrativo turístico importante para a economia local, estimulando a visita de pesquisadores, jornalistas e visitantes de todo o país.
O turismo de experiência, aliado à curiosidade científica, fez crescer o interesse por Cândido Godói, atraindo inclusive a atenção de universidades e institutos de pesquisa do exterior.
O que dizem os dados oficiais sobre a gemelaridade na cidade
Dados do IBGE e das pesquisas do INAGEMP atestam a singularidade da incidência de gêmeos em Cândido Godói.
Segundo levantamento divulgado em 2019, a cada 10 crianças nascidas no distrito de Linha São Pedro, uma delas faz parte de um par de gêmeos.
Em números absolutos, estima-se que, em uma população de cerca de 6.500 habitantes, o município possua mais de 70 pares de gêmeos registrados apenas entre os moradores locais.
A partir desses dados, a “Cidade dos Gêmeos” tornou-se referência internacional no estudo da genética da gemelaridade.
Além do interesse científico, a presença marcante de gêmeos influenciou a educação, o cotidiano escolar e a vida social dos moradores.
Escolas e centros de saúde adaptaram práticas para identificar corretamente irmãos idênticos, enquanto a imprensa internacional destacou o fenômeno em documentários e reportagens desde a década de 2000.
Outros fatores que contribuem para a alta taxa de gêmeos
Além do componente genético, outros aspectos históricos e sociais colaboram para a manutenção do fenômeno.
Entre eles, destaca-se a baixa mobilidade populacional: por décadas, poucas famílias se mudaram ou deixaram a cidade, o que contribuiu para preservar o gene responsável pela gemelaridade.
Estudos apontam que a maioria dos casamentos ainda ocorre entre descendentes dos primeiros colonizadores, reforçando o chamado efeito fundador.
Atualmente, equipes multidisciplinares continuam investigando o caso, incluindo biólogos, antropólogos, sociólogos e médicos.
A perspectiva é ampliar o conhecimento sobre a transmissão genética e as consequências do isolamento populacional, o que pode beneficiar pesquisas em outras regiões do mundo com fenômenos semelhantes.
Curiosidades e impacto no cotidiano da Cidade dos Gêmeos
Cândido Godói ganhou notoriedade não apenas pelos dados científicos, mas também pelas histórias de vida e peculiaridades do dia a dia.
Diversos estabelecimentos locais celebram o fenômeno, utilizando a imagem dos gêmeos como marca registrada em escolas, comércios e eventos esportivos.
A imprensa internacional, como a BBC e a National Geographic, já dedicou reportagens ao município, destacando a hospitalidade dos moradores e o orgulho local em ser parte desse capítulo único da ciência.
Diante de tanta repercussão, surge uma pergunta: até que ponto a genética, a história e o isolamento podem transformar a identidade de uma cidade inteira? E você, teria curiosidade de conhecer pessoalmente a rotina dos gêmeos de Cândido Godói?
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